Eu sempre fico melhor depois de falar com você. Sou agora um homem liberto e esperançoso, depois de você aceitar as minhas justificativas sobre minhas estratégias para não deixar que você parasse de me mandar emails.

Tony também agradece, porque ele já ouviu seu nome tantas vezes que talvez ele seja capaz de repetir.

Deu tudo certo com os seus casamentos?

Eu imagino que deva ser muito estressante para as flores lidar com a decoração e noivas enlouquecidas.

Com carinho,
Alex
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De: lena.jun@mail.com
Para: alex.veiga@mail.com
Assunto: RE: Sem assunto

Não escreva "meus casamentos", porque isso me faz parecer uma daquelas mulheres que colecionam casamentos e pensões de maridos falecidos. Aquelas que sempre dizem no meio de uma conversa: "quando meu terceiro marido era vivo..." Ou, na melhor das hipóteses, me faz parecer aquele outro tipo, o que aproveita as reuniões de pais e mestres na escola dos filhos para alfinetar os ex-maridos, chamando cada um por um número.

Outro dia, uma cliente apareceu aqui procurando cravos. Eu só tenho cravos em novembro, porque quase ninguém aparece aqui à procura deles. É uma floricultura dentro de um shopping e não temos nenhum cemitério por perto. Só que ela queria cravos para entregar ao ex-marido. O vivo. Segundo ela, o marido morto não precisaria de flores para absolutamente nada.

Entende o que eu quero dizer?

Então, sobre os casamentos em que trabalhei, todos foram um sucesso, apesar de um deles ter tido complicações que acabaram com a alegria das rosas colombianas. Resumindo: o noivo quase desistiu e as mães (dos noivos) desmaiaram dentro da igreja. Casamentos pomposos são sempre imprevisíveis.

Peça desculpas a Tony por mim, ele não merece ter que ouvir o meu nome por tantas vezes. Espero que ele não esteja me odiando nesse momento.

Vic me disse que você está doente. O que aconteceu?

Com amor,
Lena

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De: alex.veiga@mail.com
Para: lena.jun@mail.com
Assunto: RE: Sem assunto

Tudo bem, me lembrarei de não mencionar os casamentos como seus, mas apenas como os que você trabalha. Não acha que soa mais estranho ainda? Quero dizer, alguém trabalha em um casamento e não para um casamento. Um casal trabalha em um casamento, certo? E você está sozinha trabalhando em um. Eu sempre entendi o casamento como um trabalho em equipe, mesmo que o meu não tenha durado muito tempo para que eu pudesse ter uma boa conclusão sobre isso.

Trabalhar em um casamento também me faz pensar em terapeutas especializados em terapia para casais.

Eu estou ficando um pouco bêbado, ou nossas conversas sempre foram estranhas assim e só agora eu percebi?

Sobre a minha doença, não é nada preocupante, apesar do boato que deve estar se espalhando no escritório. Minha imagem de workaholic me garante a possibilidade de poder faltar ao trabalho, ao menos um dia, sem me preocupar e sentir culpa por isso. Sim, estou matando o trabalho sob o álibi de um atestado médico.

Meu ortopedista diz que é doença, mas eu chamo apenas de dor na mão esquerda. Precisei imobilizá-la por causa da crise da tendinite e prometi que iria mantê-la longe de um teclado (teclado do celular não conta, porque posso digitar com a outra mão ou pedir que o aplicativo escreva por mim).

Com Amor, Lena [Concluído]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang