Capítulo V - O interessado

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A noiva de Miles me irritava a cada segundo. Se continuasse dessa forma eu teria que adiantar os meus planos.

Já havia se passado um mês que o rei e o príncipe haviam voltado para o campo de batalha. As coisas estavam piores, Hebert e Rory eram dois tolos que estavam levando todas as nações a ruínas. Era inacreditável pensar que tudo começou por uma discussão boba sobre fronteiras. A proporção foi aumentando até discutirem quem era o dono de Ocland. Tolos! Será que não sabem que ali é terra de ninguém? Todos que já tentaram, morreram. Para que mexer em algo que está em paz?

Meu medo pela vida de Miles continuava. Ele precisava estar ao lado do pai em batalha, porém, eu poderia jurar que Hebert estava mais preocupado com o seu rabo do que com a integridade física do próprio filho.

― O que você tem que eu não tenho? – Luyni parou com os braços cruzados em minha frente e um bico emburrado em seu rosto.

Tive que lutar internamente para não rir de como ela era ridícula, mas mostrei a minha feição mais gentil para ela.

― Desculpe não entendê-la, senhorita. Poderia repetir? – pedi.

― Eu quero saber o que você tem que eu não tenho?

Quis responder beleza, mas seria considerado um ultraje, portanto, fiz-me de tola.

― Ainda não compreendo.

― O que o Miles vê em você? Porque te trata com carinho enquanto comigo ele é tão frio?

Mordi o lábio para conter a minha resposta. A voz de gralha da garota também não facilitava em nada a minha paciência.

― Nós somos amigos, nos conhecemos antes de você chegar ao castelo – tentei explicar pacientemente.

― Você é a vadia dele? É isso? – olhou-me com nojo e eu cerrei os punhos tentando me controlar.

― O Miles salvou a minha vida! Ele me respeita, não se preocupe – usei da infeliz verdade.

Ela franziu os lábios em uma linha fina, batendo o pé freneticamente. Ela não acreditaria naquela história e eu não queria que ela falasse sobre aquilo com Miles. Ele poderia achar que mais gente pensava da mesma forma e tentaria me manter mais longe dele do que já estávamos.

― Olha, eu conheço o príncipe, talvez eu possa ajudá-la a se aproximar, falar dos seus gostos, fazer com que ele te note de outra forma...

Os olhos dela se iluminaram como se eu estivesse entregando o presente mais precioso em uma bandeja para ela.

Pobre menina! Eu jamais faria isso!

― Está falando sério? – perguntou, um pouco incrédula.

― Claro! – abri o meu melhor sorriso. ― Eu adoro o Miles e quero vê-lo feliz. Além disso, você é uma dama lindíssima e educada, formarão um casal incrível – exclamei, combatendo a vontade de vomitar com as palavras que eu dizia.

― Adoro você! É a melhor dama de companhia dentre todas as moças que eu poderia ter – Abraçou-me, mentindo tão bem quanto eu.

Ela só queria o meu príncipe e eu a enganaria fazendo-a achar que isso era possível.

*

Naquela tarde as trombetas tocaram. Mas não era o som comum, era uma melodia diferente, e todos sabíamos o que aquilo significava. O meu coração morreu no momento que eu as ouvi. Corri para a entrada do palácio com as lágrimas transbordando e tentando manter-me de pé. Pude ver que Lynette estava tão aflita quanto eu. Muitos criados se amontoaram, todos querendo saber quem havia falecido.

HelenaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora