Capítulo 22: Pedras no caminho

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— Olha, eu não saí da minha casa para você ficar me admirando. — Fechou a porta e acendeu a luz, agora não havia mais dúvidas de quem era.
— Chloé?! — Marinette estava surpresa demais para demonstrar qualquer outra reação. — O que você está fazendo aqui?
— Eu que pergunto. O que você está fazendo aqui parada?
— Pensando na vida. — Suspirou.
— E eu te dei permissão para ficar pensando? Você tem que se transformar! Rápido!
— Como você... — Foi interrompida pela loira, que não dava chances para que ela falasse.
— Não importa como eu sei que você é a Ladybug e tem esse bichinho mágico aí que te dá poderes e blá blá blá, mas agora você vai me escutar! Tudo bem, eu admito, não era para eu estar aqui mas eu não iria perder esse baile. — Passou a mão pelo cabelo amarrado em um rabo de cavalo como sempre. Estava vestida elegantemente, com um vestido de gala dourado e uma máscara combinando. — Eu te segui até aqui e descobri tudo isso e agora você tem que me ouvir pela primeira vez na sua vida. — Respirou fundo. —  Olha, toda vez que você me humilhava em público, o que você acha que eu fazia quando chegava em casa? Bem, eu corria para minha cama e chorava, chorava rios se precisasse, porém eu ficava pensando se o que eu fiz foi necessário.
— Espera, você pensa? — Enxugou uma lágrima que caía do rosto, rindo de si mesma por ter dito isso.
— Hahaha engraçadinha. Agora, shiu! — Deu uma bronca na colega e continuou seu longo depoimento. — Mas eu nunca aprendia a lição e voltava a ofender os outros. O motivo era porque vocês me obrigavam a ser assim. — A Princesa da Noite abriu a boca para tentar se defender da acusação, mas foi impedida novamente por um dedo em sua boca. — Deixa eu terminar! E então, você fica aí, chorando por medo de que por uma vez na eternidade você finalmente seja humilhada em público por ter um segredinho seu revelado ao invés de pelo menos tentar salvar seus colegas que tanto a apoiaram! Sem eles você não teria ganhado essa sua tiara. Então para de ser egoísta e pegue essa sua coisinha vermelha fofa e vá salvar sua cidade! — Cada palavra da filha do prefeito parecia um tapa no rosto da garota, toda aquela sinceridade havia a comovido, talvez colocado sua mente no lugar novamente.
— Ela está certa. Você não tem muito tempo. — Pela primeira vez a kwami se manifestou após a chegada da loira.
— Obrigada Chloé. — As duas se abraçaram, pareciam estar se reconciliando mesmo que ninguém acreditasse que isso poderia acontecer.
— Obrigada a você, Marinette. — Provavelmente esse poderia ser o início de uma nova amizade. Finalmente se soltaram e encararam-se, parece que todos podem mudar. — Se transforma. — A outra assentiu.
— Tikki, transformar! Yeah! — Um brilho rosa tomou conta do local, revelando a fantástica e amada joaninha da França.
— Posso te fazer uma única pergunta?
— Acho que você já fez algumas, mas pode.
— Você realmente sabe quem está por trás da máscara do Chat Noir? — Por algum motivo ela parecia estar curiosa, talvez fosse apenas alguma dúvida que tivesse aparecido em sua cabeça.
— Talvez, mas não acho que essa seja uma boa hora para falarmos sobre isso.  — Se observou novamente no espelho e ajeitou a franja, com um sorriso no rosto e foco na guerra que iria acabar encarando. — Fique em segurança, tá? Não quero ter que lutar contra a Antibug ou a Beijo da Morte.
— Quer dizer que eu sou melhor do que você? — A loira cruzou os braços, aguardando a resposta.
— Só nos seus sonhos. — Saiu pela porta e observou ao redor, o vestiário possuía várias janelas porém nenhuma estava aberta, o que já era previsível. — Agora só preciso saber como vou sair daqui... — Pensava alto, analisando a situação.
— Desde que você não queira me suicidar no meio daquele povo, acho que qualquer ideia serve. — Um certo gato apareceu por trás, dando um pequeno susto na garota.
— Não aparece assim do nada! — Repreendeu. — Da onde você surgiu?
— Acho que você esqueceu que os vestiários são separados por uma simples portinha. — Apontou com a cabeça para o objeto, deixando sua parceira sem graça.
— Desculpa. — Coçou a nuca envergonhada.
— Você está bem? — Chat se aproximou, colocando suas mãos no ombro dela e a encarando diretamente.
— Sim, por que a pergunta?
— Não parece. — Passou a mão pelos fios escuros, que continuavam soltos. — Não quer me contar nada? — O loiro fez com que os dois olhos se encontrassem diretamente, assim ela poderia ser sincera com ele.
— Eu estava com medo tá? É um pouco difícil se controlar nessas horas. — Estava ficando vermelha por causa desta ocasião, não queria mais falar disso porém foi surpreendida por um aconchegante abraço do mesmo.
— Não precisa ter vergonha, é normal ter medo. Confia em mim. — Encostou o queixo na cabeça da mesma, aconselhando e tentando conforta-la. — Agora nós vamos acabar com tudo isso e dependendo de tudo que for acontecer, estaremos aqui. — Entrelaçaram as mãos. — Juntos. Está bem?
— Tudo bem. — Sorriu e depositou um pequeno beijo na bochecha dele.
— Então qual é o plano?
— Tem certeza que quer saber?
— A resposta vai ser tão dura assim?
— Talvez. — Olhava atentamente para uma janela, já sabia o que ía fazer, provavelmente alguma loucura.
— Não, você não vai fazer isso, né?
— Ah vou sim. Se segura! — O segurou pela cintura e saiu correndo em direção a aquela mesma janela.
— Não, não! — Ficou com medo da menina, fechando os olhos e apenas esperando o quê ía acontecer.
De repente os dois, por impulso da joaninha, se jogaram pela tal janela, quebrando o vidro e quase caindo na calçada, cairiam se Ladybug não tivesse preparado seu ioiô antes e o pendurado no poste. Como o chão era baixo, fizeram um pouso perfeito em pé.
— Você está bem? — Perguntaram em uníssono, considerando essa coincidência como uma resposta positiva.
— Vamos subir lá em cima e pegamos eles de surpresa. — A menina ajeitava seu objeto mágico, pronta para voar em direção ao teto, porém algumas palavras a interrompeu.
— Gostei de ver uma Bugaboo diferente. — Provavelmente essa era a única forma que ele havia achado para avisar do cabelo dela, sempre galanteador.
— O quê? — Havia esquecido de prende-lo antes de se transformar, agora já não possuía fitas para amarrar no estilo tradicional. — Eu esqueci completamente disso! — Colocou as mãos na cabeça, mas logo se acalmou e voltou a focar na missão. — Agora vai ficar assim mesmo. — Deu de ombros, não havia tempo para um problema mínimo de cabeleira.
— Relaxa, você fica bem assim. — Novamente sorriram um para o outro. — Vamos.
Os dois heróis usaram suas armas para conseguirem chegar no topo da estrutura do colégio, já que a parte da quadra não era coberta. Enquanto não agiam, observavam a situação que a cada momento só aumentava o problema que teriam que encarar.
— Está pior do que eu pensava. — Ladybug se assustou ao ver que não era mais apenas Lady Wifi, Volpina e a misteriosa Hawk Moth, agora com a ajuda de Ilustrador do Mal, Homem Bolha, Tormenta e até mesmo a Sub Zero. — Olha! Ela só akumatiza pessoas que já foram akumatizadas antes, deve existir uma ligação nisso.
— Ou ela não tem criatividade para criar outros.
— Você distrai eles e eu pego a suspeita de surpresa! Aí descobriremos se ela é verdadeira ou falsa!
— E então xeque mate! O que eu vou ganhar por salvar o mundo? — Chat perguntou curioso, aguardando uma resposta agradável.
— Por nós termos salvado o mundo? — O repreendeu, forçando o nós da frase. — Paz por algum pequeno tempo?
— Nem um beijinho? — Tentou fazer uma cara fofa, mas parece que não funcionou direito.
— Vou pensar no seu caso. — Após isso, a garota sumiu na escuridão com seu ioiô.

