8 - Wax Play

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Congelada.

Absolutamente congelada.

Por dentro, meu corpo explodia como um vulcão assassino querendo inundar a suíte presidencial em lavas ferventes.

Eu estava indignada, ultrajada, violada, colérica.

Mas aí o quê?

O que caralho eu podia fazer?

Dar um escândalo?

Sim, a puta contratada querendo ser possessiva com o cliente?

Matzen estava me pagando para muitas coisas, mas, com certeza, dar um chilique nervoso na frente da sua ex não seria uma delas.

Meu serviço era obscenamente caro por um motivo: eu sou a profissional que você contrata quando quer barulho na cama e silêncio fora dela. Eu posso ser pessoal e íntima, mas apenas quando expressamente solicitado. Na ausência de pedidos, eu sou anônima e discreta.

E não havia anonimato em estar congelada no hall da suíte assistindo ao seu beijo.

Não havia discrição.

No entanto, pelo menos um problema da minha vida estava solucionado: se antes eu estava na dúvida sobre estar ou não apaixonada por Matzen, agora eu tinha certeza.

Não se sente esse tipo de desconforto ao assistir o beijo de um homem que você não quer.

E desconforto era a palavra de ordem na minha vida, no momento.

Estou apaixonada por Matzen. Oba. Parabéns. Problema número um, solucionado.

O problema número dois, no entanto, não tinha hora para acabar e ainda estava grudada a boca de Joe desprovida de qualquer preocupação.

E eu nem sequer podia sentir ciúmes.

Ele não era meu, assim como eu não era dele.

Eu devia dar dois passos para trás e sair pela porta que entrei. Deixar que o cliente resolvesse suas questões pessoais como bem entendesse. Questões que diziam respeito a ele, ela e, talvez, um psiquiatra que deveria ser muito bem pago. Apenas.

Ele era da minha conta quando estivesse nu e com tesão.

"Vestido e com tesão por outra mulher" não era minha área de competência.

Mas eu não conseguia me mover.

Eu só conseguia ficar ali. Congelada. Assistindo.

Assistindo um beijo que durava tempo demais para ter sido apenas um acidente.

Intenso demais para ter sido apenas intencionado por ela.

Aquele era um beijo que nascia de nenhuma origem que não uma voluntária.

Matzen a beijava porque queria. E eu estava doída de um ciúmes que eu não deveria ter direito de sentir.

Respirei fundo e consegui dar um passo para trás. Um único passo...

Mas era tarde demais.

O beijo acabou entre um sorriso de confissão e dois últimos beijos castos que tocaram fogo em minhas entranhas. E então, ela me notou.

- Oh. - inspirou, em desespero - Eu... eu... - seu olhar correu de mim para ele e de volta.

Até onde Vanessa sabia, eu era a namorada...

Encarei o chão devagar.

Eu tive aulas no Negligê sobre como agir caso fosse pega no ato com um cliente.

[Degustação] MalíciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora