Quarenta minutos depois...
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De: naka.vic@mail.com
Para: lena.jun@mail.com
Assunto: Nunca imaginei que isso fosse acontecer

Eu não quis falar com você, porque não sei como começar e nem quero ser a idiota que fica se lamentando. Na verdade, eu sou tão deprimente, que já estou fazendo isso. Fui até o escritório soluçando e recebendo o olhar de pena do taxista. Quis arrancar os olhos dele, mas eu não consegui fazer nada além de chorar.

Se lembra de quando nós tínhamos dezessete e aquele seu namorado te deu um fora na última semana de aula? Eu te mandei engolir o choro, porque não era o fim do mundo. Estou tentando acreditar nisso agora, mas não consigo! Leandro esteve comigo por uma década! Meu Deus!! Eu nunca deveria ter deixado isso acontecer! É tempo demais para estar junto de alguém! Eu devia ter terminado durante o intercâmbio dele ou na faculdade.

Hoje, perto do horário de almoço, ele me ligou. Combinamos de almoçar juntos, naquele restaurante de comida chinesa que Leo adora e que, segundo ele, faz yakisoba com a receita original. O restaurante estava cheio, mas sentamos em uma das mesas que ficam na varanda. Ele estava todo animado, me contando sobre as coisas do trabalho e programando o nosso final de semana.

Leandro disse que ia ao banheiro, antes da comida chegar. Eu nem estava pensando em nada, só nos meus prazos me esperando no escritório, quando o celular vibrou em cima da mesa.

Foi quando eu me lembrei de quando ele respondeu as suas mensagens naquele dia... Era o momento perfeito para me vingar. Eu abriria uma daquelas mensagens dos grupos idiotas, só para acalmar a minha consciência de que eu deveria fazer o mesmo que ele fez comigo. Já estava com o aparelho na mão, antes de pensar em qualquer coisa. Tinha uma senha, mas Leandro sempre usa as mesmas. Acertei na segunda tentativa.

Estava lá no aplicativo de mensagens, a foto de uma mulher de biquíni, com os peitos quase saindo da tela. Gio Flores. Cliquei na foto, porque achei que poderia ser a outra Giovana, a que estudou com ele no ensino médio e eu já estava pensando em como aquelas próteses de silicone tinham ficado exageradas. Mas não era aquela Gio, era essa tal Flores.

Peituda Flores.

Eu abri só por que nunca tinha visto aquele rosto. Até achei meio familiar, mas pode ter sido só impressão. Havia várias mensagens apagadas. Conversas pela metade. A última tinha sido enviada às 11h. Eu ainda me lembro de todas as palavras.

Preciso falar com você, gato. Você pode passar aqui depois que sair do trabalho? É aquele assunto.

Homens são tão previsíveis!!!

Eu quis afundar o celular na jarra de água de coco.

Que porra era aquela?

Lena! Por muito pouco eu não fui embora. Acho que o susto foi tão grande que eu não consegui raciocinar direito. Por sorte, o garçom apareceu com os pratos e eu coloquei o celular de volta ao lugar, bem a tempo.

Não consegui comer. Estou enojada até agora!!

Leandro agiu como se nada estivesse acontecendo. Por causa disso, segurei a minha vontade de fazer um escândalo no meio do restaurante.

Se ele está cansado do nosso relacionamento? Ok. Se ele apaixonou por outra pessoa. Certo, eu vou tentar entender. Essas coisas acontecem, relacionamentos acabam. Talvez dez anos sejam realmente muito tempo e ele esteja saturado. Ele sabe que eu não quero um casamento, mesmo que estejamos morando juntos agora... MAS ELE NÃO PODE SER TÃO COVARDE A PONTO DE ESCONDER DE MIM! EU MEREÇO O MÍNIMO DE RESPEITO POR TODOS ESSES ANOS!

Com Amor, Lena [Concluído]Where stories live. Discover now