- querida cheguei. - Brian diz, sem nenhum pouco de humor e sem vírgula também.
- lamentável - resmungo.
- vamos conversar um pouco. - ele puxa um banco e senta na minha frente.
- o que fez com o corpo? - indago.
- o mesmo que farei com o seu, não se preocupe, quando morrer, verá. - acende um cigarro, deve ter pego do bolso do cadáver.
- suas piadas são um horror - respondo.
- obrigado, tenho me esforçado.
Reviro os olhos.
- vamos deixar de conversinha, e partir para o seu castigo. Vou ser bonzinho, você implorou por minha companhia lá embaixo, - ele aponta - eu achei isso lindo, tocou meu coração, de verdade.
- ah, eu achei que não tinha um coração - revido, no mesmo tom de sarcasmo.
- você não vai querer saber onde fica meu coração. Ou vai? - ele deita a mão na região pélvica.
- seu nojento!
Brian rir.
- é só... brincadeira princesinha.
- que meigo.
- agora me responda, o que você mais ama?
- nada. Sou só na vida, a menos que sequestre meu gato. - respondo.
Ele suspira.
- então vamos fazer isso de outra forma. Estava pensando em te deixar com os ratos no andar de baixo hoje, já que a minha companhia é tão desagradável.
- não tenho medo de ratos. - dou de ombros.
- do que tem medo? - pergunta, inclinando uma sobrancelha.
- de você - sibilo.
- é bom que tenha, mas só pra garantir... - sinto quando sua mão pesa contra meu rosto, chego a ficar tonta, e minha bochecha começa a queimar.
Choro, como uma criança, na frente dele. Não por dor, eu não sei porque.
- Para de chorar. - ele diz, parece perturbado e evita me olhar.
- sai daqui Brian - grito.
Ele se levanta e anda de um lado para o outro, derruba a garrafa de uísque com um soco e grunhe. Me assusto e tento controlar o choro. Estou confusa, Brian é mais estranho do que pensei.
Entra no banheiro e fica lá por quase duas horas, segundo meus cálculos incertos. Meu pé doe tanto que não consigo ficar parada, e isso só piora mais as coisas. Há horas estou choramigando de dor, - por quase duas horas, segundo meus cálculos incertos - e ele não demonstrou se importar, bem, eu não espero que demonstre.
Percebo que tenho fome, muita fome, mas o filho da mãe não sai do maldito banheiro para que eu possa ao menos xingá-lo.
Ouço o sussurro da porta e olho para o lado. Brian abre a gaveta da mesa, pega chaves e enfia no bolso, em seguida, conta algum dinheiro que têm no bolso, vai até a cama e põe suas luvas e o gorro.
- aonde vai? Estou com fome. - digo.
Ele me observa pelos cantos dos olhos, emburrado, e sai.
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Sinto meus olhos pesarem toneladas quando me esforço para abri-los, o sol entra mais forte pela janela. esfrego o rosto, ainda está dolorido.
Acidentalmente chuto uma sacola próxima a mim. Uma sacola que até então não estava ali, e sinto quase um desespero quando puxo de volta e vejo COMIDA.
Nem percebo Brian ao lado até ouvi-lo tossir. Está de costas, sem camisa, remexendo outra sacola sobre a mesa.
- obrigada. - digo depois de comer tudo. Ele se vira e faz que sim.
- comeu tudo? Nossa, para uma princesinha você come como um ogro.
- você realmente não sabe elogiar uma mulher. - volto a ter forças para sarcasmo.
- foi apenas um comentário. Se fosse elogiar... - ele cruza os braços sobre o peito. - diria que você tem belos olhos, seios fantásticos, e um belo par de pernas, não posso falar do seu sorriso, você não sorri.
- olha pra mim Brian, acha minha situação digna de um sorriso?- murmuro.
Ele desvia o olhar e vira-se.
Suspiro.
- falou sério quando disse que é enfermeira? - pergunta ainda de costas.
- sim.
O observo um pouco desconfiada, quando ajoelha-se perto das minhas pernas. Abre uma maleta com kit de primeiros socorros.
- pode me ensinar a fazer isso? - ele segura meu pé, posicionando-o à seu alcance.
Reluto por um instante, e puxo minha perna por impulso.
- por que está fazendo isto? - interrogo.
- porque isso facilita as coisas para mim. Se encontrarem este lugar, não quero ter que te levar no braço, quando precisar correr. E não estou afim de te ouvir gemer a noite toda... - ele sorriu de lado - gemer de dor a noite toda.
- é um cretino. - comento. - que nojo de você.
- tem que parar de olhar para meu peito para que eu acredite nisso.
Ele ri, o desgraçado.
Sinto minhas bochechas queimarem. Brian tem um corpo bem definido e daí? Isso nunca vai mudar o fato de ele ser o cara que me ameaça de morte, e me deixa acorrentada. Sua função é me machucar, eu não posso gostar de alguém que me fere, que não pensa duas vezes antes de me dá um soco na cara.
- você tem que passar álcool primeiro - resmungo.
- cala essa boca.
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Refém Por 72 Horas
RomanceSozinha no mundo, cheia de sonhos e bondade, o tipo durona que na realidade esconde uma criança triste e assustada dentro de si, apresento-lhes Alicia. E Brian, Brian Aleksander Bran...é só um cara que não conheceu Alicia antes.