Who's next?

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Eu só faço merda na minha vida, e estou prestes a fazer mais uma.

Assim que o carro desapareceu na estrada, fui até o corredor e olhei em volta para ter certeza que ninguém estava vendo.

Dei passos lentos até a porta e pus minha mão sobre a maçaneta, respirei fundo e ouvi a minha velha e cansada consciência gritar para que eu saísse dali, mas como sempre, não dei ouvidos. Girei a maçaneta e empurrei a porta lentamente.

Aparentemente, nada.

Em uma parede, uma estante enorme com vários livros. No centro, uma poltrona, uma mesa de centro, na qual havia uma pasta e um cinzeiro.

Fechei a porta e andei devagar até a mesinha, peguei a pasta e abri.
Eram fichas: foto, nome, idade, família, o que fazem. Pessoas da máfia.
Nada que justifique proibir nossa entrada.

Isso é só um quarto qualquer, bebida, drogas, estudo sobre mafiosos, livros, mano, livros!

Por que diabos ele esconde esse lugar?

Bati meus punhos na estante em um gesto de raiva e alguns livros caíram me fazendo bufar. Peguei uma garrafa de whisky que ali estava e dei um gole, coloquei a garrafa de volta ao seu devido lugar e me agachei pra apanhar os livros, pus todos novamente na estante, menos um.. Havia algo estranho, tinha algumas páginas por cima, mas no meio, era firme, uma espécie de caixinha, abri e dei de cara com fotos.

— Mafiosos também, Justin? — Sussurrei para mim mesma.

Várias fotos, fotos de mulheres na cama, mulheres muito bonitas. Virei uma das fotos e vi que também havia nome e data. As datas tinham pequenas diferenças, três dias no máximo.

O que Justin é? Um maníaco? Por que ele faz isso?

No fundo da caixa, um caderninho, abri e comecei a ler o que estava escrito em letras minúsculas de fôrma.
O Bieber anotava as experiências.
Isso é.. Nojento, ele é nojento, céus, eu achei que agora o conhecia, mas.. Ah meu Deus.

Pus o livro-caixa novamente na estante, peguei um copo, sentei no chão encostada na parede e voltei a beber.

Fiquei ali por minutos, bebendo e olhando para a parede, tentando digerir, apenas sai do transe quando ouvi passos vindo em direção ao quarto, não movi um dedo, fiquei imóvel. Então a porta abriu e o Justin entrou no quarto, sequer olhou pro lado, foi direto para a estante e pegou o livro, ele segurava uma uma foto na mão.. Estava meio longe mas deu pra ver que era ruiva, era.. era a Florence.

Levantei e fui até o barzinho de sala, colocando mais whisky no copo.

— Quem é a próxima, Bieber? Eu? — Disse enquanto levava o copo a boca.

Ele virou assustado e colocou o livro rapidamente no lugar.

— Allison, — Ele engoliu seco — O que você está fazendo aqui? — Levantou o tom.

— Não adianta começar a dar uma de fodao, Bieber. — Disse calmamente, sentei na mesa de centro e o olhei.

— Quem você acha que é? Eu não deixei claro que eu não queria ninguém entrando aqui? — Berrou. Agora ele estava perto, perto até demais.

— A porta estava aberta, vacilou.. — Soltei um riso e coloquei o copo de lado.

Justin segurou meu braço com força e me fez levantar da mesa, em seguida, gritou:

— Você tem me dado muito problema, Allison! Muito problema! — Ele deu uma pausa. — Você está de baixo do meu teto, devia me respeitar. — Continuou.

— Não se preocupa, eu não fico nem mais um segundo de baixo do mesmo teto que você, imundo. — Gritei furiosa.

Tirei a mão dele de mim com dificuldade, mas ele ficou ainda mais irritado e me deu um empurrão fazendo com que eu me chocasse fortemente contra a parede, mordi o lábio forte por conta da dor do impacto.
Ele é muito forte, por mais que eu quisesse revidar, seria minha morte.

— Ah, é? — Ele riu, me encarando. — E pra onde você vai?

— Não te interessa, obrigada. — Falei já saindo daquele quarto.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas, não por não saber para onde ir, e eu deveria realmente me preocupar, mas pelo que eu tinha acabado de ver, o Justin, o mesmo cara que uns dias atrás se preocupava comigo, me tratava bem, ou fingia.. Eu.. Só não consigo acreditar.

Entrei no meu quarto e coloquei tudo de volta na minha mochila, desci e passei pela sala rápido indo em direção à porta.

— Allie, — Chaz gritou vindo até mim. — O que você tá fazendo?

— Eu não posso explicar agora.. — A essa altura as lágrimas já rolavam livremente pelo meu rosto. — Eu preciso ir embora.

— Mas tá chovendo, Allie! O que tá acontecendo? — Balancei a cabeça negativamente e limpei meu rosto.

— Eu briguei com o Justin, descobri uma coisa sobre ele e.. Não importa, Chaz. Eu só preciso ir. — Disse entre soluços.

— Nós te levamos. — Ryan se pronunciou.
Porém, uma voz do alto da escada surgiu:

— Não. — Justin disse. — Ninguém vai levá-la.

— Tá chovendo e a cidade não fica tão perto, Justin. Você está sendo imbecil. — Nolan aumentou o tom de voz.

— Ela pode pegar um resfriado e morrer! — Chris comentou.

— Meninos.. Está tudo bem. — Meu olhar caminhou até a Florence, que estava sentada em uma poltrona no fundo da sala, quieta. Mas logo voltei a olhá-los, os abracei brevemente e abri a porta saindo da casa.

Fitei o horizonte e comecei a caminhar em direção à estrada.
Agora minhas lágrimas e a chuva se misturavam numa dança interminável sobre meu rosto.

THE BOXWhere stories live. Discover now