Murderer.

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Toda vez que me deparo com uma situação difícil, tenho duas opções: Fazer o certo ou fugir.
Mas não importa o grau de dificuldade, eu fujo, eu sempre fujo.

Assim que sai do restaurante, andei rápido pelas calçadas e me bati diversas vezes com as pessoas por conta da visão embaçada.
Andava sem rumo, virando em todas as esquinas possíveis, chorando sem parar e nem ao menos sabia o porquê.
Não era pela morte, não podia ser, eu não chorei desta maneira nem quando vi minha mãe e Pether mortos.
Eu estava atormentada, aquela voz.. Aquele pedido de socorro.
Não podia, ela estava morta, eu não poderia ouvi-la, nem mesmo salvá-la!

Vi um pouco distante uma placa, uma pensão bem humilde. Era o que eu podia pagar com o dinheiro que tinha.
Me aproximei, entrei na casa e olhei em volta.
O cheiro de móveis velhos invadiu meu nariz me fazendo tossir.
Em minha frente, uma moça atrás do balcão serrava as unhas e mascava chiclete, nem me olhou, nem quando eu tossi, isso é sério?

— Oi, vocês têm quartos? — A olhei e ela continuou serrando as unhas.

Quando finalmente a ruiva - de farmácia - parou de serrar suas unhas, apontou para uma pequena plaquinha pendurada na parede, a qual dizia "Pensão".

— P e  n ç a o — Ela soletrou, e sim, soletrou errado. Mesmo estando escrito na placa. — Acho que temos quartos, né?

Revirei os olhos e respirei fundo, forçando um sorriso.

— Quero dizer vagos, quartos vagos. V a g o s. — Soletrei e ela parou como se estivesse juntando as letras que eu tinha acabado de dizer, mas não me respondeu.

Sua atenção foi voltada para a pequena tv posta sobre o balcão.

— Olha, dá pra você me responder? — Disse já ficando irritada.

— Calma, que impaciência. Dá pra me dar um minutinho? Tá noticiando um assassinato, olha, ao vivo.

Me assustei ao ouvir "assassinato" e olhei rápido para a tv.

"O policial diz já ter identificado a autora do crime, disse também que seria a mesma que há uns dias atrás, em outra cidade, havia praticado um roubo de carro. Entraremos a qualquer momento com mais informações."

Mas que porra é essa? Era eu? Eles estavam falando de mim? Eu não matei aquela mulher!
Por sorte não tinha foto ainda.

— Ah.. Sim, temos um quarto livre — A mulher disse assim que passou a notícia.

— Eu.. Eu.. Não quero mais. — Me virei e sai da casa.

— Mas.. Eu só demorei um pouquinho, poxa! — Ouvi a ruiva dizer de longe.

Ignorei e segui andando. Andei por um longo tempo até encontrar uma pracinha sem movimento algum.
Sentei em um dos bancos, apoiei meus cotovelos em minhas pernas e pus minhas mãos em minha cabeça.
O vento batia levemente em meu corpo, fazendo com que eu, de quando em vez, me arrepiasse.

Eu tentava não pensar em nada do que estava acontecendo, mas era impossível.

As lágrimas voltaram e eu me sentia uma Idiota chorona. Tentei de todo jeito parar, me concentrar no canto dos pássaros, no barulho das árvores balançando, qualquer coisa, mas eu diria que minhas lágrimas já tem vida própria.

— Allison Marie Scott. — Alguém tocou meu ombro.

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