O sarado

83 3 0
                                    

Capítulo 1 – O "SARADO"

As mulheres admiradoras de um belo corpo masculino estão bem familiarizadas com o tipo. Elas terão especial facilidade para visualizar os detalhes e cenário em nosso primeiro capítulo.

Há homens, ou corpos, que sempre atraem os olhares. Elas batem os olhos e não conseguem mais desviá-los. Em cena publicitária clássica, o olho acompanha aquela gotinha d'água que hipnotiza ao descer pelo desenho do corpo, definido, do peitoral até o abdômen. Quase um comercial de cerveja para mulheres! Diríamos que, se houvesse um seria assim: A gota d'água o percorre de forma instigante e desaparece ao deparar-se com o elástico da sunga. O comercial então é interrompido, e anunciam em letras vermelhas – beba com moderação! Para o desespero delas já desejosas do produto ali exposto, a cerveja, claro, as fazendo enxugar disfarçadamente a saliva que tenta escorre no canto da boca!

O "sarado" se trata, obviamente, de um homem atlético, corpo escultural, sem qualquer tipo de gordurinha localizada, com aquela barriga "tanquinho" tão desejada pelas mulheres.

Naquele dia o sol estava resplandecente refletindo forte na água, que apesar de tudo era gelada e corrente. A água molhava os corpos quentes como tinha de ser.

Então nesse clima tropical encontramos Elis, ela não estava especialmente sexy, estava apenas ali, observando o movimento, de biquíni florido e vestidinho branco transparente. Descansava observando o movimento, protegida por uma sombrinha, lendo seu livro, quando surge ele, moreno, alto, corpo atlético e sorriso largo. 

Ele passou devagar e olhou-a fixamente. Ao contrário do que se pensa, corpos dessa estirpe nobre e guerreira de Esparta nunca passam desapercebidos por uma mulher, como de fato não passou, ainda que como pano de fundo da mente. Ele aproximou-se e sorriu charmosamente:

-Nossa que delicia...

Ainda meio distraída, retomando o foco e tirando da boca o canudo do suco de morango que tomava, ela olhou para os lados discretamente, como quem queria assegurar-se de que o comentário requeria dela alguma resposta e não de alguma outra pessoa. Limitou-se a sorrir timidamente. E o momento fugiu vagarosamente como foge o vento. Não por muito tempo.

No restaurante dali, lugar grande e arejado, ele a localizou novamente após algum tempo decorrido do encontro inicial.

Pediu autorização e a recebeu imediatamente.

Sentou-se com um sorriso sedutor sempre a olhando com intensidade e determinação.

Apresentações formais, beijinhos tradicionais, sorrisos e olhares entre palavras e química, ah a tal da química. E eis que nosso sarado a fez um convite para conhecer uma "linda" cachoeira próxima ao local onde estavam. Era uma opção interessante, era uma pessoa interessante, era um dia iluminado e agradável. Porque não! Elis se divertia com a situação tão atípica.

Convite feito, convite aceito.

Ela sabia que a possibilidade hipnótica de conferir com mais detalhe aquele corpo "sarado", no fundo, tinha influenciado a anuência imediata. A luz atravessava a íris do olho dela, dando-lhe contornos mais claros, e o inusitado da situação despertou-lhe sentimentos raros liberando adrenalina e emoção, naquele dia que Elis pensou que seria tão tedioso e rotineiro.

Os olhos destaparam-se para aguda percepção da natureza, ao passo que sua mente tomada de reflexões rápidas a faziam maravilhada por estar ali, e Elis não sabia ao certo como terminaria aquele episódio tão incomum.

Ele provavelmente pensara estrategicamente o convite, mas a estratégia não levou em conta, e nem poderia, o fato de que ela não sabia nadar. No fim das contas, isso que seria um empecilho contribuiu para o "conjunto da obra" uma vez que foi desculpa suficientemente conveniente para que aquele "deus grego" pudesse levá-la, de forma quase heroica, com seus braços fortes, por entre as águas.

Lista dos Falecidos - As tragicomédias de uma vida amorosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora