Inês não seria tão baixa de usar sua gravidez para provocar Carlota. Ela resolveu ficar calada, o que não quer dizer que teria que ficar aguentando aquela mulher.
- Consuelo, de forma bem gentil, e sem tocar na barriga de Carlota, a conduza até a saída, por favor. - disse Inês.
- Sim, senhora. - disse Consuelo a segurando pelo braço. - Vamos "granfina"!
- Mas isso é um absurdo! Não pode fazer isso! - esbravejava Carlota.
Enquanto Consuelo "cuidava da visita", Inês fazia mais uma tentativa.
- Victoriano, abra essa porta. - dizia ela suave e ao mesmo tempo firme.
- Inês, eu já disse que quero ficar sozinho. Vá embora.
- Você me disse hoje, no hospital, que não desistiria de mim, como acha que eu posso fazer isso com você, Victoriano? - disse ela. - Por favor, abra.
Victoriano cedeu e resolveu abrir a porta. Ao entrar no escritório, Inês se depara com o mesmo todo revirado, tinha vidro quebrado por toda a parte, e Victoriano tinha um corte feio na mão.
- Meu Deus, do céu! Victoriano, o que você fez?! - exclama Inês. - Benito!… Benito!
- Sim, doutora. - disse ele vindo mais que depressa.
- Foi você que a chamou aqui, não foi? - disse Victoriano contrariado.
- Me desculpe, patrão. Mas tava todo mundo preocupado com o senhor. - disse Benito.
- Ninguém respeita mais a minha vontade nessa casa! - disse Victoriano visivelmente bêbado.
- Não ligue pro que ele diz, Benito, traga o estojo de primeiros socorros, por favor. Victoriano está com um corte horrível na mão e está saindo muito sangue, depressa. - disse Inês.
- Sim, senhora. - disse Benito saindo.
- Olha!… Ela já manda como se fosse uma Santos! - disse Victoriano debochando.
- O que foi que deu em você, afinal?! - disse Inês bem séria sentando-o na cadeira.
- Estava redecorando o escritório, qual é o problema?
- Pare de ser debochado!… O que aconteceu?
Benito chega com o estojo.
- Aqui está, Doutora.
- Obrigada, Benito. Pode ir, se eu precisar eu chamo. - disse Inês.
- Sim, senhora.
Inês, com uma pinça, ainda tirava alguns cacos de vidro da mão de Victoriano antes de limpar o ferimento.
- Me diga, Victoriano. O que houve? - ela insistia.
- Você tinha razão, morenita. Tinha toda a razão.
- Do que está falando?
- Eu sou o culpado! - disse ele. - Eu a minha mentira!
Inês fica imóvel.- Não me diga que…?
- Sim. Diana já sabe de toda a verdade. Aquele maldito contou a ela no hospital.
- Ah, Victoriano!… Eu sinto muito. - disse Inês de coração partido em ver seu amor ali, tão frágil.
- Ela não quis me ouvir. Me expulsou do quarto como se eu fosse um nada! - disse ele deixando algumas lágrimas caírem. Naquele momento, o grande Victoriano Santos, macho forte e viril, deu lugar a um homem sensível que chorava com medo de ter perdido sua filha.
- Victoriano, por Deus, não fique assim. - disse Inês. - Eu sei que foi um golpe muito duro pra Diana, mas você não pode se deixar abater.
- Você tinha que ter visto, Inês. Tinha ódio e revolta nos olhos dela. Ela estava triste.
- Vem. Vou pedir pro Benito te levar até o quarto. Não é bom que suas filhas te vejam assim, se acaso esqueceu, você ainda tem duas filhas que precisam de você. - disse Inês.
- Minhas princesinhas!… Eu vou vê-las, elas bateram na porta, eu não abri. Devem ter ficado preocupadas. - disse Victoriano tentando ficar de pé.
- Nada disso! Você não vai até elas desse jeito! Pode esquecer! - disse Inês.
- Você não manda em mim, Inês!
- Quer apostar?… Benito!
Ele vem prontamente.
- Pode dizer, Doutora.
- Leve Victoriano para o quarto dele, não deixe que ele veja as meninas nesse estado, coloque-o debaixo do chuveiro frio. - disse ela.
- Opa!… Homem me dando banho aí é demais!… Prefiro que você faça isso, morenita. - disse Victoriano sorrindo.
- Vejo que não está tão bêbedo! Até graça está fazendo!… Eu subo logo em seguida, você precisa de um curativo nessa mão e de um café bem forte. - disse Inês.
Benito fez como Inês dissera. Levou Victoriano para o seu quarto, o colocou debaixo do chuveiro, muito a contragosto de seu patrão e logo em seguida, Inês entrou com um café bem forte e ataduras para o curativo de Victoriano.
Ele toma o café e sente que está ficando melhor, enquanto isso, Inês lhe fazia curativos na mão.- Você podia ter se machucado seriamente, Victoriano. O que foi que te deu pra esmagar um copo com a mão? - disse Inês.
- A raiva foi tanta que eu nem pensei.
- A raiva é má conselheira, Victoriano. Sempre que nos deixamos levar por ela, fazemos coisas impulsivas e até perigosas. - disse Inês. - Pronto. Acabei.
- Você também andou esmagando copos com a mão? - disse ele reparando na mão enfaixada de Inês.
Ela fica receosa. Sabia que Victoriano tinha que saber de sua gravidez, ele tinha o direito. Mas aquele não era o melhor momento. Ele tinha problemas demais.
- Eu machuquei, só isso. Não é nada demais. - disse ela. - Agora, eu quero que descanse. Amanhã conversamos.
Inês se levanta, mas antes que possa sair, Victoriano segura em sua mão.
- Por favor, Inês, não vá embora. Fique. … Fique aqui comigo.
Ela o olha com ternura. Victoriano parecia uma criança assustada.
- Está bem. Eu fico.
Ele abre um sorriso.
- Mas só se prometer se comportar. - disse ela séria.
- Eu prometo. … A única coisa que quero e preciso, é você perto de mim. - disse ele.
- Tá bom. … Chega pra lá!
Victoriano se afasta para que Inês se deite ao seu lado. Mas assim que ela se deita, ele se aproxima e a abraça por trás.
- Você prometeu se comportar. - disse ela.
- Sou um homem de palavra, morenita. Só o que quero é ficar assim, juntinho de você. Você deixa?
- Claro que deixo, cowboy. - disse ela segurando na mão dele é se aconchegando mais em seus braços.
Por mais incrível que possa parecer. Eles, realmente, dormiram. Um nos braços do outro.
![](https://img.wattpad.com/cover/71232194-288-k116515.jpg)
YOU ARE READING
Um Encontro Do Destino
FanfictionInês Huerta é uma veterinária muito competente. Tinha uma vida quase perfeita. Uma clínica na capital, uma casa confortável, um casamento feliz. Era isso o que ela pensava. Depois de uma grande decepção, ela resolve passar uns dias em uma cidade pe...
Capítulo 34 - Juntando Os Cacos
Start from the beginning