— Ei gente! Já voltaram para me ver? Que gentileza da parte de vocês. — O loiro desceu na quadra, perto da entrada, onde a maioria dos vilões vigiavam.
— O quê?! Peguem ele! — A líder ordenou e seus servos começaram a ataca-lo de diversas formas.
— Eu sei que vocês estavam com saudade de mim, mas não precisam ser tão agressivos. — Desviava com prazer de cada ataque, até ficar realmente de frente para a porta. — Parabéns, estou encurralado! — Brincou. — Ou talvez não. — Bateu seu bastão na porta da entrada, desfazendo a ilusão e mostrando que na verdade ela estava aberta.
— Não! — A raposa gritou, porém o que foi feito já havia sido feito, não tinha mais volta.
Os alunos, apavorados, saíram correndo antes que acontecesse algo pior.
— Peguem ele! Eu preciso do Miraculous dele! — A garota só ordenava, balançando seus cabelos também dourados que se destacavam em um smoking roxo. — Espera, cadê a joaninha?!
— Serve esta aqui? — Ladybug aterrissou  no andar de cima com seu visual de costume, provavelmente nesse meio tempo havia passado em sua casa para arrumar seu cabelo.
— Vamos acabar logo com isso. — A outra se posicionou em pose de ataque. — Me entregue seu Miraculous ou você vai sofrer!
— Pode vim pegar! — As duas começaram a lutar, mas um chamado interrompeu tudo.
— Ladybug! — O gato realmente estava encurralado no chão, sem conseguir se levantar pelo motivo de Lady Wifi estar com um pé em cima do mesmo.
— Ah é sério?! — Colocou a mão na testa, lamentando a situação.
— Vai lá salvar seu gatinho, eu te espero. — Piscou, deixando a outra mais irritada.
Ladybug saiu correndo pela escada, mas não chegou a tempo, um barulho a assustou antes que chegasse, Ilustrador do Mal havia desenhado em seu tablet várias pedras grandes encima do garoto, o deixando por baixo de tudo aquilo, só com a poeira no ar.
— Chat! — Gritou.

A Vingança dos AkumasWhere stories live. Discover now