Trigessimo Primeiro Capítulo

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- Eu não sabia... - Ele começa a dizer. - Ah ele vai ver comigo! Eu não fazia ideia Kathy eu... - Carter diz nervoso.

- Não tem problema! - Digo passando uma das mãos no rosto tentando limpar uma lágrima solitária que passeia sobre minha bochecha.

- O que aconteceu com sua mãe? - Pergunta ele e muitas lembranças vêm ah tona.

- Eu... - Começo a falar sem saber por onde começar.

- Se não quiser falar não tem problema... - Ele disse pegando em meus ombros.

- O que? Claro que não! - Disse buscando dar um sorriso ocultando a vontade de chorar. - Acho que já está na hora de... de falar para você tudo isso e tirar esse peso dos meus ombros.

***

Era noite e minha mãe me colocou para dormir em minha cama, ajeitou meus cobertores, pois fazia frio e me deu um beijo na testa logo em seguida, saindo pela porta do quarto deixando somente a pequena luz do abajur o iluminando.

Não sei quanto tempo havia dormido, quando acordei ouvindo um barulho de conversa vindo da sala. Me sentei na cama, cocei os olhos e logo me pus de pé calçando minhas pantufas de coelho logo em seguida.

Abri a porta de meu quarto fazendo o mínimo de barulho possível, e fui em passos lentos e calmos até o início da escada, descendo alguns degraus logo em seguida. Já ouvindo melhor os sussurros me sentei em um dos degraus da escada e conseguia ver meus pais na sala. Pude notar que já estava amanhecendo, pois havia um fio de sol vindo da janela levemente aberta.

- O que falaremos a ela? - Meu pai perguntou calmamente, me deixando intrigada, pude ver sua inconfundível cara de preocupação.

-Eu não sei. - Era a vez de minha mãe falar. - Ela precisa saber, não podemos esconder isso para sempre

O que? Eles estavam falando se mim?

- Eu estou com medo. - Admitiu meu pai soluçando se sentando ao seu lado no sofá, seu rosto vermelho denunciava o choro.

- Medo de que? - Perguntou minha mãe, colocando as mãos sobre seus ombros largos.

- Medo da reação dela, medo de te perder! - Ele se exaltou falando um pouco mais alto.

Perder? Como assim? Ela iria sair de casa?

- Fale mais baixo querido. - Pediu ela

- Eu tenho medo Cheryl! - Repetiu ele.

- Eu... Eu sei, eu também tenho. -Falou ela entre soluços.

- Eu vou fazer o possível para pagar todo o tratamento de seu Câncer. - Afirmou ele.

Espera?! Câncer? É um signo? Pesquisei todo meu celebro a procura de alguma informação. Nada.

Subi rapidamente para meu quarto, e liguei o antigo computador deixando os dois a sós. Coloquei meu dedo indicador na caixinha de som para não sair o barulho dele ligando e tentei me acostumar com a claridade do mesmo. Entrei no Google e pesquisei por "Câncer" abrindo vários resultados logo em seguida. Entrei no o primeiro link que avistei onde falava sobre o signo câncer. Voltei até os resultados e entrei no outro link logo em baixo. Não entendi metade das palavras que se encontravam lá, larguei o computador do jeito que estava e voltei novamente me sentar no degrau da escada.

- Se acalma, vai dar tudo certo. - Afirmou minha mãe.

- Você pode morrer, como quer que eu fique calmo! - Exclamou ele um pouco mais alto. Meus olhos se encheram de lágrimas.

- Mamãe, você vai morrer? - Perguntei assim que me levantei do degrau, com lágrimas já formando em meus olhos se preparando para saírem.

Meus pais estavam com os olhos vermelhos e inchados devido as lágrimas. Minha mãe estava sentada no sofá com as mãos apoiadas na testa e aparentemente cansada. E meu pai estava em pé com as mãos atrás do pescoço.

- Filha? - Falou minha mãe, vindo ao meu encontro chorando.

- Mãe você não pode morrer. - Eu disse a abraçando molhando todo a sua blusa vermelha com minhas lágrimas.

- Eu não vou filha, vai ficar tudo bem. Falou ela na tentativa de me confortar.

- Mas o papai falou que... - Ele não me deixou terminar só resmungou um "shii", e veio ao nosso encontro nos envolvendo em um abraço em família, que não acontecia a muito tempo.

Assim que nosso abraço se desfez subi as escadas até o meu quarto, sendo acompanhada da minha mãe e me deitei na cama novamente, ela beijou minha testa e disse.

- Durma mais um pouco filha, ainda está cedo.

- Mãe, você vai... morrer? - Perguntei com medo da resposta.

- Depois conversaremos. - Disse ela por fim me deixando sozinha no quarto e voltando para a sala.

Dormi bastante tempo até acordar naquele sábado com o sol entrando pelas cortinas brancas. Me levantei da cama e fui até a cozinha me encontrando com meus pais sentados na mesa, em um silêncio estranho.

- Bom dia! - Eu disse desanimada. - Tive um sonho horrível! - Exclamei levando uma das minhas mãos para coçar os olhos.

- Que sonho? - Perguntou meu pai curioso.

- Sonhei que você mãe, tinha uma doença chamada câncer. Foi terrível.

Minha mãe engoliu em seco e meu pai quase entornou o café que levava até a boca surpreso.

- Ainda bem que não foi verdade. - Eu disse suspirando e pegando algumas torradas e as lambuzando de geleia de amora.

- É. - Disse ela aparentemente incomodada.

- Porque estão assim? - Perguntei estranhando.

- Assim como? - Perguntou meu pai.

- Desanimados... parecem tristes. Aconteceu alguma coisa? - Perguntei, estava ficando preocupada.

- Filha, precisamos conversar. - Disse minha mãe em um tom sério, que me deixou com um pouco de medo.

- Conversar? - Perguntei juntando as sobrancelhas confusa. - Agora?

- Sim. - Respondeu meu pai.

- A mamãe... - Começou ele com cuidado. - Está doente.

- Doente? O que ela tem?

- Filha, eu tenho leucemia. - Revelou minha mãe.

- O que é leucemia? - Perguntei tentando me lembrar das aulas de ciências.

- É uma doença que dá no sangue. - Disse ela aparentemente escolhendo as palavras com cuidado. - A poucos dias descobri que estou com Câncer.

- Espera?! - Pedi. - Você tem leucemia ou câncer? - Perguntei.

- Filha, a leucemia, é um tipo de câncer. - Explicou ela.

- Então meu sonho?! - Perguntei com lágrimas nos olhos. - Não foi um sonho? - Eles negaram com semblantes tristes, me deixando sem chão.

Eu estava ao lado dela segurando em sua mão enquanto ela estava deitada em uma cama de hospital, ela murmurou um eu te amo e simplesmente morreu, calma e serena, sua pele gelou e seu rosto empalideceu.

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