Décimo Oitavo Capítulo

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Eu me encontro em uma situação um tanto quanto cômica, minha melhor amiga me está me deixando prensada na parede enquanto segura uma tesoura na mão.

- Deixa por favor! - Exclama ela juntando as mãos.

- Olha meu cabelo está ótimo assim. - Digo passando as mãos sobre ele.

-Você está parecendo uma monstrinha com esse cabelo. Olha essas pontas duplas! - Exclama ela apontando para meu cabelo.

De fato, há algumas pontas duplas em meu cabelo, e já está passando da hora de cortar, mas Amber não é a melhor pessoa para fazer esse procedimento.

- Ele está ótimo assim. - Digo me olhando no espelho. Ela do nega com a cabeça. - Além disso você é louca, quer cortar meus cabelos mas nem sabe como fazer isso! - Cruzo os braços. - Nem nunca deve ter feito!

- Eu sei fazer sim, e eu já até cortei minha franja! - Diz apontando para a mesma que já passava de seu queixo.

- Cortar franja é fácil, o cabelo todo não! – Reluto, com medo daquela tesoura que ela segura.

- É sério Kathy, não vou cortar muito. - Insiste ela fazendo um bico. Dou um suspiro e digo por fim.

- Tudo bem, eu deixo, mas se você fizer cagada no meu cabelo juro que eu corto o seu todinho. - A ameaço. Ela então assente me fazendo sentar em sua cadeira lilás com rodinhas.

Quase meia hora depois, Amber finalmente termina dando um sorriso satisfeito. Me levanto com receio da imagem que seria refletida no espelho e vou devagar até o mesmo.

Por sorte meu cabelo ficará incrivelmente mais bonito, o que me surpreendeu principalmente vindo de uma pessoa estabanada como Amber.

Ela apenas diminuiu um pouco no comprimento e fez uma franja curta.

- Viu! - Começa convencida. - Eu disse que sei cortar! - Diz se achando ao máximo, aparecendo logo atrás de mim no espelho, notando minha expressão maravilhada. - Ótimo, agora não podemos perder tempo, preciso arrumar seu cabelo! - Diz ela segurando um secador na mão. Suspirei, há mais o que fazer do que eu imaginava.

Após vários gritos e xingamentos vindos de minha parte, sobre ela quase queimar meu cabelo, finalmente o mesmo já estava pronto. Iríamos agora para a parte mais chata e melecada.

Maquiagem.

Ela então me mandou centar em uma cadeira próxima a sua penteadeira, fica na minha frente e começa a colocar uma coisa molhada que mais parece uma meleca e começa a espalhar em meu rosto.

- O que é isso? - Quase grito passando uma das mãos sobre a testa, Amber solta uma risada pelo nariz e diz.

- É base. - Diz Amber continuando a passar sobre meu rosto, fecho os olhos e começo a relaxar me lembrando de minha mãe. Sorriu ao ver a imagem dela em minha mente. Os cabelos de uma cor aloirada como os meus, preso em um rabo de cavalo e o sorriso encantador dela.

- Pronto! - Minha amiga diz com o olhar satisfeito me tirando de meus devaneios.

Me assusto com o reflexo, estou incrivelmente bonita. Meus cabelos soltos fazem uma leve onda charmosa por cima do tecido azul claro do vestido, que valoriza minhas curvas, nos pés uma sapatilha azul da mesma cor do vestido, nada desconfortável. A maquiagem com vários tons claros de azul e na boca uma cor nude de batom.

- Já estão prontas? - Ouço a voz de Carter acompanhada de uma batida na porta. Meu coração parece sair pela boca.

- Já estamos indo! - Diz Amber para Carter do lado de fora. - Faz cara de rica e arrasa! - Comenta alto o suficiente para que só eu a escute, então abre a porta com um sorriso satisfeito.

Carter estava parado em frente a porta esperando sem paciência mas assim que me vê sua expressão muda. Ele abre um leve sorriso, Amber então passa em sua frente e começa a andar em direção a porta de saída da silenciosa casa.

Os pais dela estavam fazendo uma viajem a trabalho para Nova York e levaram o pequeno Brian com eles, por insistência de Amber. Eles não questionaram a ela pois, sabiam que ela iria brigar com ele e vice e versa.

Carter então me segura pela mão, o que me faz quase recuar para trás e diz no meu ouvido:

- Você está linda! - Os pelos da minha nuca se arrepiam. Dou um sorriso tímido para ele. Tenho certeza que minhas bochechas estão mais rosadas do que a roupa de Amber.

- Obrigada! - O respondo muito baixo. Ele então abre um sorriso de orelha a orelha deixando a mostra suas covinhas.

***

-Posso me sentar com vocês? - Pergunta Noah comprimindo os lábios.

- Pode. - Digo antes que Amber responda que não. Ela então revira os olhos.

- Acho que devo algumas explicações a vocês. - Diz ele se sentando ao meu lado no sofá. Assinto esperando que ele continue a falar. - A verdade é que foi a Hanna, que colocou as respostas da prova no seu armário Katherine.

- Não me diga! - Comenta Amber com ironia. Ele então olha para os lados, se certificando que mais ninguém estava olhando e quase sussurra.

- Ela me ameaçou. -

- Ameaçou com o que? Falou que ia contar para todo mundo que você tem uma espinha na bunda? - Diz Amber explodindo em gargalhadas logo em seguida. Me contenho para não rir junto com ela. - Preciso ir no banheiro. - Diz de repente se levantando e indo em direção ao mesmo.

- Por favor acredita em mim! - Súplica ele juntando as mãos.

- Ameaçado de que? - Cerro os olhos. Ele então respira fundo.

- Não posso falar. - Diz engolindo em seco. - Você ainda vai me ajudar com a Amber? Ou desistiu da idéia? - Pergunta ele me encarando triste.

- Tudo bem eu ajudo. - Digo para ele. Afinal se ele não me falou o porquê de ter sido ameaçado tinha algum motivo. Mesmo que eu não ache certo o fato dele fazer isso por ser ameaçado. - Só não sei se ela ainda vai te querer. - Digo dando um soquinho amigável no ombro dele em forma de encoraja-lo.

- Ei, eu trouxe para vocês... - Ouço uma voz dizer isso, me afasto bruscamente de Noah com o susto e olho em direção a voz. Não vejo ninguém que poderia ter dito isso, volto a relaxar e a conversar com ele sobre Amber.

Conversamos por alguns minutos, até que dou falta da minha amiga, digo a Noah que vou procura-la e começo a andar em meio a adolescentes bêbados, gente se pegando e desvio de uma poça de vômito nojenta. Avisto Carter em pé se apoiando em um balcão na cozinha e não penso duas vezes em perguntar a ele se ele sabe da prima.

Cutuco seu ombro e o mesmo se vira para mim assustado. Seu rosto está vermelho e ele parece suado.

- Você viu a Amber? - Pergunto a ele que começa a rir como um louco.

- Você não... - Começa ele com a voz arrastada logo depois rindo mais um pouco. - Você não gosta de mim - Dizendo isso começa a rir de novo sem se controlar. Logo percebo que ele está bêbado.

- Você está bêbado? -Pergunto franzindo a testa. Ele fica alguns segundos calado e começa a rir de novo. Ele então se levanta tentando se manter em pé, e vai andando cambaleante passando pela sala de estar e saindo pela porta.

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