Capítulo 6 - Second Chance

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Acordei no dia seguinte do mesmo jeito que de costume, com a claridade do sol iluminando timidamente o quarto e um bilhete de incentivo de Samuel em cima da mesa. Fiz tudo que pude para encontrar o mínimo de disposição necessário e então saí de casa, pronto para recomeçar a minha busca na 5ª Avenida.

Fiquei cerca de meia hora vasculhando mentes, mas não encontrei ninguém que pudesse ser meu escolhido. Estava começando a ficar preocupado, pois havia um horário específico em que eu deveria ter uma vítima selecionada, para que ela pudesse entrar no taxi certo e então fazer parte do acidente. Encontrei médicos, professores e aposentados, mães, amigos, filhos e tios... mas ninguém com o perfil que eu desejava.

Até que encontrei um homem andando cabisbaixo pela calçada, passando do meu lado. Sua expressão de tristeza me interessou, e logo me concentrei nele para poder vasculhar um pouco da sua personalidade.

Era um prédio sujo e escuro, cheio de homens vestidos de fardas do exército e guerreiros mascarados, lutando uns com os outros. Seu nome era Owen Smith, um soldado das tropas americanas, que estavam invadindo um território tomado por traficantes na cena em que cheguei. Os tiros e gritos que vinham do lado de fora eram audíveis, embora a situação de dentro do prédio de distribuição de drogas onde estávamos também não fosse das melhores. Havia homens lutando por toda parte, e no meio disso tudo, Owen se encontrava também. Ele estava na companhia de seu parceiro Luke, amigo de infância e também colega de turma durante o treinamento para o exército. Os dois estavam cercando um dos traficantes mascarados que abriu fogo contra os soldados, impedindo que ele chegasse à porta.

A situação havia saído do controle de ambos os grupos, tanto traficantes como militares. Eu sentia o medo que pairava no ar e a adrenalina de participar de uma guerrilha, além do terror da comunidade ao redor e da dor dos feridos e mortos no confronto. O homem encurralado pelos dois soldados parecia sem saída. Olhou em volta, como se estivesse tentando tomar uma decisão, e então agiu segundos depois. Logo após atirar na perna esquerda do soldado Luke, o traficante ativou uma bomba que estava em seu bolso, jogou-a no chão e bateu em retirada com os outros traficantes, que correram para as portas e janelas do prédio ao ouvir seu aviso. Os soldados precisavam sair dali imediatamente, ou teriam seus miolos estourados.

A maior parte da tropa conseguiu sair pelo mesmo caminho que os traficantes – portas, janelas, buracos na parede. No entanto, Luke estava machucado e incapaz de andar devido ao ferimento na perna. Só restavam ele e Owen no prédio, e uma bomba que explodiria em menos de trinta segundos. Owen estava correndo em direção à porta, quando ouviu um grito de socorro vindo do seu parceiro atingido, e lembrou-se dele. Olhou em seus olhos, e em seguida olhou para o visor do detonador: faltavam apenas vinte segundos para que aquele prédio viesse abaixo. Não havia tempo para pensar em uma decisão, e o soldado Owen Smith não sabia o que fazer.

Com o medo e o instinto de sobrevivência gritando alto em sua cabeça, ele decidiu correr, deixando seu parceiro Luke para trás com um olhar de pânico no rosto. Owen chegou ao lado de fora bem a tempo de escapar da explosão da bomba, que aconteceu segundos depois de ele ter pisado para fora do prédio. No entanto, Luke ainda estava lá dentro quando a estrutura veio a baixo, e destruiu tudo que estava ao seu redor e seu interior. Ele ainda estava lá, esperando pela ajuda de seu melhor amigo, que virara as costas para ele no último segundo.

Assim que viu a explosão acontecer, Owen Smith caiu de joelhos no chão e começou a chorar. O arrependimento que o atingira era inexplicável. Consegui sentir o sofrimento dele ao ver seu melhor amigo morrer em uma explosão de um jeito que ele poderia ter evitado. No entanto, o medo de morrer e o pânico da situação o fizeram agir como um covarde. Tantos anos no exército aprendendo sobre coragem e sacrifício, e fora isso que fizera. E ainda com o seu melhor amigo, que fez tanto por ele. Que o acompanhava desde criança, que lhe dava conselhos, que compartilhou seu treinamento... e que jamais faria a mesma coisa horrível com ele.

Six | HARRY STYLESOù les histoires vivent. Découvrez maintenant