Emoções - Capítulo 8

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"Nada mais importa
E o resto tanto faz"
(Priscilla Alcântara)

Caleb

— Ufa! — Respiro fundo para ver se ajuda a espantar o cansaço que me possui. Encostado em uma bancada, com as mãos brancas, cheias de farinha de trigo, fico com meus pensamentos voltados para ela, o meu "amor" desconhecido.

Não passou pela minha mente que a dona da galeria era aquela mulher. Desde a última vez que a vi, percebo que ela mudou um pouco o seu estilo de se vestir. Se tornou ainda mais bonita do que já era. Em pensar que naquele dia, no hospital, ela me disse que éramos namorados. Sorrio com isso.

Ainda envolto em meus pensamentos, ouço alguém me chamar.

— Senhor! Senhor Caleb! — Veio Melody, uma das garçonetes.

— Ah, oi, oi, sim, diga! — Bato uma mão na outra para tirar mais pó de entre os dedos.

— Houve um probleminha com o pedido na mesa 2 e elas estão reclamando bastante — profere.

— Tudo bem. Vou ver o que aconteceu.

Quando penso que algo pode melhorar acontece exatamente o contrário. Lavo as minhas mãos num lavabo e vou até onde os clientes que reclamaram estão. Assim que me acerco do pátio do restaurante, suspiro profundamente e vou até a mesa, claro, mantendo a seriedade.

— Com licença, sou o dono do estabelecimento. Eu não sei o que houve, mas estou aqui para resolver o problema; então pode dizer-me o ocorrido?

— Ah, mas é claro! Fizemos dois pedidos de Strogonoff de frango e nos trouxeram lasanha e, ainda por cima, disseram-nos que acabou o aperitivo e que não seria possível fazer outro tão rapidamente. Tem cabimento isto? Que porcaria de restaurante é esse que não tem nem como fazer novamente o prato que está no cardápio de refeições sortidas? Vai ficar de enfeite por hoje? — brada a mulher, levando a todos em volta nos mirar.

— Senhora, iremos resolver o seu problema... Eu creio que isso aconteceu devido a quantidades de pedidos que se estendeu, mas temos colocado mais frango para serem cozidos e devidamente preparados há poucos instantes.

— Por favor, apresse-se — retruca, balançando uma das pernas rapidamente, revelando assim o seu nervosismo.

— Iremos já, já, fazer isto. Agora, por favor, acalme-se, acomode-se e espere o seu Strogonoff ou aproveite a lasanha, que aliás está com um ótimo sabor também. Mas saiba que aqui nunca houve falha alguma; creio que a garçonete não soube explicá-la, então houve esse pequeno impasse. Porém, exigimos o respeito adequado com todos os que estão presentes aqui no meu restaurante e que a senhora procure educar seu tom de voz; pois se a senhora está tentando chamar a atenção de todos que faça numa praça pública, mas não aqui. Haja com educação e com educação será recebida.

Ela se assenta com raiva e muita vergonha, afinal todos fixaram seus olhares, comentando acerca da maneira como ela se expressou no ambiente, deixando a sua acompanhante envergonhada também, pois sua face ruborizada a denunciou.

— Haja pepinos para ter que resolver — murmuro.

Avisto Melody, apertando uma mão na outra, e a chamo em um canto.

— Melody, minha querida, lembre-se de saber se comunicar de forma adequada para com o cliente, para que não haja mal entendido. Se tiveres qualquer dúvida, pergunte a seus colegas ou a mim; tire primeiro a sua dúvida, estamos entendidos?

— Perdoe-me, senhor Caleb. — Miro o seu semblante preocupado e sinto dó. Não irei demiti-la por apenas isso.

— Okay! Só não se esqueça. Vou deixar passar desta vez por você ser novata aqui. Mas, não queira perder pontos comigo.

COMO O OUTONO, COMO A PRIMAVERAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora