Um

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Eu estava andando pelo quarto da casa dos meus tios, de um lado para o outro. Aparentemente viriam muitos caras aqui para o Natal, e eu teria várias oportunidades de viver um amor.

Ouço o barulho de vozes e risadas, além de portas se fechando. Provavelmente eram os convidados chegando na casa. Respirei fundo e vesti a minha roupa preferida: um vestido amarelo até os joelhos, com um par de meias com listras amarelas e pretas e um sapato dourado com um salto baixo.

Sorrio para o meu reflexo no espelho enquanto prendo meu cabelo cor de caramelo em um coque e resolvo descer logo. 

Provavelmente o meu amor estava me esperando no andar debaixo.


~


- Nathalie! - ouço minha mãe me chamar. - Venha aqui me ajudar na cozinha!

Amaldiçoo mentalmente a minha mãe. Eu tinha vestido a minha melhor roupa para conhecer os meus... pretendentes, e ela me pedia para ajudá-la na cozinha! Vou andando, enquanto reviro os olhos.

- Ajudar com o quê, mãe? - pergunto, com uma voz de profundo tédio, porque era exatamente como eu me sentia. 

- Ajude a sua prima Josie a encontrar o quebra-nozes lá em cima, por favor. - minha mãe está apontando para a tal Josie com a cabeça. Olho para a direção para onde ela está apontando, e percebo que havia uma garota ali. Provavelmente Josie. Ela era realmente bonita. Mesmo com os cabelos castanhos bagunçados e a calça jeans e a camiseta sujos de tinta colorida.

Concentre-se, Nathalie, concentre-se...

- Tudo bem. - Ando em direção a Josie, e fico esperando que ela me siga, mesmo sem olhar para trás.

Quando já estamos do lado de fora, subindo a escada, Josie resolve falar.

- Parece que você não quer estar aqui... - diz ela.

- Em parte. - respondo, sem querer contar os planos que eu tinha para aquele feriado para alguma prima qualquer da qual eu nem sabia da existência até aquele dia.

- Deixe-me adivinhar - diz ela, seu tom repleto de sarcasmo. - Você está aqui por causa... deles? - Josie não deixou claro de quem ela estava falando, mas estava óbvio que se referia aos caras que estavam na casa. E, como ela conseguiu adivinhar eu não sei, mas era exatamente por aquele motivo que eu tinha aceitado vir para a casa dos meus tios. Resolvo não respondê-la, mas, sem que ela veja, mordo os lábios. - Adivinhei! - quase consigo ver o sorriso no rosto dela, e a ironia  presente no diálogo com ela era tanta que estava quase palpável.

- Supondo que seja exatamente por isso... - logo percebo que não deveria ter dito isso, mas era melhor que eu não continuasse a frase. -...e daí? 

- Bom... - diz Josie. - Se for esse mesmo o seu objetivo... eu posso te ajudar. - Mordo o lábio inferior. - Mas antes eu preciso te alertar de algo. - Nós já tínhamos chegado no topo da escada, mas eu não me viro na direção dela. Na verdade, eu não me movo de forma alguma. - Eles são uns babacas. É bom que você saiba. Fazem apostas sobre quais garotas eles vão "pegar", fazem competições de quem vira um copo de cerveja mais rápido...

Engulo em seco. Ela provavelmente estava blefando.  Provavelmente estava apaixonada por algum deles e não queria competição. 

Abro a primeira gaveta do móvel à minha frente e pego o quebra-nozes. Eu me viro para Josie e o entrego.

- Eu não preciso da sua ajuda. 


Tudo que eu quero de Natal é vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora