A Noite da Festa - Parte II

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Ao se aproximarem puderem ouvir a música que tocava lá dentro, não muito alta por motivos óbvios, era alguma banda de rock alternativo, o que o animou bastante, ao menos o som era bacana. Mas, se não fosse pela música, o local aparentava estar vazio, embrenhado pela escuridão. Fabiola bateu três vezes na porta de metal e Ícaro os atendeu e ao entrar, Hector percorreu o interior da construção com o seu olhar: na entrada havia uma sala longa e retangular, que antigamente funcionava como recepção, na parede esquerda uma escadaria, nada segura, que leva ao segundo andar, onde existiam banheiros e salas de reunião, seguindo reto havia as salas de matança do matadouro, as quais todos tentavam evitar.

Uma luz estroboscópica piscava sem parar em um dos cantos da sala de entrada, o rádio portátil estava sobre uma bancada velha. No centro da sala havia uma mesa e alguns móveis velhos, como sofás e balcões e sobre eles estavam as gêmeas, dançando e sensualizando enquanto bebiam seus drinks de vodka e energético. Em outra bancada, mais afastada, estavam as bebidas, cigarros e até mesmo algumas drogas.

– Que bom que vieram – falou Ícaro ao cumprimenta-los – fiquem à vontade, vou falar para Ferdinan preparar uma bebida.

Ícaro se afastou antes que Hector pudesse negar a bebida e Fabiola foi atrás de alguém para curtir a noite, sem se importar com o fato de que ele poderia se sentir desconfortável sozinho naquele lugar. Mesmo com a luz, a penumbra dominava o ambiente, o que impedia que ele identificasse a maioria das pessoas que estavam ali. Enquanto Hector procurava algum conhecido para se enturmar, notou uma máscara, com o formato de caveira de uma cabeça bovina, provavelmente feita por um aluno veterano, pendurada em uma parede próxima.

– Sinistra, não? – comentou Ferdinan ao aparecer de trás dele, com as bebidas.

– No mínimo – concluiu Hector.

Ferdinan ofereceu um copo para ele, que por um breve momento pensou em recusar, mas de que adiantaria ir a uma festa e não se permitir experimentar coisas novas? Ele precisava se soltar caso quisesse ser convidado novamente.

– Achei que ia ser algo mais reservado – falou Hector, antes de beber um gole do drink, tentando não fazer uma careta por causa do gosto amargo – Caio falou que era para o pessoal de enfermagem, mas tem muita gente de outros cursos.

– É, acabamos extrapolando – observou Ferdinan – mas o pessoal aqui é de confiança. Posso garantir que não seremos pegos, se é com isso que está preocupado.

– Não estou preocupado – ponderou por um instante – é que não estou acostumado.

– Não esquenta – Ferdinan colocou sua mão esquerda sobre o ombro esquerdo de Hector – Pode ter certeza que sua noite vai ser inesquecível.

Ele deu uma piscadela na direção do outro e Hector sentiu seu corpo estremecer, "será que ele estava o cantando mesmo?". Ele não saberia lidar com aquilo, não sóbrio. Então bebeu o resto de seu copo e pediu que ele preparasse outra bebida, Ferdinan concordou e se afastou, dando brecha para que Fabiola viesse falar com Hector.

– Agarra o boy – ela riu – não deixa ele escapar, sério! Esquece o que eu falei sobre o Victor, você merece experimentar algo novo e Caio comentou que o Ferdinan tem as mesmas intenções.

– Eu não sei – Hector olhou em direção a Ferdinan, que ria junto de Valéria – ele me parece bastante hétero.

– Fachada, Hector. Vai por mim, ele quer você.

– Tudo bem, vamos fingir que eu acredito em suas palavras – ela riu outra vez, demonstrando estar levemente alterada – e quanto a Caio?

– O que tem ele? – questionou Fabiola, fingindo não ter interesse.

–Vai dar uma chance?

– Se ele for um bom galanteador, talvez – Fabiola fez um biquinho e sumiu na penumbra, deixando-o sozinho outra vez.

Mas, não demorou muito para Ferdinan aparecer.

– Vem – ele segurou sua mão – vamos lá com o pessoal.

O jovem hesitou em segui-lo e logo se viu rodeado de pessoas, que interagiam com ele e riam de suas piadas, como se fossemos amigos de longa data e em meio as risadas, acabou perdendo a conta de quantos drinks bebeu e quando percebeu estava dançando junto a Monique sobre a mesa no centro da sala. Não se importou com o que os outros iriam pensar, ele só queria me divertir. Mas, com toda a empolgação, acabou errando o pé da mesa e despencou. Tudo pareceu ficar em silêncio e quando a música voltou a tocar viu Ferdinan estendendo a mão em sua direção.

– Você está bem? – perguntou ele, enquanto as risadas do pessoal eram abafadas pelo som de Crown on the Ground.

– Estou, sim.

Após o ajudar a levantar, Ferdinan continuou o segurando, com suas mãos apoiadas em suas costas. Ele era mais alto, mais forte e seu corpo estava pressionado com força contra o de Hector, e suas mãos estavam apoiadas no peito firme de Ferdinan, que sussurrou algo que ele não compreendeu, mas ao invés de pedir que ele repetisse, Hector apenas fitou sua boca e desejou que ele o beijasse e como se estivesse lendo sua mente, ele realizou o seu desejo. Após o beijo Ferdinan o empurrou para trás, até que seu corpo fosse de encontro à parede e continuou a beijá-lo, sem se importar com os olhares alheios, enquanto suas mãos passeavam pelo seu corpo. Mas parou subitamente.

– Vamos com calma – disse ele ao se afastar – não quero perder a cabeça aqui.

Hector sorriu e concordou. Ferdinan o abraçou e sussurrou "Muito obrigado" em seu ouvido, o que fez seu corpo ficar todo arrepiado. Ele mal sabia que quem agradecia era Hector mesmo. Ao voltarem para o grupo que estava bebendo, Hector sentiu receio de sofrer algum preconceito, mas Ferdinan segurava sua mão, ele estava seguro de si, porque Hector não poderia estar também?

– Ao novo casal – Valéria ergueu seu copo propondo um brinde quando viu que os dois estavam se aproximando.

Hector olhou em volta procurando por seus melhores amigos, mas não viu sinal deles, então decidiu beber mais e conquistar os melhores amigos de Ferdinan também. Em algum momento da noite, alguém havia pego a máscara de caveira bovina e agora ela estava passando de rosto em rosto e todos pareciam se divertir. E Ferdinan decidiu colocá-la na cabeça de Hector, que tentou evitar, mas ele foi mais rápido, a máscara servia perfeitamente, mas seu cheiro era terrível e aquilo fez com que Hector ficasse zonzo.

Tirou a máscara e a devolveu para Ferdinan, levantou logo em seguida e foi em direção do corredor de abate, procurando por uma janela que pudesse ser aberta para que ele conseguisse respirar um ar mais fresco. Andou até a última divisória onde encontrou uma janela aberta, foi até ela e permaneceu olhando para fora, tonto demais para voltar para a festa, sem ter noção de quanto tempo ficou lá. E, se assustou ao sentir alguém tocar seu ombro e ao se virar para trás viu um dos rapazes, sem camisa, usando a máscara de caveira. Ele reconhecia aquele peitoral, mas não reconhecia os olhos por trás da máscara, porém, não resistiu quando o outro foi em minha direção e o agarrou com força.

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