- Ele nunca deixa nenhum rastro da criança.
- Exatamente.
- Então porque você acha que ele deixaria agora? – Ela se agachou para observar melhor a lasca de osso que ele tanto observava.
- Tempo... Ele não teve tempo – os dois se encararam, a delegada sabia o que ele quis dizer, mas não estava conseguindo ligar os pontos, pois sentia que havia alguma peça solta.
- Mas... isso é estranho, como ele pode não ter tempo? Quer dizer... não teria ninguém aqui para ver ele fazendo isso, estamos a 10 quilômetros de qualquer casa – ela chegou mais perto para observar o pedaço de osso e levou um choque ao perceber marcas de dente nele.
- É um pedaço do crânio – ele falou sorrindo – não é possível alguém quebrar um crânio com o dente sem ter lascado ele em si.
- Alguma coisa está errada aqui, e pelo amor da luz elétrica coloque tudo isso numa sacola que eu não quero passar mais cinco minutos aqui, meus sapatos Louboutins estão gritando por socorro! – Ela saiu andando em direção a casa balançando os pés, tentando tirar o sangue impregnado na sola dos sapatos.
O clima estava pesado. Era mais um crime no espaço de uma semana um do outro. E isso preocupava Helena, pelo primeiro motivo de que o assassino poderia ficar mais confiante ao ver que a polícia não havia nenhuma idéia de quem fosse, e segundo que para ela agora isso estava se tornando um desafio pessoal.
Ela se reuniu com o pessoal na casa enquanto via os corpos da mãe e do pai sendo carregados para dentro da van de uma funerária.
- Quem vai pagar pelo enterro?
- Eles têm parentes na cidade de São Paulo, vão ir de avião – disse Luana, uma das investigadoras.
- O que será que leva uma pessoa a fazer isso? – Pedro chegou na conversa, passando direto pelo grupo e indo para dentro da casa tirar as últimas fotos do quarto da criança.
- Eu fico me perguntando o que leva uma pessoa a vir morar no fim do mundo quando se tem parentes na cidade – Luana falou alto o bastante para que Pedro ouvisse de lá, e ele replicou.
- Se tivesse dinheiro eu com certeza moraria no interior – Falou Pedro, vindo do corredor da casa com uma mala na mão.
- Mesmo depois de tudo que você viu nesses últimos meses? – Replicou a delegada.
- É como dizem Helena, eu, você, dois filhos e uma arma – todos na roda começaram a rir.
- Acho tão estranho a gente conseguir rir em uma situação dessa – Luana se mostrava desconfortável desde que chegou na cena do crime, embora fosse uma ótima investigadora, as vezes sua consciência levava o melhor dela.
- Também não sei, acho que é o nosso melhor jeito de quebrar a tensão do local – Os dois sorriram um para o outro.
- Bom, vamos terminar o dia – falou a delegada se dirigindo para a estrada, por um pequeno caminho que cortava todo o milharal.
Enquanto entra no carro ela percebe o quão difícil foi o dia, quando suas costas estralaram ao sentar no banco. Sem dúvida era o momento mais estressante da carreira dela. Quando pegou a estrada decidiu ligar para seu marido e checar as coisas para ver se estava tudo bem por lá. Com alguns cliques no painel do carro ela já estava discando para ele.
- Alô? – Ela deu um sorriso enorme, para ela a voz do Jason era mais do que precisava para acalmar o coração.
- Oi meu bem! Então, tô ligando só pra checar se tá tudo bem por ai, você comeu o que eu deixei?
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Sete mundos de Mariana
ActionMe vi sozinha envolta pelas sombras daquela floresta. Estava com frio, fome e medo. Então uma fraca explosão aconteceu, e no final daquele caminho escuro eu vi um pequeno ponto branco, e a cada passo que eu dava a seu encontro, me fazia melhor. ...
Tudo tem seu começo.
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