A Prisioneira de Jeff The Killer

LXIII part 1

Sarah:

- Você tem que ir para o hospital!

Repito pela terceira vez.
Sentada na cama, agora vestida novamente começo a sentir as ondas de pânico se dissiparem.

Jeff nega pacientemente concentrado na sua tarefa. Quando saímos da floresta inacreditavelmente vivos só uma necessidade pendia em minha mente e era voltar para casa.
Sair daquele lugar nefasto, se distanciar de toda dor e sofrimento que nos foi causada por aquelas pessoas terríveis.

Aqui, eu me sentia segura.

Balanço a cabeça mordendo os lábios.
Jeff havia tirado a camisa ensopada e a ferida em seu ombro está mais evidente que nunca. O sangue voltou a brotar do buraco da bala que ainda estava dentro de sua pele. Eu não consigo imaginar a dor que ele deve estar sentindo. O ferimento ocorreu a horas e a pele envolta dele está vermelha e irritada. Porém ele não reclamou nem uma só vez, tratando aquilo como um mero arranhão.

Jeff vai ate a cozinha por alguns minutos e quando volta traz com ele uma faca com a ponta alaranjada claramente de ter sido colocada no fogo.

Diante meu olhar horrorizado, ele bufa.

Ele senta na cama ao meu lado. Não consigo tirar os olhos dele. Nem mesmo quando ele leva a faca até seu ombro em sua ferida exposta.
Sinto-me tremer quando ele encosta a ponta da faca fervente na carne deteriorada. Nenhum vestígio de dor passa por seu rosto mas ao contrário do que ele quer passar seu corpo começa a suar pelo esforço, e logo um fina camada de umidade reveste seu peitoral. Os minutos se passam e me ponho cada vez mais nervosa com sua tentativa falha de remover a bala sozinho. Sem ao menos um espelho para guia-lo a tarefa torna-se quase impossível.

-- Eu faço.

Digo apreensiva. Não consigo assistir sua dor desta maneira  e sei que ele nunca me pediria ajuda. Desse jeito ele iria acabar com uma infecção ou uma necrose. O pensamento pôs os cabelos dea minha nuca em pé.

-- Tem certeza?

Aceno determinada.
Ele me passa a faca sem mais delongas provando estar aliviado por minha ajuda.

Respiro fundo. Eu nunca cuidei de um ferimento antes, até hoje a única ferida de bala que eu vi foi na televisão. Só espero que seja tão facil como nos filmes.

-- Espere.

Saio correndo do quarto em busca de um pano molhado.

--  Tem que lavar a área antes.

Ele levanta as sobrancelhas divertido.

-- Você é enfermeira agora?

Reviro os olhos. Com um pano molhado seco delicadamente o sangue seco ao redor de seu ombro.
Mordo os lábios temerosa, tirando coragem dentro de mim para o próximo passo.

-- Está tudo bem. -- Jeff garante -- Vai fundo.

Com sua aprovação começo. Minha mão treme nas primeiras tentativas mas Jeff se mantém calado e aguentando firme a todo momento.
Sinto seu olhar atento sobre mim e sou consciente o quanto estamos próximos. Depois de tudo que passamos hoje, o estranho desconforto ainda rondava sobre nós é eu não faço a mínima ideia do que dizer. Me concentro em encontrar a bala, pelo menos isso me deixará com um tempo a mais para reorganizar meus pensamentos. Decidida a não me intimidar por seu escrutínio, continuo a árdua missão até que percebo algo duro e disforme sobre a tenra camada de pele.

-- Encontrei!

Comemoro com uma exclamação.
O pior havia passado. Puxo-a pra fora com a faca com bastante cuidado.
Quando tudo termina eu estou suando junto com ele. Respiro profundamente orgulhosa de mim mesma. Eu consegui. Eu o ajudei.
Pego o pano novamente e passo em seu ombro para limpar os vestígios de sangue. A ferida continua aberta e ainda pode ser perigosa para a saúde dele mas pelo menos a bala se foi.