Novembro de novo - 6 - FINAL

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30.11.2016

- Oi?

Olhei para cima, sem perceber que eu estava aérea.

Luisa, a garçonete, me olhava estranhamente, como se estivesse me chamando há algum tempo.

- Desculpe – ri – Eu estava distraída.

Ela riu, sendo educada, provavelmente pensando que eu era louca.

- O Davi pediu para eu te trazer isso – colocou um brownie sobre a mesa, em minha frente – E te desejou feliz aniversário.

- Ah! – sorri – Obrigada!

Ela sorriu e se afastou.



2013.

Julho, agosto, setembro, passaram num piscar de olhos.

A faculdade, os trabalhos e a as pesquisas para o intercâmbio estavam, aos poucos, me deixam louca.

Antes de entrar na faculdade, eu achava que, apesar de ter que estudar, tudo seria mais fácil, mas eu estava enganada. Eu nunca fui uma aluna espetacularmente dedicada, mas eu não queria nem pensar na possibilidade de perder minha bolsa de intercâmbio, por isso tentava, o máximo possível, tirar as melhores notas em meus trabalhos e esse era o motivo de eu estar quase 80% do meu tempo, focada na faculdade e em Barcelona e nessas prioridades, Pedro teve que sair da lista.

Também, havia Guilherme, um assunto que eu sempre tentava evitar de pensar, pois me deixava estranhamente ansiosa e sem saber como agir mesmo estando sozinha. Pensar em Guilherme me cansava sentimentalmente, eu simplesmente não conseguia lidar.

Nossos encontros continuaram, claro, eu realmente sentia vontade de ver ele todos os finais de mês, mas aos poucos começamos a nos distanciar. Eu percebia que ele tentava manter a mesma relação entre nós, mas após o quase beijo, que nunca foi citado, havia uma certa tensão que nem eu, nem ele conseguíamos disfarçar.

Ainda ríamos, conversávamos, mas no fim do encontro parecia que tudo havia sido um pouco vazio.

Isso me incomodava um pouco por dentro e eu não conseguia entender onde falhamos. Na verdade sim, sabia. Já não nos bastava apenas conversar.

Sabíamos que não éramos feitos para sermos amigos, pois havia atração, química e vontade entre nós. Antes da tradição, nós apenas nos dávamos incrivelmente bem, mas não havia compromisso de amizade ou qualquer outro tipo de compromisso e agora...

- Vocês não vão conseguir manter isso por muito tempo – disse Cris um dia, quando estávamos falando sobre o assunto.

Eu gostava dele. Eu já tinha conseguido admitir isso para mim mesma há algumas semanas. Estar com ele me fazia extremamente bem, nos entendíamos, nos desafiávamos e tínhamos muita coisa em comum. Ele era para mim a dose certa, mas...

- Não posso ficar com ele. Isso não daria certo. Eu não quero namorar e ele nunca leva um namoro realmente a sério. Não quero estragar o que temos.

- Logo vocês não terão nada – Cris concluiu e eu me voltei para ela com uma expressão consternada.

Eu não queria pensar nisso.



30.09.2013.

Foi em nosso encontro de setembro que as coisas voltaram a se encaixar entre nós e o fim realmente começou a aparecer.

Nossos 12 mesesWhere stories live. Discover now