Capítulo 22

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"Narrado por Jason"

Ainda lembro do dia em que chegou aos meus ouvidos a notícia do assassinato da minha mãe. Desespero tomava conta do meu corpo, eu não queria ouvir a ninguém e nem aos seus pêsames, eu só queria tê-la novamente ao meu lado...
Ainda lembro das noites em que eu tinha pesadelos e ela deitava-se ao meu lado dizendo que tudo ficaria bem. Porém não ficou...
Quando eu caía, - já que lutava com o meu pai - ela dava uma bronca nele e fazia um curativo no lugar ferido, mesmo que fosse um mínino corte. Lembro que ela era a única pessoa carinhosa na nossa família, tirando a minha tia, minha mãe era a única pessoa que me tratava bem e não só como uma criança que um dia assumiria o seu cargo. Ela era a pessoa que fazia com que eu me torna-se melhor a cada dia. Até o acidente, ou não...
Desde aquele dia eu só venho me amargando, criando raiva e mágoa do meu pai por ter deixado levarem-na. Ele não fez absolutamente nada, contudo após a sua morte ele quis fazer justiça, mas já era tarde, ela já havia ido em bora.

E depois disso tudo, a minha tia virou a minha figura materna, mesmo que eu soubesse que minha mãe nunca voltaria, a minha tia conseguia estancar a minha ferida, enquanto o meu pai só a abria. Acabei me dividindo em uma personalidade ruim como a do meu pai; e uma boa e carinhosa como a da minha mãe e da minha tia. Porém, as vezes ou na maioria das vezes a personalidade dele toma controle, e o que mais me irrita é que eu não gosto do meu pai, eu e ele não somos como pai e filho; e sim como chefe e soldado, porém com toda a raiva que eu tenho, eu acabo me tornando exatamente igual a ele.

E eu nunca havia sentido depois da morte da minha mãe o sentimento de abandono, entretanto após a Laura me deixar trancado naquele cubículo, eu senti isso. Eu não queria que ela se arriscasse por todos, eu já tentei, eu juro que eu tentei impedi-la o máximo que eu conseguia. Mas assim como eu, ela é muito cabeça dura e ninguém a impede de fazer o que ela quer.

Sentei cabisbaixo no fundo do cubículo pensando em várias formas de estrangula-la com toda a raiva que eu estava. Até que ouvi algumas batidas na porta de plástico e olhei para a mesma.

- Você precisa ir atrás da Laura - fala Heitor enquanto está na porta do cubículo com uma expressão de desespero.

Ele acha que eu já não tentei isso?!

- Eu até iria se não estivesse preso  - falo com ironia já que no princípio fora ele que me prendera aqui.

Ele dá um sorriso como se houvesse achado graça do que eu havia falado.

- Ela está descontrolada, caçador e isso é culpa minha. - Diz revelador - Eu só não quero que ela machuque alguém ...- diz ocultando algo.

Quem ela poderia machucar?!

O Simon.

O Heitor.

Ou qualquer pessoa que ela odeie...

Me sinto mal ao lembrar que eu também escondi algo dela, escondi o verdadeiro motivo de ter terminado com a Megan.

Eu lembro de quando a encontrei aos beijos com o Simon na escola, em uma sala que quase ninguém conhece. Eu tentei alertar a Laura, eu falei que ele não era confiável, porém eu não poderia contar do caso deles, ela não acreditaria. E o pior, a Megan deixou ser transformada pelo Simon, agora ela é como ele, uma vampira.

- Que eu saiba eu não atravesso portas, Heitor - falo com amargura.

Minha vontade era perguntar sobre a minha mãe, perguntar sobre o que aconteceu com ela, porém ele iria mentir, como todos fazem.

- O que realmente aconteceu com a minha mãe? - falo temeroso.

Ele respira fundo e me olha como se não soubesse do que eu estava falando.

Godera (Série Vampira e Presas) - Livro DoisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora