Capítulo 4

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Retornando ao incidente na escola.

Cíntia saiu da diretoria abalada com todas as divergências que ouviu da diretora.

O pior, era a mulher ter razão.

Matheus não tinha um bom convívio com os colegas de classe e, não falava com os professores. Era delicado mantê-lo na escola, por mais que o pai bancasse um valor maior que o habitual.

- Venha, vamos, meu amor – Cintia apanhou a mão de Matheus, fazendo-o se levantar do banco de ferro que ficava no corredor da diretoria. – Vou te levar para a minha casa e depois seu pai vai pega-lo lá, está bem?

Matheus assentiu com a cabeça. 

- Ele quebrou o nariz do menino?! – Elias, o marido de Cintia, balbuciava aturdido com a notícia.

Ele e a mulher conversavam na sala de estar da casa que viviam enquanto seu único filho, Gabriel, de quatro anos de idade, brincava com o Matheus no quarto de brinquedos que montaram aos fundos da garagem de carros.

- Sim. Mas o provocaram! – Cíntia debateu.

- Que loucura! – Elias estava desacreditado – E onde ele está?

- Na brinquedoteca com o Gabriel.

- O quê?! Você é louca de deixar ele sozinho com o nosso filho?! – Elias correu para a garagem.

- Calma, Elias. Ele é um bom menino! – Cíntia vinha logo atrás, freando os passos do marido antes que ele arreganhasse a porta que os separava da salinha de brinquedos. – Espere um minuto. Não o deixe perceber a sua preocupação. Ele é um menino sensível, não precisa ser mais rejeitado do que já foi.

De repente, ouviram um resmungo partir de dentro da sala.

Lembrava a voz infantil de Gabriel.

- Ele deve estar machucando o nosso filho! Saía da minha frente, Cintia!

- Espere. Vamos com calma – ela deu as costas ao marido e foi abrindo a porta tão devagar que nem Gabriel ou Matheus puderam perceber a intromissão dos dois adultos.

Dentro da sala, Gabriel resmungava apontando um de seus bonequinhos de guerra, que carregava na mão pequenina, na cara de Matheus,

- Saí! – chiava com a voz manhosa.

Cintia e Elias puderam ver Matheus respirar fundo e continuar sentado no banquinho azul de madeira que havia entre os brinquedos espalhados ao chão.

Na sequência, Gabriel atravessou apressado na frente do outro e enfiou o tal bonequinho no buraco de uma tomada elétrica da parede.

Matheus imediatamente o puxou pela gola da blusa, fazendo um sinal de não com a cabeça.

- Saí!!! – Gabriel berrou e atirou o boneco no amigo.

O brinquedo bateu no ombro de Matheus e voou para o outro lado da sala.

Gabriel fez uma careta de choro, cruzando os braços emburrado.

Matheus abruptamente levantou, assustando Elias.

O pai de Gabriel se preparava para entrar na sala quando a mulher o impediu: - Olhe. Preste atenção.

Ela apontava os olhos na direção de Matheus.

O menino andou até onde o boneco estava jogado e o pegou, levanto de volta para Gabriel.

Gabriel soltou um sorriso e correu para perto da tomada elétrica novamente.

Matheus o puxou pela camiseta.

A cena se repetiu umas três vezes, até Gabriel se jogar no chão, fazendo manha.

Matheus sacudia a cabeça, reprovando a ação do amigo.

- Cara, você precisa crescer logo – Matheus sussurrou enquanto o afastava da tomada mais uma vez.

Os olhos de Cintia marejaram de emoção ao ouvir a voz de Matheus.

Ela deixou escapar um sorriso afetuoso.

Sabia que Matheus não era o que descreviam dele. Havia mais amor e bondade naquele coração do que podia caber. 

Talvez os adultos que o cercavam, cheios de opiniões e julgamentos, fossem o problema. 

Cíntia recostou a porta e seguiu com o marido para a sala de estar, deixando os dois meninos brincarem em paz.


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Galeraaaaaaa, não esqueçam de comentar!

Logo logo eu posto mais um capítulo desse livro do Matheus.

Agora vai ficar mais legal pois vou entrar na fase adolescente dele hihi.

 Beeeijos, Gi. 


Perigosa Amizade - MatheusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora