Capítulo 22 - Bernardo

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Capítulo 22 Bernardo

Meu Deus, eu estou exausto! 

Passo a mão pelo rosto e apoio a cabeça no encosto da cadeira, vejo pelo canto do olho, André entrando na sala.

– Cara, você ainda não foi? – Questionou largando seu corpo na minúscula cadeira.

– Já fui sim, isso aqui é só uma miragem. Que pergunta idiota André! – Respondo áspero e irônico.

– Não adianta vir de grosseria pra cima de mim, a culpa de ter que ficar aqui, é toda sua, e sabe bem disso. Mas a questão não é essa, a questão é esse seu egoísmo, esse seu pensamento só em você e nessa merda dessa empresa.

Eu sabia exatamente sobre o que ele estava falando, aliás, ultimamente era só nisso que ele falava.

– A Giulliana entende muito bem que eu estou ocupado. – Bati os punhos em cima da mesa o enfrentando.

– Tem certeza disso? – Se levantou furioso. – Você é um panaca Bernardo, é o quarto dia que você não há vê. É a merda de início de namoro, e você a joga para a Bruna porque não pode comparecer. E já está de viagem marcada pra Nova Iorque e nem disse nada pra ela.

– Não me venha com essas merdas André. – Levantei exasperado. – A mulher é minha, ela não precisa de advogado para defender as suas vontades.

– Ela não é sua, Bernardo. E provavelmente não será por muito tempo. – Explicava.

– O que quer dizer com isso? – Perguntei ansioso.

– Cara, eu ouvi ela e a Bruna conversando. Você acha que a Giullie está super feliz, né? Mas não, seu otário. Até eu, que não convivo com ela diariamente sei o quão difícil pra ela deve estar sendo, o quão insegura ela se sente em relação a vocês dois. Você e essas merdas que está escondendo dela! Bernardo acorda cara, e se ele realmente for atrás dela e contar tudo, isso vai destruir o coração dela. E sabe quem vai estar lá pra tentar colar todo ele? Ninguém! Você não enxerga que o amor que você sente por ela, pode também te destruir nesse percurso?

Amor?

Eu a amo?

– Eu não posso acreditar que você está se fazendo essa pergunta.

Olhei-o surpreso.

– Eu acho que eu me enganei aqui, você não a ama, porque o amor, o amor verdadeiro vai muito além desse seu romantismo, é uma questão de empenho, trabalho, cuidado e um forte compromisso diário, e meu companheiro, meu amigo, você falha em todos esses aspectos. – Despejava toda a verdade.

Não adianta leva-la para jantar em um lugar chique, num clima romântico, se logo após, você vai receber uma chamada telefônica e vai deixa-la lá, sozinha. Eu pensei que você tinha mudado cara, eu pensei que ela tinha feito de você um homem de verdade, o homem que ela precisa, e o homem que você deve ser. E eu sinto tanto por ela, porque isso não passa da nossa imaginação. – Seu olhar, o olhar do meu amigo tinha uma mistura de desprezo e mágoa.

Eu nunca havia discutido com André, não dessa maneira profunda. E tudo que ele havia me dito, era para o meu bem, ele estava agindo como meu verdadeiro irmão, meu irmão mais velho, aquele que te ajuda a levantar quando você cai, aquele que te dá uns bons tapas quando vacila, aquele que quando você se mete em confusão está lá, pronto para tomar as suas dores e lhe defender. André é meu irmão, não de sangue, mas há um elo que nos une.

Ele está me protegendo, tentando me livrar dos meus próprios erros.

Meu coração doía, e o ditado de que a verdade dói, é muito verdadeiro.

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