Noite do caos

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E foi assim, em uma noite qualquer, estava deitada na minha cama, olhando pro teto, havia perdido o sono e por causa do calor não consegui dormir novamente. Foi quando de repente percebi uma movimentação em casa, passos apressados pelo corredor, e logo depois vozes vindas do andar de baixo.
Me levantei em silêncio, sai do quarto e alcancei o topo da escada, pode reconhecer a voz do meu irmão passando instruções pra alguém, eram instruções de defesa, estavamos sendo atacados novamente, pela terceira vez na mesma semana, mais dessa vez a noite, o que complicava um pouco mais a situação, por que além de estarmos sem alguns dos nossos aliados, que haviam se ferido nos outros confrontos, na escuridão não dava pra ter certeza da localização exata dos invasores e de quantos se tratavam.
Também reconheci a voz de quem estava recebendo as instruções do meu irmão, era o Moura, ele havia sido o braço direito do meu pai no comando da favela, e teve papel importante ensinado o JP a comandar o morro nesses ultimos três anos, se tornando assim também braço direito do meu irmão.
Eles discutem a melhor estratégia pra nos defender, e ao chegarem num concenso, o Moura sai apressado pra passar o comando aos aliados, não poderiamos perder tempo,tinhamos que mobilizar todos que estivesse em condições de nós defender.
Assim que ele sai, desco as escadas, e vejo meu irmão encostado no sofá com a mão na cabeça, ele percebe minha aproximação e me encara, pela primeira vez vejo medo em seu olhar, começo a me assustar com sua expressão, mais tento me controlar.

-O que está acontecendo?

-Estamos sendo atacados, temos que ir pro abrigo.-ele pega o celular e passa mais instruções. Mais dessa vez ele está falando com o Lopes.

-Como assim vamos pro abrigo, nós nunca nos escondemos, o que tem de tão grave nesse ataque? sempre conseguimos dete-los sem precisarmos nós preucupar.-pergunto assim que ele finaliza a ligação.

- Não estamos preparados pra esse ataque Ella, temos poucos aliados, e não temos tempo pra esperar reforços, tive informações que eles ja passaram pela nossa primeira linha de defesa. Se eles conseguirem ultrapassar a segunda logo estarão aqui, não podemos arriscar temos que ir pro abrigo e assim que a situação for controlada seremos avisados.

Ele mal termina de falar quando Lopes entra apressado na sala, acompanhado pelo seu sobrinho Pedrinho e por Montanha, ele ficaria na casa a espera de algum invasor, enquanto os outros dois seriam responsaveis pela nossa escolta até abrigo. Não tenho tempo nem de cumprimenta-los, temos que ser rapidos meu irmão vai até escrivaninha no canto da sala e pegá duas armas, uma ele coloca na cintura a outra ele confere se ta carregada e a estende pra mim, exito um pouco em pega-la mais sei que é necessário, não tenho muita pontaria, tive poucas aulas no topo do morro, mais ja era o suficiente pra talvez não ser morta. Ao pega-la reconheço, é minha glock, ele havia me dado de presente dois meses apos a morte do nosso pai, quando ele insistiu para que eu apendesse a pelo menos me defende se algo acontecesse, ele dizia que ela seria perfeita pra mim, pois era compacta, leve e precisa.
Ele se volta novamente para a escrivaninha e pega outra arma para si, deixando a da cintura de reserva.
Sem mais demora vamos para a cozinha pegar a saida dos fundos, em direção ao abrigo. Pedrinho vai na frente, eu estou logo atrás com JP ao meu lado, e Montanha na nossa retaguarda.
O abrigo se trata de comodo construido no solo, com uma entrada camuflada quase impossível de localizar, também possui paredes de concreto impenetraveis, e porta de aço que só pode ser aberta com uma combinação única, onde apenas meu irmão e seu braço direito Moura possuiam. Ele ficava no topo do morro no meio da mata, a uns 800 metros da nossa casa, era um difícil caminhar pois se tratava de um caminho estreito aberto no meio do mato.

Estavamos andando, atentos no caminho, quando fomos surpreendidos, primeiro foi o som abafado e em seguida o corpo de Pedrinho desaba na nossa frente completamente sem vida, percebi que o barulho abafado era um tiro, estavam usando silenciadores. Ficamos em posição de defesa, JP se posicionou na minha frente, era noite mais a lua iluminava o suficiente para vermos nossos inimigos se aproximando, eram muitos,em questões de segundos estavamos cercados por mais de quinze homens.

Tudo aconteceu muito rapido,eles se aproximaram e atiraram, foi dois tiro seguidos, um matou Montanha, e outro acertou meu irmão, não tibe tempo de ver onde a bala tinha acertado,  o choque de ver o JP baleado na minha frente foi muito grande, era se o meu coração tivesse se rasgado no meu peito, e num ato impensado, disparei.

Nunca nem em todos as aulas de tiro que fiz, tinha tido uma pontaria tão precisa, mas no momento em que vi meu irmão no chão, parece que a adrenalina e a raiva fluiram pelo meu corpo, me dando o controle preciso ao apertar o gatilho.

A bala acerto na cabeça, pode vê-lo cair primeiro de joelhos e em seguida tombar o corpo pra frente também sem vida, e então veio a dor junto com o barulho de mais um tiro. Cai ao lado do JP, meu ombro queimava, a dor era insuportável, e eu já não conseguia me manter consiente, então desmaiei, desejando imensamente nunca mais acordar.

Não queria despertar, principalmente se JP estivesse morto, não era essa a vida que queria pra mim. Completamente sozinha.

E agora uma assassina.








Desculpem a demora, agora prometo postar regularmente😊

E obrigada pelos elogios e estrelinhas e muito bom saber que estão gostando.

Continuem acompanhando, vc irão se surpreender bastante com essa história 😘

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⏰ Last updated: Dec 24, 2018 ⏰

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