Encontrava-me a relaxar no sofá quando o meu telemóvel começa a vibrar em cima da mesa. Calculei que fosse o André pois já teria saído do treino por esta hora. Fui surpreendida por ver 'Mummy' no ecrã.
"Olá mãe!"- atendo de imediato.
"Olá amor! Então, como é que estás?"- pergunta-me.
"Estou bem, estava a descansar."- respondo.
"Como correu o último exame? Foi ontem, não foi?"
"Sim! Correu bem, estou confiante que passo a tudo."
"Que bom! Isso quer dizer que podes vir para casa?"- noto a alegria na sua voz.
O meu coração aperta um bocadinho. Ainda agora tinha começado a namorar com o André e já ia para Lisboa. Podia ficar cá mas também tinha saudades da minha família e queria estar com eles.
"Não sei mãe... Tenho de ver."- digo, baixo.
"Isso soa-me a passarinho novo!"- brinca ela.
"A tua intuição nunca falha, mãe."- respondo, rindo.
"São muitos anos a lidar contigo! Diz-me lá, como é que se chama o sortudo?"- questiona.
"Estás no supermercado?"- pergunto, ao ouvir demasiadas vozes e o barulho dos carrinhos.
"Sim, porquê?"- percebo que está confusa.
"Não faças nenhum escândalo, por favor. Chama-se André e é jogador do Porto."- conto.
"Do Porto, O Futebol Clube do Porto?!"- espanta-se.
"Fala baixo mãe! Sim, esse Porto."- ralho, revirando os olhos.
Conseguia imaginar as suas figuras no supermercado.
"Ai meu deus... Tenho de pedir ao teu irmão para me mostrar uma foto dele."- fala, já toda entusiasmada.
"Sim mãe, ele é super giro, se é isso que queres saber."- dou uma gargalhada.
"Esquisita como és, deve ser algum deus grego!"- goza.
"Quase isso! Agora tenho de desligar mãe, estão a ligar-me. Beijinhos!"
"Beijinhos filha! Porta-te bem!"- despede-se.
Desligo a sua chamada e, agora sim, atendo a do André.
"Estava difícil!"- diz, assim que atendo.
"Estava a falar com a minha mãe, ok?"
"Ah, e como está a minha sogrinha?"- brinca.
"Ótima agora que sabe que namoramos."
"Contaste-lhe?!"- pergunta, surpreendido.
"Não era para contar?"
"Por mim sabes que podes contar! Só tenho medo do teu pai."- diz e eu desato a rir.
"Por amor de deus André, lá por seres portista ele não te vai odiar..."- silêncio do outro lado. "...muito. Só um bocadinho."
"Fiquei a sentir-me muito melhor, obrigado."- responde, irónico.
"De nada babe. Mas ligaste-me para quê mesmo?"- pergunto.
"Para te avisar que estou a chegar a tua casa. Vens dormir comigo hoje."
"Mas tu mandas agora?"
"Patrícia, vá lá..."- conseguia vê-lo a fazer beicinho.
"Já estou à porta e não te vejo."
"Porque ainda não cheguei... Oh foda-se estavas a gozar comigo."
Volto a rir com o seu comentário.
"Despacha-te mas é. Até já."- digo-lhe, desligando.
Subo até ao meu quarto onde calço umas sapatilhas e visto um casaco. Entretanto, oiço a buzina de um carro e saio de casa. Entro no carro do André e dou-lhe um beijo na bochecha. Ele fica muito sério a olhar para mim e puxa-me para me dar um beijo na boca, só depois começando a conduzir. Chegamos a sua casa em pouco tempo e ele estaciona o carro na garagem. Saímos e dirigimo-nos à sala.
"Podes encomendar pizza? Apetece-me comer porcarias."- peço ao André, sentando-me no sofá.
"Apetece-te sempre comer porcarias!"- brinca ele.
"Problemas?"
"Nenhuns mesmo! Se começares a engordar eu tenho a solução perfeita..."- diz ele, já com um sorriso parvo na cara.
"Em que é que já estás a pensar André Miguel?"
"Sexo emagrece, só precisamos de praticar mais."- sugere, piscando o olho.
"Mas como eu não vou engordar e tu tens os dias limitados para o fazer, acho que não estás com muita sorte."
"Sad life..."- diz ele, com um suspiro.
Tira o telemóvel do bolso e liga a pedir as pizzas, voltando pouco depois ao sofá, colocando as minhas pernas ao seu colo.
"Então, o que é que falaste com a tua mãe?"- pergunta-me.
"Falei de nós e ela perguntou se eu voltava para Lisboa agora que acabei os exames."- falo calmamente.
"E tu? O que vais fazer?"- noto a ansiedade na sua voz e tento transmitir-lhe calma com o olhar e fazendo festas na sua mão.
"Hei de ir a Lisboa visitar toda a gente. Mas por agora fico."
"Vais ficar?"- parece surpreendido.
"Vou. Não quero separar-me já de ti."- confesso e sinto as minhas bochechas a ficar coradas.
"Nem eu. Quero que fiques aqui comigo, bem juntinha a mim, todos os dias..."- diz, aproximando-se devagar até estar quase deitado em cima de mim e com as nossas caras a poucos centímetros de distância.
Puxo-o para mim e junto os nossos lábios num beijo carinhoso. As suas mãos deslizam para dentro da minha camisola, fazendo carícias na minha barriga. O som da campainha interrompe-nos e o André bufa.
"Mexe-te André, alimenta a tua mulher."- ordeno, empurrando-o, o que fez com que caísse no chão.
Ele fez-me má cara mas levantou-se e acabou por se juntar ao meu riso.
"A tua sorte é que eu gosto de ti."- ouvi-o dizer, enquanto caminhava até à porta.
Eu também gosto de ti, André. Nem imaginas o quanto.
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He Found Me | André Silva
Teen FictionUma cidade nova, uma casa nova, pessoas novas. Tudo o que ela precisava. E também aquilo que ela mais evitava: Amor. Até que ele a encontrou.