Capítulo 1: Nova Geração

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É como se toda a minha família fosse dele e a dele fosse minha. Meus avós o consideram como se fosse neto deles mesmo. Vovó Anne e vovô George são sempre uns amores. A idade avança mas eles não perdem a alegria e entusiasmo nunca. Mesmo com as adversidades da vida. Estão sempre viajando e dando jantares para toda a família. Apesar dos momentos difíceis, eles se mostram fortes para fazer com que a família nunca desmorone. Antes eles moravam em uma grande casa perto da escola que eu estudo mas eles se mudaram, afinal, a casa era grande demais para apenas dois. Estão vivendo numa casa bem distante do centro. Sempre vamos lá nos fins de semana, tem um lago enorme, é bem tranquilo.

Meus pais são simplesmente as pessoas mais complicadas que já conheci na vida. Eu sei que a Senhora Victoria já deu várias dores de cabeça no vovô e que meu pai já aprontou bastante, mesmo assim, de vez em sempre, eles parecem mais adolescentes que eu. Ouvindo as histórias dos dois, sinto como se estivesse morando numa casa de loucos, como eles tiveram coragem de fazer tudo aquilo? E que enorme poço de drama desde tão cedo... Eu tenho dezesseis e não passei nem por 10% do que eles viveram, por que? Porque tenho juízo. A minha parte mais desajuizada diz respeito à quem sou apaixonada desde que descobri o que significa estar apaixonada. Mas nem por isso sou louca a ponto de agarrar meu crush no quarto ao lado. A minha maior pergunta do mundo sobre a vida dos meus pais é: Como diabos meus avós não escutavam vocês praticamente se comendo? Eles são surdos? Tem sono de pedra?

No fim de tudo deu certo. Afinal formaram uma família, tiveram dois filhos, e talvez venham mais filhos pela quantidade de tempo que passam juntos no estúdio que construíram nos fundos da casa. Mas por enquanto só eu e o Charlie.

Sobre meu irmão: está no último ano, preocupado demais com sua própria aparência, sua posição de capitão do time de futebol americano do Chapel High School e sua fama de pegador. Tão cliché. As pessoas ainda se importam com aparência. E daí que ele é bonito e joga bem? Não precisa endeusar isso.

Charlie é tão popular que é difícil ser comparada a ele. Porque obviamente não faço parte do seu ciclo social. Aliás nem sei se posso dizer que tenho algum ciclo. Meu ciclo é bem restrito, digamos que tenho uma amiga chamada Olivia, não somos amigas a tanto tempo, aconteceu nos últimos meses. Mas ela é legal, gosto de estar com ela. E meu melhor amigo da vida inteira, Sam. Como ele é filho do Tio Louis, então somos praticamente primos.

Estudo na Chapel High School, fica no centro. Boa parte dos alunos do ensino médio da cidade são enviados para lá. Meu irmão também estuda lá. E o Sam. E Olivia. Praticamente as únicas pessoas que falo. Se bem que quase nem vejo meu irmão e os amigos dele, como já disse, não fazemos parte do mesmo ambiente. Conheço outras pessoas, meus pais tem muitos amigos e seus amigos tiveram filhos, então tem gente que já até passei festas de natal e ano novo. Mamãe tem duas grandes melhores amigas Maria e Bia. As três sempre fazem questão de estarem juntas nos fins de semana. Maria é casada com James, eles tem duas filhas mais velhas que já estão na faculdade. E uma filha de onze anos. As mais velhas faz tempo que não vejo, a June, a mais nova, é um amor. Conversamos nas festas de família quando quase sempre fico isolada dos outros da minha idade. Bia tem três filhos, uma mais velha que já está quase se formando na faculdade de arquitetura,  Sun, e dois meninos, um de seis anos chamado Fredderic e um que tem quase a minha idade... Caleb. Não tenho absolutamente nada contra o Caleb. A não ser pelo seu jeito convencido, ridículo e completamente egocêntrico de ser. Fora isso, nada. Mas digamos que não sobra muita coisa além disso.

Poderia até achar que estamos no século XXI, vivemos na geração de Glee, onde os mais esquisitos e desajustados são os mais queridos e descolados. Isso só nestas séries. Ainda existe um mundo em que as pessoas se importam mais com rostinhos bonitos do que com o talento das pessoas, com suas verdadeiras essências. Um mundo em que Caleb Black é adorado. E eu sou deixada de lado. Não que competimos em algo. Em absolutamente nada. Ele joga basquete. Eu não sou boa com esporte algum. Participo do clube do livro e clube de ciências. Ele... Okay, eu ia dizer que ele é um burro, escroto e sem noção. Mas aquela peste simplesmente é líder da Comissão de Matemática, tira notas impressionantes. Por que Deus?

Entre VírgulasWhere stories live. Discover now