A Noite da Festa - Parte II

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Hector se aproximou vagarosamente, ainda tentando entender o que acontecia, Ícaro sorria, mas ele sabia que nada de bom vinha daquele rapaz, Ícaro puxou uma cadeira vazia ao lado do lugar em que estava sentado.

– Sente-se aqui – disse ele.

O jovem não hesitou, soltou seu prato sobre a mesa e se sentou entre Ícaro e Valéria, de frente para Ferdinan e Caio, que não conseguia disfarçar seu sorriso sacana, e ficou em silêncio, esperando que eles pedissem algum favor ou algo parecido, até Valéria se pronunciar.

– Nós o convidamos para sentar aqui – iniciou ela – para que você não se sinta tão perdido na nossa festinha de hoje à noite. Porque sabemos o quanto isso é péssimo.

– Isso o que? – questionou Hector.

– Não se enturmar, sabe? – ela bebericou do seu copo de suco – Porque, convenhamos, você não se encaixa em nossos perfis.

Valéria tentou forçar um sorriso acolhedor, enquanto o rapaz arqueava uma sobrancelha para ela, não levando muito a sério o que a ruiva dizia.

– O que ela quis dizer, é que você está começando a ficar popular – tentou consertar Mônica, a gêmea dos olhos verdes – mas não se preocupe, você logo se acostuma com isso.

– Exatamente – concluiu Valéria, lançando um olhar de repreensão na direção de Mônica.

Hector permaneceu em silêncio a maior parte do tempo, ainda tentando absorver aquela ideia de popularidade, aquele grupo agia de forma diferente, falavam sobre economia, drogas e baladas, como se vivessem em um mundo paralelo ao seu, um mundo ao qual ele nunca fez parte. Ser popular não era o seu forte. Mas, ele poderia se esforçar para agradá-los, qual o problema nisso?

Nenhum, exatamente.

Trocaram seus números de celular, para que pudessem combinar melhor sobre a reunião daquela noite. E após terminar sua janta, o jovem foi para trás do refeitório, onde todas as noites de quarta-feira ele trocava um dos seus Malboros por um Black mentolado de Cecília a cozinheira do turno da noite. Nessas quartas, ele e Ceci, como gosta de ser chamada, conversavam sobre assuntos diversos, enquanto fumavam seus cigarros, mas principalmente sobre a vida fora da instituição. Ceci era uma boa ouvinte. Pena que seus papos não costumavam durar muito, porque o expediente dela terminava logo após as vinte horas e trinta minutos.

Em seguida ele foi para a sala de jogos, que não possui muitos objetos de interação além de uma mesa de bilhar e outra de pebolim e na maioria das vezes já estavam ocupadas quando ele chegava, mas não se importava, ele ia para lá para encontrar Fabiola, observar alguns rapazes bonitos, beber vinho contrabandeado e fumar.

– Nossa, achei que você não ia vir – afirmou Fabiola ao avistá-lo.

– Eu nunca falto aos nossos encontros – sorriu para ela, enquanto ela servia um copo de vinho, escondida atrás de um balcão — Todos aqui sabem que nós bebemos – observou ao pegar o copo – não entendo porque você se esconde para servir.

– É pela adrenalina de saber que um dia posso ser dedurada – ela ergueu o copo na direção de Hector e eles brindaram – mas então, como foi seu jantar com a alta sociedade da ECP?

– Foi estranho – respondeu – eles são estranhos, eu não sei explicar.

– Interessante – comentou Fabiola sem mostrar muito interesse – dá uma olhada ali pra trás.

Ele fez o que a garota pediu e se deparou com Victor, uma paixão esquecida pelo tempo. Ele havia sofrido um acidente de carro há alguns meses e todos achavam que ele havia abandonado a escola, mas pelo visto ele estava de volta. Eles haviam ficado no início do ano, em uma data comemorativa da escola, mas depois disso Victor evitou contato e dias depois sofreu o acidente.

E se eu for o Próximo?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora