Meu cão virou humano!

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Sabe aquele dia que você simplesmente quer ficar em casa, então, era o que eu tentava explicar ao Sehun no telefone.

- Baek, vamos sair hoje? Todo mundo vai, só falta você.

- Sehun.... Tenho tanta coisa da faculdade pra fazer, uns trabalhos atrasados e tal..

- Isso daí é desculpa Byun, você quer é ficar sozinho.

- E qual o problema de gostar disso? Credo Sehun.

- Ficar sozinho às vezes é uma coisa, ficar sempre é outra.

- Então eu arrumo um cachorro, sei lá, só não tô afim de sair, tá bom? Beijo...tchau – Eu disse desligando na cara do Sehun.

Que gente chata, não entendem que algumas pessoas são autossuficientes. Qual o problema de ser um homem de 23 anos que não curte muito sair? Eu até vou com eles de vez em quando, mas sair sempre é chato demais. Gosto de ficar em casa sozinho, assistir Netflix, comer uma pipoca.

Pensando bem, a parte do cachorro não seria tão ruim...

Não deve ser muito difícil cuidar de um, certo? Tem gente que tem uns 4 ou 5 cães, eu quero um só...

 Vou adotar um, melhor do que comprar, e não, eu não sou mão de vaca, mas o cachorro que você compra vive em condições muito boas na maioria das vezes, um cão adotado pode ter sofrido muito quando abandonado.

Então acho que está decidido, vou adotar um cãozinho! 



~~~


Demorei uma semana, mas encontrei um lugar o qual posso adotar um bichinho. Resolvi ir lá no sábado seguinte para conhecer o lugar.

- Bom dia senhor, posso ajudar? – Uma moça me atendeu assim que entrei pela porta.

- Sim! Eu gostaria de adotar um cachorro.

- Todos os nossos cães foram resgatados das ruas, foram tratados e alguns ainda estão se recuperando, o senhor se importa?

- Não, não. Eu quero adotar um independente da onde ele venha.

- Ok, então me siga por favor.

O caminho que percorremos foi até meio triste, pude ver algumas salas com veterinários cuidando de animais que tinham acabado de chegar, outros bichinhos numa área isolada porque estavam doentes. Chega a ser um absurdo a quantidade de cães abandonados, além de absurdo, é de uma crueldade assustadora, porque se a pessoa tem coragem de fazer isso com um animal que não faz nada além de te tratar bem, o que mais ela não faria?

- Chegamos.

Ela me levou até um espaço aberto, e tinha muitos cães brincando lá. Dá até uma felicidade saber que todos esses bichinhos hoje estão bem, contudo, vi um num cantinho, meio amuado.

- O que houve com aquele grandão ali?

- Ah, ele chegou a pouco tempo. A família maltratava o pobrezinho, e depois o deixou na rua, mas ele não quis nem sair da porta de casa. Quase morreu de fome, e ele não sabe socializar muito com os outros cães, então prefere ficar sozinho.

Seria eu mesmo só que em forma de cachorro? Lógico que minha família não me abandonou, nem me bateu, mas eu me identifiquei.

- Posso ir até ele?

- Claro! O nome dele é Chanyeol. Foi a família antiga que deu o nome, e ele não aprende outro, só responde por esse.

Me aproximei devagar, ele era grande, com o pelo marrom e olhos tão tristes. Estava sentado alheio a qualquer coisa que acontecia, acho que nem percebeu que eu chegava, então chamei seu nome.

- Chanyeol? Oi menino, posso fazer carinho? – Estiquei a mão pra ele cheirar. Depois de levar uma puta de uma mordida do cachorro de Jongdae, nunca mais passo a mão num cão sem deixar que ele me cheire primeiro.

Chanyeol nem se mexeu, então me sentei em sua frente e fui com a mão em direção a sua cabeça, o que partiu meu coração foi que ele fechou os olhinhos, como se fosse apanhar sabe? Então comecei a passar a mão de levinho em sua cabeça e ele ficou me olhando.

- Você é tão lindo menino, tenho vontade de te apertar de tão fofo, mas acho que você vai se assustar né? – Sim, eu converso com animais, e vocês deviam conversar com o de vocês, eles podem não entender o que está dizendo, mas reconhecem o som da voz.

Fiquei um tempo acariciando o pelo do cão, ele parecia até mais animadinho, e nem por um segundo considerei adotar outro bichinho.

- Hm.... Moça? Quero ficar com Chanyeol.

- O senhor tem certeza?

- Sim, por que? – Me afastei do cão em direção a moça e Chanyeol me seguiu.

- Ele é muito complicado, é bem difícil fazê-lo comer, bem quieto, não vai querer brincar muito até se acostumar com o senhor... Ele não está totalmente recuperado dos maus tratos que recebeu.

- Então pretendo ajudá-lo, não vou desistir de Chanyeol.

- Ok senhor, mas se não o quiser mais, por favor não o deixe na rua, apenas traga de volta e poderemos encontrar outro para o senhor.

Eu não respondi nada para não ser indelicado, minha vontade era perguntar pra aquela mulher se ela comia bosta dos cães que estavam lá. Como eu faria isso com o cãozinho? Pegar um cão que uma vez já foi abandonado e abandoná-lo novamente? Esse é o problema das pessoas em relação a animais, elas olham pra eles como descartáveis. Tá doente? Deixa morrer. Late muito? Sacrifica. Briga com outros cães? Doa. Cresceu e não é mais aquele filhote fofo? Vende. Não, animais criam vínculos com as pessoas, não é tão simples assim para eles.

Sim, eu sou um defensor dos animais. Já vi muito cachorro apanhando na rua pra defender todos os ideais, e até os que já me morderam não eram ruins. Aprendam: não existe cachorro mau, existe cachorro que não teve uma criação boa.

ENFIM.

Assinei uns papeis, Chanyeol passou por um veterinário para ter certeza que estava tudo certo, fui avisado que ele já tinha tomado todas as vacinas então podia andar na rua sem medo de pegar alguma doença. Antes de sair da casa de adoção, meu telefone tocou.

- Fala Kyungsoo, sua praga.

- Nossa Byun, credo, cadê o respeito?

- Eu sou mais velho que você, cadê você me chamando de hyung?

- Ok hyung. Te liguei para a gente almoçar juntos hoje, tá afim?

- Acabei de adotar um cachorro Soo, não quero deixá-lo sozinho agora. Tenho que comprar ração, pote e tal, e ele não conhece meu apartamento...

- UM CACHORRO? VOCÊ É DOIDO? VOCÊ MORA EM APARTAMENTO SUA ANTA.

- Pelo amor de deus não berra na minha orelha seu louco. Sim, um cachorro. Eu conversei com o síndico, vou ter que pagar uma taxa a mais, mas tá tudo certo. E pretendo levar Chanyeol pra passear.

- Ai eu quero conhecer ele, vou pra sua casa.

- Há 3 segundos atrás você estava berrando comigo Kyungsoo. Deixa ele se ambientar primeiro, depois eu chamo todos vocês lá.

Desliguei o telefone, Chanyeol estava sentadinho do meu lado, olhando para minha cara.

- Vamos Chan, quero comprar umas coisinhas pra você.

Depois de gastar metade do salário com ração, brinquedos, coleira, potinho pra por a comida, enfim, coisas de cachorro, cheguei em casa.

- Chan, vou deixar sua caminha perto da minha tá?

Ele era uma gracinha, me seguia de um lado pro outro. Coloquei ração pra ele, mas ele nem tchum, pensei que não estava com fome e deixei lá. Lavei as mãos e fui fazer comida pra mim.

Depois do almoço tentei brincar um pouco com ele, mas ele só deitou e ficou me olhando com aqueles olhos grandes.

- Tudo bem Channie, um passo por vez.

Pedido à EstrelaWhere stories live. Discover now