22.08.1939

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"Guerra?" uma voz interrogava, por de trás da porta, tão supresa e curiosa que qualquer tolo conseguiria entender.
"Shh" poderia-se ouvir o dedo ser levado até a boca da onde mesmo o rapaz estava "não faça barulho, isto é segredo absoluto!"
"Ora, e quem poderia nos espiar?"
Não muito antes do homem acabar de falar, Mycroft abriu a porta escura, que combinava com o resto da casa, e avistou Sherlock quase indo ao chão:
"Isto daqui não é brincadeira, Sherlock!" Exclamou enquanto agarrava o sobretudo do garoto e o levava para fora de casa. Antes de sair da sala observou o homem que estava sentado numa poltrona vermelha; gordo, farda amassada e mal passada, cabelos ralos e ruivos, um óculos que contrastava com seu rosto; chegou à conclusão de que era apenas mais um tapa - buraco do governo.

Sherlock sabia o que estava por vir, e sabia também que não seria nada bom.

No outro lado da cidade estava o Watson, já havia se passado oito meses desde a morte de sua esposa e sua filha; já havia se acostumado com o peso de tudo aquilo, apenas encontrava escapatória em lugares horríveis - saia para beber quase todas as noites, transava com muitas mulheres ao longo do mês -. O homem já não havia mais forma, sua farda teve de ser mandada à costureira para ser apertada, seus olhos eram baixos assim como seu rosto que sempre estava olhando para o chão.

O homem estava sentado em sua cama se preparando psicologicamente para ir até seu emprego, seu cargo era capitão da ala médica, todos os dias via centenas de crianças e mulheres partirem, aquilo apenas o arrasava mais ainda. Se levantou e pegou sua chave, deu uma última olhada em sua pequena casa de apenas quatro cômodos, sendo eles: uma cozinha de paredes amadeiradas de cor clara, um banheiro pequeno com uma banheira amarelada pelo tempo, um quarto com sua cama de casal - que agora parecia tão vazia sem sua esposa -, e um quarto que ele não abre desde o dia do bombardeio. O lugar estava um verdadeiro caos, o homem não tinha tempo de dar num jeito naquilo tudo por conta de suas noites de bebedeira pelas ruas da cidade. Coçou o lóbulo da orelha e saiu caminhando com um semblante orgulhoso por ter tal cargo, relutava em manter uma máscara de feliz e senhorio para todos.

Chegando em seu campo colocou o seu jaleco e seu crachá com seu nome e cargo escrito em itálico; John H. Watson - Comentando médico da primeira base de Berlim. O homem soltou um sorriso orgulhoso e caminhou com passos pesados até seu escritório, no qual se sentou e começou a cuidar de alguns documentos.

Do outro lado da cidade estava Sherlock Holmes vagando pelas ruas cinzas de Berlim, o homem amava dias sem cores, do qual as únicas cores são das paredes de tijolos e madeiras. Não parou de pensar em como o homem daquele dia foi rude com ele, desde então vem tentado esquecer aquilo tudo, mesmo depois de sete meses. Um homem de postura militar surgiu ao seu lado montado em um cavalo de cor tordilha e ao lado puxava outro, mas de cor branca - que estava marrom pela lama.
"Sherlock Holmes?" Interrogou tentando aquietar o cavalo.
"Sim! O que querem dessa vez?" o soldado o olhou com dúvidas nos olhos, fazendo com que Sherlock encha os pulmões de ar e os soltasse lentamente "um dos soldados da cavalaria não vem atrás de mim apenas para conversar, diga de uma vez o que quer."
"Mycroft convocou uma reunião de urgência, hoje e agora!"
"Meu irmão é muito dramático, senhor Paul! Deixamos para a próxima" disse e então balançou a cabeça me sinal de despedida. Quando começou a andar foi interrompido pelo homem:
"É sobre a guerra."
"Oh" Sherlock se virou e juntou as pálidas mãos atrás de suas costas "porque não me disse antes?" antes mesmo de terminar sua pergunta montou no cavalo e saiu a trotar devagar pelo terreno estar escorregadio.

Depois de dez minutos de viagem ao lado de uma linha de trem o homem quase desconhecido teve a coragem de perguntar:
"Como sabia meu nome?" Ao dizer, acelerou seu com uma batida em sua barriga, se colocando ao lado do cavalo branco
"Bem, está escrito aí na sua farda" não resistiu e soltou um sorriso meia boca.
Nada mais foi dito, até porque, não tiveram esta oportunidade.

