A água evaporava-se na pele quente. O jogo de sombras e luz corrente refletida nas águas criava um ritmo visual e os sons uma trilha sonora também ritmada para o momento. Não houve conversas nem jogos. As mãos quentes na água gelada se puxaram e com especial perícia as dele exploravam o corpo atrevidamente de Elis. Ela, levada pelo desejo e pela situação, não ousou questionar ou interromper a corrente natural das coisas, corrente que progredia voluptuosamente e sintonizava com alternância entre os movimentos suaves do ambiente.

Ele era um "expert" do desejo, por assim dizer, pois conseguia o que queria e a incitava com intensidade e habilidade. Surgiu-lhe por um momento o receio de que eles pudessem ser vistos por alguém, no entanto, essa resistência logo se dissolveu num mergulho de sensações. Deslizavam as mãos, buscando o que queriam, e ela flutuava leve de prazer. Estar com um estranho com aquele corpo perfeito, na progressão ousada das naturezas, e de olhos fechados o momento se expandia numa massa disforme, momento esse conduzido com atitude e firmeza pelo estranho. Ele sabia exatamente o que queria e como conseguir.

Até que ponto, chegaria? Ocorreu-lhe a pergunta durante a entrega. Mas rapidamente foi calada na consciência. Ele a convidou em sussurros para dar continuidade àquela sessão de aventura em seu quarto, na pousada bem próxima dali, e naquela situação, diante do frenesi iniciado, Elis não hesitou.

Eis que ela, num dia de sol que não prometia tanta coisa, ia agora para o quarto daquele homem sem sobrenome, profissão ou endereço. Começara na cachoeira e encaminhava-se para outro ambiente, o que quer que fosse.

O caminho até a pousada teve olhares, sorrisos e alegria. Falava-se sobre a natureza, sobre o clima. A noite chegaria em breve e sobre todos os assuntos sem importância que vinham à mente, com exceção, é claro, daquilo que acabara de acontecer ou então de como terminaria a aventura, até que chegaram ao destino.

Ao abrir a porta, não havia nada que lhe desse identidade tampouco, era um quarto impessoal, como costumam ser os de pousadas, mas pouco importava a essa altura. De imediato, ela avistou uma banheira enorme ao fundo, e sua imaginação se deleitou com as possibilidades associadas a esse cenário. Ele já a desejando intensamente, lançou aquele olhar que parecia a ver por baixo das roupas molhadas sobre a pele arrepiada, e sem mais avançou arrancando-lhe a pouca roupa que cobria seu corpo quase virginal naquele instante. Então ele a conduziu nos braços até a cama macia e ali se realizaram com energia e vigor admirável todos os desejos que pulsavam em seus corpos. Entre beijos, ele sussurrava dizendo as coisas que faria, e ela respondia com sons de loucura em crescente intensidade e volume.

Sussurros e sensações prazerosas, massagens e dança selvagem num encaixe perfeito. Elis poderia morrer ali, tamanha satisfação. Nos braços de um estranho, louco e faminto ela não pensava mais em nada, só sentia e se entregava. A banheira grande foi o cenário perfeito para relaxar os corpos exaustos com água quente e o aroma quase calmante de sais perfumados. E logo após o fôlego recuperado tudo recomeçava com a mesma intensidade e fulgor.

Corpos revigorados, era a hora de transformar a mesa de madeira lisa e espaçosa, que tinha como objetivo a decoração rústica do local em suporte improvisado para que o corpo de Elis experimentasse novas possibilidades, onde ela pode sentir ainda com mais ênfase a força daqueles braços firmes que a puxavam em movimentos matematicamente precisos, e ela então com os braços e corpo totalmente livres era puxada pelo quadril largo, onde ele a olhando fixamente como quem tem total controle da situação, sorria convencido e dominador.

Elis não precisou nem insinuar nada, ele adivinhou-lhe os pensamentos, realizando as fantasias uma a uma, como quem já parecia conhecer seus desejos mais íntimos, nunca antes revelados a ninguém.

Depois de horas de muito prazer e loucura, adormecer foi inevitável. Ela adormeceu, sorrindo e ao acordar o "deus grego" já não estava mais lá. Havia uma rosa vermelha no travesseiro ao lado dela com um bilhete com palavras picantes, um número de telefone, e a conta da pousada para pagar. Sim, ele deixou a conta para que ela pagasse.

Ainda anestesiada de prazer ela pensou em ligar e pedir explicações depois do bilhete, ou ligar para a polícia que seja, como pode depois de tudo que aconteceu aquele gostoso a abandonar assim e ainda deixar a conta para que ela pagasse? Mas se imaginando ridícula contando em detalhes sua aventura à polícia ou a quem quer se seja ela repensou e respirou devagar! Elis sentia naquele instante um misto de raiva, indignação e ao mesmo tempo saciedade plena e total. Era um amante profissional, certeza, ela ria por dentro da situação, sem saber ao certo o que fazer e se achando uma louca feliz. De repente o número de celular poderia até estar errado, ou então ele consciente de sua virilidade, tinha certeza que Elis o procuraria novamente, ela pensava. Mas lembrando o resumo de sua vida amorosa, ela sabia que o que viveu naquele dia era único e que provavelmente não se repetiria, e a melhor saída seria guardar para si esse momento delicioso de insanidade. Nem mesmo Taty, sua melhor amiga, que já havia lotado seu celular com mensagens investigativas saberia a respeito. Então sorriu para o atendente, aceitou a situação, se recompôs, e saiu devagar, ainda sentindo o cheiro dele em sua pele.

Conta paga! Número de telefone no lixo, ela preferiu assim! Elis não queria pedi-lo em casamento ou pedir o ressarcimento do valor pago pelo quarto, e muito menos procurá-lo por ai, loucamente. O que aconteceu naquele dia já era o bastante para que ela se lembrasse dessa aventura para o resto da vida. O dia que Elis conheceu o desconhecido mais delicioso de sua vida. Ela delirava, rindo discretamente.

Na volta para casa, Elis nem precisava fechar os olhos para sentir o corpo ainda em êxtase.

A vida real tem dessas coisas e as mulheres merecem umas loucuras de vez em quando, mesmo que nunca sejam reveladas. Fora que esse é um excelente cosmético para a pele, um excelente exercício para coração, e um ótimo alimento para a alma.

Esse falecido apesar de ter dado a Elis mais prazer que prejuízo, assim como os demais mocinhos que lerão a seguir, foi enterrado naquele dia por Elis e ela seguiu feliz e contente, vivendo linda e poderosa um dia de cada vez, guardando consigo esse segredo em seu coração!

Nos próximos capítulos espero que se divirtam com as "tragicomédias de uma vida amorosa", porque esse é apenas o começo de uma longo lista... Aguardem! 

Lista dos Falecidos - As tragicomédias de uma vida amorosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora