— Terry Mark — responde Jonathan ao meu lado.

— Ah sim. Ele está no quarto 413.

Assim que a mulher nos diz o número, seguimos imediatamente, sem sequer ouvirmos o que ela tinha para dizer. Ao chegarmos ao quarto andar, procuramos imediatamente o quarto onde estava o meu sobrinho mais novo.

— Governadora! Peço imensa desculpa, mas o seu sobrinho não está pronto para receber ninguém, no momento.

— Eu posso entrar quando eu quiser. Serei obrigada a dizer quem é que não me deixou entrar?

— Não, governadora, peço imensas desculpas.

— Bem me pareceu — respondo a virar costas.

— Uau — diz Jonathan, enquanto precorremos o corredor dos quartos.

— O que se passa, sobrinho?

— Não estás nada igual. Quero dizer, já não tens aquele estilo envergonhado. Agora és toda "eu faço o que eu quero" e "eu quero, posso e mando".

— Mas isso é porque eu quero, posso e mando. Antigamente eu também queria, mas não podia nem mandava. Toda a gente muda com o poder, Jonathan. É inevitável.

Chegamos por fim ao quarto de Terry. Quando olho para ele, vêm-me as lágrimas aos olhos.

— Porque é que ele está com os olhos fechados? — pergunto eu a uma enfermeira que lá estava.

— Ele está em coma induzindo. Quando caiu, o osso da perna saiu quase completamente — diz.

Imediatamente, reparo na sua perna, que está segura por um pêndulo no teto. Paço a minha mão por cima da perna. Ele não reage, como seria de esperar. Fecho os olhos, e umas fortes luzes azuis fazem-se sentir mesmo quando tenho as pálpebras fechadas.

Ao abrir os olhos, reparo que Terry também está a abrir os dele.

— Jonathan? — pergunta ele, por não me reconhecer.

— É a tia, meu querido.

— Doutor, doutor! — grita a enfermeira para de o corredor. O doutor aparece imediatamente.

— Enfermeira, reinicie as máquinas. Alguma coisa correu mal.

— Alguma coisa correu mal? O que raio é que está a dizer? O meu sobrinho está lesionado e acabou de acordar do coma.

— Governadora, é um prazer estar na sua presença — faz-me uma vénia juntamente com a outra enfermeira.

— O prazer é todo seu.

— O que se passa é o seguinte, Governadora: o seu sobrinho estava num coma induzido, que é a única maneira de ele não sofrer.

— Pode estar descansado, ele já não tem dores.

— É verdade — interrompe Terry — É como se a minha perna estivesse novamente no lugar.

— Enfermeira, leve o paciente para o raio-x.

— Eu posso ir — sem mais nem menos, Terry levanta-se da cama, como se a sua perna engessada fosse apenas um adereço. O doutor continua a olhar para mim.

O que é que se passa, vives numa caverna, querido? Eu tenho poderes.

Passado um pouco, o meu sobrinho largou a bata de hospital e está agora com as suas roupas normais.

— O seu sobrinho já tem a alta — responde o médico segurando o ombro de Terry — Governadora, devia considerar vir aqui ao hospital.

— Terei a certeza de que coloco em injeções algum do meu poder para doar ao hospital em situações para os mais necessitados.

— Isso seria fantástico, Governadora. Muito obrigado.

— Eu é que agradeço — apesar de não teres feito nada.

— Tia, obrigado por me teres vindo ajudar. Estás muito bonita.

— Oh querido, eu sei. Bom, vamos lá levar-te a casa. Dêem-me os dois as mãos.

Em menos de nada, estamos em casa do meu sobrinho mais novo, remodelada e completamente diferente.

— Uau, remodelaste o sítio?

— Sim, arranjei um emprego novo — diz ele abrindo as cortinas.

— Sim? Qual é?

— Trabalho na associação de apoio de Intrusos.

O meu coração para.

— O QUÊ?

— Eu sei que és contra isso.

— Eu sou TOTALMENTE contra isso. Nem acredito que um sobrinho meu realmente apoie isso.

— Mas tia, tu não percebes — começa a sussurrar — Eu também sou contra isso.

Faço uma cara do tipo "what the hell"

— A única razão porque estou lá e porque eles pagam incrivelmente bem. Tão bem. Recebo E$8.000 por semana.

— Uau, isso realmente é imenso.

— Eu sei! Consegui dinheiro para remodelar a casa em 2 meses.

— Bem, se dizes que és contra isso... Eu apoio-te.

— Obrigado tia. Para além disso, com 75 anos o que se quer e aproveitar o resto da nossa vida ao máximo.

— Muito bem então. Quando tiver vagar, venho aqui fazer-te uma visita mais proveitosa. Agora tenho de ir, senão a minha assistente descobre que eu estou aqui e vem-me buscar para eu tratar das coisas do governo.

— Está bem então. Fico à espera.

Damos um abraço que me aquece a alma.

— Ah, Jonathan, esqueci-me de ti — digo eu a por a mão na testa. Despeço-me dele, e abano a mão para o levar à sua casa.

Digo adeus mais uma vez ao meu sobrinho mais novo e volto ao supermercado.

Uma das melhores coisas desde que o Mestre me pôs este dispositivo, e poder parar o tempo enquanto estou em Elitrópolis. Por isso, ao voltar à loja, vejo toda a gente parada, ainda a olhar para a comida caída do meu cesto.

Ajeito-me e abano a mão, apagando a memória de toda a gente.

A Empregada Extraterrestre Donde viven las historias. Descúbrelo ahora