A sala era escura, havia uma mesa oval que ocupava grande parte dela, sentados em volta da mesma via-se homens de aparência asquerosa - na opinião de Sherlock eram pior do que ratos. O homem passou os olhos em cada um deles chegando até Mycroft. Ótimo, agora teria o rato dos ratos coordenando uma reunião. Se sentou com uma aparência brincalhona e bateu o dedos na mesa:
"E então?" Perguntou erguendo as sobrancelhas.
"E então o que, Sherlock?" Mycroft respondeu exasperado deixando alguns pingos de saliva cair sobre a mesa.
"Tente falar sem alagar toda a mesa com baba de réptil" sorriu com os lábios cerrados "bem, o que eu estou fazendo aqui? Que eu saiba eu tenho baixo cargo nessa base e não sou quase nada no governo"
Após dizer isso podia-se ouvir o irmão bufar e olhar para a porta que estava sendo aberta. Sherlock se virou para trás e pôde ver um homem meio loiro grisalho com uma farda extremamente alinhada, eta muito fácil de se deduzir quem era: John Watson. Quando percebeu que o homem iria virar-se para a mesa Sherlock logo tratou de voltar para sua antiga posição.
"John Watson!" Mycroft se levantou abrindo os braços e dando um sorriso falso "Muito prazer" disse e logo após estendeu as mãos.
John sentiu um frio passar por sua coluna. Mas o que ele queria? Ele era praticamente o Führer, e o John idolatrava Adolf Hitler, faria de tudo por ele. Se cumprimentam normalmente, até começaram a conversar, mas logo foram interrompidos por um homem careca e gordo com face pálida, que dizia para começar logo.
"Bem..." Mycroft suspirou de olhos fechados "Adolf Hitler mandou ordens para atacar a Polônia" após isso os homens em volta da mesa começaram a cochichar coisas incompreensíveis.
"E é por isso que eu chamei os principais comandantes daqui" Mycroft disse interrompendo os cochichos "o Führer escolheu especialmente os dessa base." Suspirou ao terminar de falar.
"Bem... John Watson, é um bom médico, não? E faria de tudo para servir ao Führer, não?"
"Sim, sim." Os olhos do homem começaram a brilhar e um sorriso se formou em seu rosto.
"Bem, tenho o prazer de lhe dizer que será o comandante médico da SS."
O homem por dentro explodiu de felicidade, já por fora mantel seu semblante de soldado.

Conversa vai, conversa vem, porém Sherlock apenas fazia caretas a cada palavra do irmão.

"Vocês serão transferidos para o Leste da Alemanha;" Soltou um sorriso sombrio fazendo com que a gordura embaixo do seu queixo fosse para frente.
"E eu? Querido irmão." Sherlock interrogou com um sorriso irônico, geralmente sempre o fazia depois de responder o irmão.
"Você, querido irmão" se inclinou na mesa cinza, mexendo em sua caneta "tenho algo para você, porém é surpresa.."
Sherlock sentiu o frio percorrer sua coluna e chegar em sua nuca. Conseguia ler no olhar do irmão que não seria coisa boa.

A reunião acabou, Sherlock permaneceu na sala se queixando de estar passando mal, e que, naquele momento, não poderia voltar para casa e esperaria um carro ir busca-lo. Qualquer idiota saberia que aquilo não era verdade, Sherlock simplesmente não se participando de guerras. Suas mãos suavam, a cabeça lateja só de pensar nos gritos.

O homem foi acordado de seus pensamentos quando ouviu alguém entrar pela porta, se virou bruscamente fazendo com que se sentisse mal. Mesmo com a vista turva ele podia reconhecer quem havia entrado na sala.
"Me desculpe" o homem disse caminhado até a cadeira que ele estava sentado "eu esqueci isso." disse e mostrou uma medalha, que, provavelmente, havia caído ao sentar. Sherlock não disse nada, e apenas balançou a mão em sinal de "tudo bem, eu não ligo. Já estou na merda mesmo!". John suspirou e falou:
"Me desculpe"
"Eu ja disse que está tudo bem, mesmo que indiretamente."
"Não, Sherlock, me desculpe por aquele dia."
"Oh, tudo bem também" sorriu com os lábios cerrados "as pessoas tem dias ruins."
John sorriu com os olhos quando ouviu isso, as pessoas já não eram gentil com ele à tempos.
"Então..." Encarou o homem que olhava em seus olhos "é." Abriu e fechou as mãos como sempre fazia quando estava nervoso, e então saiu, deixando Sherlock para trás com toda aquela dor em seu peito.

Nota da autora: Eu demorei para atualizar, eu sei! O problema foi o seguinte: eu estava muito frustada com tudo - literalmente, tudo.
Este foi um capítulo chato de escrever e ler, mas ele é o ponto inicial de tudo, era necessário escrever ele.

soldiers • johnlock Where stories live. Discover now