Capítulo 25 - 22 de julho (Sofia)

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22 de julho de 2016

Olá Diário,

Estou cansada! Terrivelmente cansada. Deves pensar que andei a fazer a maratona, mas quase. Foi mesmo a meia maratona de ontem que me matou. Mas sabes uma coisa? Estava a precisar!

Estava a precisar de correr sem rumo.

De confiar nos meus pés e correr por onde eles me levassem...

Ao escrever isto, não consigo parar de pensar na ironia que é a minha escolha de palavras. E sabes porquê? Porque os meus pés me levaram à vida do Carlos.

Certo! Não estou a ser completamente justa comigo mesma. Nem contigo, para te ser franca. Não esbarrei com o Carlos. Nem o vi, para ser sincera contigo. O que aconteceu foi que encontrei um amigo dele. O Pedro, que me ajudou quando caí (ok, tenho de parar de dizer isto).

Sabes, ao pensar nisto, sinto-me parva comigo mesma. Estava tão perdida na minha dor, no meu luto, que nem percebi como o Pedro tinha sido prestável naquela noite. Ao invés, fui "apaixonar-me" estupidamente pelo seu amigo... amigo que eu já conhecera, anos atrás.

Mas ontem, ao ver o Pedro, ajudei-o. Não sei se foi uma "vontade" que me surgiu por saber que ele era amigo do Carlos, quero desesperadamente afastar esta ideia, ou se o ajudei por querer ajudar e não por causa do Carlos.

O resultado... bem, fiquei mais feliz. Agradecida por ter "esbarrado" nele e o ter ajudado, como se fosse um agradecimento. Percebi também o cliché que foi esta suposta paixão ardente por o Carlos. Acho que o que o Carlos fez, para te ser sincera, foi ser meu guia. O guia que me veio mostrar que havia vida para além daquela que estava a levar. Que seria possível eu ter uma rotina diferente daquela que levava, pautada pelos estudos. Vê lá, que até dei graças por, desta vez, estar com os olhos bem abertos... Que reparei o quão atraente o Pedro era. Era a um nível diferente do de Carlos, é certo, mas ele tem lá tem o seu charme (que é bastante, por sinal).

Irra!... já viste que voltei ao Carlos? A compará-lo com uma pessoa diferente dele (imagino eu)? Pelo menos tenho a ideia de que há homens por aí por quem valha a pena sair da minha zona de conforto. Que há quem me sorria e se importe, tal como o Pedro, por exemplo, ao ter-me perguntado como estava.

Mas bem, vou pegar nesta energia e sair com as Gémeas. Quero ir à praia. Quero ir para o mar. Quero que a corrente arraste estas tristezas e angústias que me têm moldado os dias.

Quero...

Quero voltar a ser feliz.

Quero ser feliz! Quero sê-lo por mim, pelas palavras de Carlos, e, sobretudo, pela minha irmã. Ela merece!

Beijinhos,

Sofia


P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora