Capítulo XVIX

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Wendy com olhos banhados em lágrimas, trêmula, desesperada, com raiva de si mesmo, batia contra o peito de Lucy com as mãos fechadas com força. Mira a abraçou por trás, ela falava alguma coisa, a azulada sabia que a mesma a tentava consolar, porém, ela não ouviu nada a não ser os próprios soluços.

-Lucy... Lucy... volta, por favor, volta...- A pequena ajoelhada escondeu sua face sobre o peito da amiga inerte, seus poderes de cura em nada ajudou.

Mira fitou a pequena desolada, ela própria chorava, aquilo tudo, aquelas lutas, aquele sangue espalhado pelo chão, a guilda que desmoronava, nada daquilo deveria está acontecendo. Makarov não deveria está morto, Laxus não deveria está se culpando, Happy não deveria está desaparecido, nada daquilo deveria, mas era, por causa de um único ser, aquele que naquele momento batalhava contra Gray a Juvia, os ferindo, os machucando. Mira pela primeira vez em tantos anos sentiu ódio, raiva, irá, o desejo de realmente aniquilar alguém.

-Satan Soul! -Suas palavras vieram baixas, frias, algo incomum a doce Mirajane.

Tão logo sua magia se fez, ela se transformou, se lutaria contra um demônio deveria então ser um demônio.

Deixada sozinha Wendy permaneceu, abalada pela sua perda, desligada brevemente do mundo em volta, mesmo que sob ela tudo se abalasse.

Lucy puxou para seus pulmões o ar, ela pode ouvir o barulho de seu coração quando esse voltou a bater, ela sentiu seu corpo inteiro quente, os pelos arrepiando, uma energia que passava por cada centímetro de seu corpo, a dando vida, a fazendo desperta. Seus olhos chocolates se abriram, a primeira coisa que viu fora a cabeleira azul, a primeira coisa a qual se deu conta foi que a dona dos cabelos azuis chorava e em seguida que o mundo inteiro parecia tremer.

Diante do visível desespero da sempre meiga Wendy, Lucy se viu agindo, uma de suas mãos fora pousada sobre os fios azuis, os acariciou, carinhosa, acolhedora.

-Esta tudo bem Wendy, tudo ficará bem agora.

Ao ouvir aquela voz conhecida, ao sentir o toque dela, de súbito a azulada ergueu sua cabeça, seu olhar surpreso voltado para os castanhos da amiga, essa que lhe ofereceu um pequeno sorriso. O olhar de Wendy foi tomado por alívio, a pequena rapidamente abraçou a loira, ela estava feliz, aliviada.

-Você está viva Lucy. Fico tão feliz!

-Eu também, dessa vez não irei a lugar nenhum.- Disse ao retribuir o abraço da amiga.

Levou alguns minutos para que Wendy se afastasse, ainda sorridente. Lucy se ergueu, sob o olhar atento da outra, os olhos castanhos observando os arredores, tentando em segundos entender tudo que acontecia.

Lucy viu Mirajane investindo contra Hayato, via a fúria que cada golpe continha, a loira sentiu seu coração pesar, ver alguém como a albina daquele modo era doloroso, porque nela doía ainda mais. Viu os corpos caídos, viu o sangue que manchava o chão, ouviu os gemidos dolorosos e a determinação de seus companheiros, que mesmo feridos continuavam a se erguer. Notou também que precisavam, todos, sair dali, o mundo não tremia, era a estrutura da guilda que se abalava, tudo aquilo iria desmoronar. Por fim, viu Natsu, o rosado envolto em chamas, com olhos raivosos, que se erguia diante de seu inimigo, e este era Atsushi.

Na mão de Atsushi, Lucy notou o acúmulo de magia, magia negra, magia que trazia a morte, ela iria para Natsu, e daquilo o rosado não poderia fugir. A maga celestial, no segundo seguinte, corria, não ouvindo o que Wendy começava a falar, ela devia salvar seu melhor amigo, assim como devia também, libertar Atsushi de Hayato.

Lucy se pôs entre aqueles dois, Natsu e Atsushi, um pouco ofegante, e seus olhos chocolates caíram sobre os dourados, ali viu um questionamento mudo, uma surpresa e então um sorriso de diversão negra.

-Lucy? Mas como?- Ouviu a voz surpresa do rosado.

-Não se preocupe Natsu, agora ficará tudo bem, esta na hora de acabarmos com isso.- A loura falara, sem deixar os olhos dourados.

-Parece bem confiante do que diz.- O demônio de olhos dourados comentou, prosseguindo.- Estou certo em supor que enfim lembrou, você me disse lá, agora me diga aqui.- O sorriso mudou para um mais cruel, os olhos dourado ainda mais predadores.- Tenho contas a acerta com um certo alguém.

-Temos, este não será um trabalho só seu... Atsushi, e nada de beijos dessa vez.

-Certamente.

Não precisara de mais nada, aquele diálogo chegara ao fim, eles eram uma única coisa, sabiam o que pensavam, o que desejavam. Lucy fora para o lado de Atsushi, ele tomou a mão direita da loira em sua esquerda, a mesma ainda manchada pelo sangue desta, ela que não ligava mais para aquilo, fora algo necessário, uma medida estrema que funcionou.

Lucy olhou para Natsu, um olhar que transmitia um pedido mudo de confiança e ele a cedeu, quando seus ombros relaxaram e seus punhos ele baixou. Natsu e todos os outros sempre a salvara, fosse em uma batalha, fosse de si mesma, agora seria sua vez, ela salvaria a todos, ela protegeria a todos.

Vindo de Atsushi, Lucy sentiu o poder que agora eles iriam compartilhar, não era algo puro, não ele sendo o que era, mas era o que era, então que o fosse. A magia em si aumentava, como no início, uma panela que transbordava, porém agora sem dor, sem descontrole que pudesse trazer o fim daqueles que lhe eram queridos. Sentiu sua palma envolta por Atsushi esquentar ainda mais, também formigar e logo estruturas sólidas aparecerem lá, o de olhos dourados se afastou, libertando a mão da loira, ela a abriu e seus olhos arderam por lágrimas que ela deixou vir junto a um sorriso que também não pode conter. Lucy aprendera que não era sinal de fraqueza chorar, até os mais fortes choravam. Em sua mão estava suas chaves, enfim os tinha de volta, pois eles não mais precisavam a proteger de Atsushi.

Apertou as chaves contra o peito, em outro momento as dariam bem vindas adequadamente, agora outro dever a chamava. Seus olhos caíram sobre a figura de Hayato, o viu segurar uma Mira desacordada pelo pescoço, com um sorriso de deleite, para ele não haveria compaixão. Seus pés afundaram no chão quando ela tomou impulso, correu, alcançando uma velocidade que nunca antes apreciara, vendo-se diante de seu inimigo, no milésimo seguinte. Ela não o permitiu pensar, agir, ou semelhante, rápida como veio ela o atacou, usando do mesmo golpe que Atsushi antes usará para mata-la, as mãos em garras, envoltos em uma magia que ceifava. Hayato com seus reflexos pudera desviar, não deixando de ter o peito tocado, onde uma pequena fissura fora aberta, ele retrocedera, seu erro fora não notar Atsushi com um sorriso sádico esperando a vez dele, logo ali a suas costas.

Hayato via sua parte humana como fraqueza, mas estava enganado, aceitar aquela parte como ela o aceitar, era ter o verdadeiro poder. Ele perderia aquela batalha, pois ali lutavam dois seres poderosos contra um ser poderoso, mas os dois lutavam como um e o poder deles o superaria.

The Inheritance - ConcluídaDär berättelser lever. Upptäck nu