Capítulo 7

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Quase imediatamente após a saída de Elaine, recebi uma ligação da clínica informando que Dr. Erick tivera uma emergência e só poderia fazer minha revisão na manhã do dia seguinte. Eu tinha duas opções: aguardá-lo ou ser encaminhada para outro médico. Era lógico que eu não queria outro médico.

Liguei para Elaine com o intuito de explicar o acontecido. Ela estava presa numa reunião, mas disse que enviaria um motorista para me buscar. Cerca de quinze minutos depois, um homem na casa dos quarenta anos, gordinho e moreno, chegou ao estacionamento da delicatessen. Dei-lhe um boa-tarde seco e entrei no carro com a intenção de seguir até o local em que Elaine estava, contudo logo percebi que o caminho tomado por ele parecia me levar ao flat de Benjamin. Não fiz qualquer pergunta. Menos de cinco minutos depois, o carro parou na entrada do prédio, no Corredor da Vitória.

Quando fiz menção de sair, o homem se virou para mim e me entregou um envelope pardo lacrado. Eu o abri assim que desci do carro e encontrei um bilhete escrito à mão. Era a letra de Elaine. Dizia:

"Espere por mim no flat. A chave está na portaria."

Suspirei aborrecida. A última coisa que eu queria naquele momento era mais um motivo para pensar em Benjamin. Cogitei sobre a possibilidade de voltar para Cacha Pregos dali mesmo, só que as minhas coisas haviam ficado no carro de Elaine. Eu estava sem dinheiro, sem cartões e sem documentos.

Pensei em ligar para Igor. Talvez ele me perdoasse de uma vez por todas, mas, por outro lado, reencontrar meu melhor amigo implicaria em explicar o ocorrido. Igor odiava Benjamin, detestava Vincent e, se eu o conhecia de verdade, jamais acreditaria na história sobre o retorno de Neil.

Então era isso, eu estava à deriva em Salvador.

***

Abri a porta do flat, fui invadida pelo cheiro de Benjamin e, proporcionalmente, por uma saudade inexplicável dos momentos que passei ali com ele. Entretanto isso durou apenas uma fração de segundo, pois fiquei embrulhada e senti uma incontrolável ânsia de vômito.

Corri até o banheiro e vomitei tudo que tinha posto no estômago. Por que o enjoo retornara? Por causa do cheiro de Benjamin, claro. Sabe quando você faz algo e só se dá conta do que fizera quando já fez? Enchi a banheira com água morna e me joguei dentro, com roupa e tudo. Eu já estava encharcada mesmo... Afundei.

Não sei quanto tempo durou o mergulho. Tirei a roupa e terminei de tomar banho embaixo do chuveiro, depois vesti um roupão e fui até o closet. Havia muitas roupas de Benjamin, porém nada era estreito o suficiente para mim. Quem sabe eu pudesse usar uma camisa de mangas compridas como vestido. Se ao menos eu tivesse um cinto para disfarçar a largura...

Desisti. Eu não teria nenhum lugar para ir mesmo. Por sorte, não estava mais enjoada.

Joguei-me na cama, caindo por cima da minha bolsa e da valise que minha mãe arrumara. O que elas estariam fazendo ali? Abri a valise e encontrei roupas novas, um par de sapatos de saltos, um nécessaire com coisas de uso pessoal, maquiagem, peças íntimas um tanto ousadas, a carteira com todos os meus cartões, além de um pouco de dinheiro, e "Le Roman d'une Princesse", o livro que ganhei de Vincent.

Asas de Vidro - Quimera - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora