Capítulo 48 - 5 de agosto (Sofia)

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5 de agosto de 2016

OH MEU DIÁRIO!

Tu nem sabes o que aconteceu. Não te passa pela cabeça sequer...

Tipo... como hei de começar a escrever?

Então é assim, estava eu a preparar-me, com toda a antecedência, para chegar à hora combinada e ser só sair de casa, quando a campainha toca. Ok.! Nem stressei, porque pensava que pudesse ser a Tânia, a nossa vizinha do lado, a pedir novamente para ir buscar a bola de futebol que o irmão tinha, sem querer, atirado para o nosso lado.

Mas não!

- Filha... está aqui o teu rapaz! – berrou a minha mãe.

- O QUÊ? – berrei em sintonia, espetando acidentalmente o rímel dentro do olho. – MERDA!!!

- O quê filha?

- NADA, MÃE! NADA! – respondi, furibunda com o que via diante do espelho.

Mas... o meu rapaz? O que raio lhe tinha passado pela cabeça para dizer aquilo... e, ainda por cima, à frente dele?

Apressei-me com a maquilhagem, fui novamente à casa de banho e agarrei na mala.

Nunca tinha descido aquelas escadas com tanta velocidade. Nem sei como não tropecei. Ou melhor, sei... era o pensamento, o pensamento de que ele estava ali. Tinha vindo mais cedo. Tinha querido entrar dentro da minha casa e esperar, cá dentro, por mim. E era esse pensamento que me toldava tudo o resto. E só queria uma coisa: saber o porquê!

- Vieste mais cedo? – retorqui, tentando controlar o nervosismo. O de não estar a compreender por completo o seu comportamento.

- Sim... havia problema? – respondeu, visivelmente entristecido.

- Nenhum, Pedro!

A minha mãe voltara a aparecer, alternando o seu olhar sorridente ora para mim, ora para o Pedro. Estava claramente encantada com o que estava a acontecer. E eu a pensar "Ainda bem que o meu pai..." quando o oiço:

- Então vamos lá conhecer o rapaz que te tem tirado tantas vezes de casa.... Ora muito gosto, muito gosto... Pedro, julgo eu, não é?

- Sim, sim senhor!

Pedro, rapidamente, se apressou a cumprimentar o meu pai com um aperto de mão firme. Os seus olhares fixavam-se, demoradamente, como se estivessem a falar num tipo de língua que só os homens pudessem compreender. Ou melhor, uma mensagem que só um pai de uma filha poderia passar ao seu suposto "namorado".

Meu Deus! Namorado... Não me posso habituar ao som desta palavra. Ou posso??

Voltei a prestar atenção ao que acontecia à minha frente e nem conseguia acreditar como um simples convite, para ir comer um gelado, se tinha tornando quase numa reunião familiar.

Claramente que não estava habituada a isto. A esta "atenção". Lembro-me como fora com Ana... Apesar da minha idade, na altura, e da minha atenção não ser das melhores, tenho vagas memórias das conversas ao jantar. E agora, era como se ela, de alguma maneira, voltasse a casa. E isso era visível nos rostos dos meus pais. Pais que se tinham como que esquecido do que era ter uma jovem mulher em casa. Não consigo imaginar sequer naquilo que deveriam estar a pensar, mas, uma coisa era certa, conhecendo-os, tenho a certeza que, apenas se estavam a querer assegurar que a sua única filha fosse feliz. E, por isso, confesso, estava grata.

Pedro perscrutava-me, esperançoso. E não era só ele. Tanto o meu pai como a minha mãe me olhavam atentamente.

- Desculpem, não ouvi... - confessei, dando a desculpa mais velha do mundo.

P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora