Capítulo 14

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No início da manhã, a brisa fresca fazia farfalhar a saia da jovem que olhava no fundo dos olhos do amado. O vento levantava alguns fios soltos de cabelo e brincava com eles ao redor de seu rosto e de seu pescoço. Sua cabeça estava levemente inclinada para o lado, os olhos dançavam, o sorriso era ansioso e tentador, e sua expressão revelava uma inocência sedutora. Ela estava deslumbrante. “Elizabeth,” disse seu companheiro, “desde que a conheci sinto uma paixão tão intensa como nunca havia experimentado antes. Nenhuma mulher havia evocado em mim as sensações de desejo que sinto quando estou perto de você. Meu amor por você não tem limite. Elizabeth, aceita se casar comigo?”

“Claro que sim,” respondeu a jovem alegremente enquanto enlaçava com os braços o pescoço do amado. Ele se inclinou para beijá-la e justo quando seus lábios estavam a ponto de fazer contato com os dela, ela disse, “Eu também o amo, sr. Wickham.”

“Não!” grunhiu o sr. Darcy ao acordar trêmulo e suado. Após um momento falou em voz alta para si mesmo, “um sonho... só um sonho... graças a Deus,” sacudindo a cabeça como que para apagar as imagens remanescentes daquele pesadelo, “Elizabeth, o que você está fazendo comigo?”

Ele se levantou e caminhou impaciente pelo quarto. Olhou para fora e percebeu que já era quase de manhã. Olhou para a cama e disse, “Não, acho que não vou tentar dormir outra vez.” Trocou-se rapidamente e saiu na direção de um certo banco no jardim ao leste da mansão para assistir ao amanhecer e pensar em Elizabeth... com ele. Hoje ele a faria dele. E passou o tempo dessa forma até o café da manhã, imerso em alegres pensamentos associados à sua ansiosa antecipação da resposta que ela lhe daria, com o sonho desagradável já praticamente esquecido.

Mais tarde naquela mesma manhã, Elizabeth acordou com a mente ocupada pelos mesmos pensamentos que a fizeram fechar os olhos na noite anterior. Lembrando-se de sua resolução, tomou café antes de sair para caminhar, ao contrário do que costumava fazer, pois não pretendia voltar para casa logo. Saiu, então, para um longo passeio bem antes do horário em que normalmente o sr. Bingley chegava, com o intuito de estar ausente quando ele e qualquer pessoa que ele pudesse trazer consigo chegassem.

Depois de perambular por quase duas horas, Elizabeth se viu sentada e apoiada na mesma árvore onde encontrara o sr. Darcy no outro dia, jogando pedrinhas no riacho, quando ouviu passos se aproximando. Virou-se e foi tomada por uma enorme emoção ao vê-lo. “Sr. Darcy,” disse em voz baixa, baixando o olhar. 

“Srta. Bennet, como está passando? perguntou o sr. Darcy, sorrindo. Ele estava realmente de bom humor.

“Muito bem, obrigada. E o senhor, como vai?” foi sua resposta ao começar a se levantar.

“Não, por favor, não se incomode,” ele disse logo, sentando-se de frente para ela enquanto continuava, “Também estou muito bem hoje, obrigado. Fico feliz em saber que já se recuperou da dor de cabeça da noite passada.”

“Obrigada,” ela respondeu com um olhar de surpresa e, depois, de compreensão ao perceber que o sr. Bingley deveria ter lhe contado sobre a dor de cabeça. Temia saber o que mais o sr. Bingley havia revelado.

Após um momento, o sr. Darcy disse, “Estou contente por tê-la encontrado aqui. Esperava que isso acontecesse.”

“Esperava?” perguntou, desviando o olhar.

“Sim, fiquei desapontado por não tê-la encontrado em casa.”

“Então o senhor espera que eu fique em casa à sua disposição?” ela respondeu com certa satisfação, encarando-o.

Ele ficou surpreso com a maneira atrevida com que ela lhe lançou a afronta, mas sentiu-se satisfeito e encorajado pela decepção dela com sua ausência. Resolveu manter sua resolução e não se desanimar e, ignorando a pergunta que ela lhe fizera, disse, “Tive o prazer de passar o dia com Georgiana ontem. Ela queria explorar a região e, talvez, escapar de Netherfield.”

Confissões a uma Bela Adormecida Onde as histórias ganham vida. Descobre agora