3 - Dominação

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- A pior parte não é sequer a chantagem em si. - ele não olhava para mim - A pior parte é a sensação de traição e de... abandono.

Seus olhar escuro se mantinha distante. Seus ombros largos curvados sobre a cama, os braços fortes cujo sabor eu tive poucas oportunidades de experimentar. Ele massageou a testa, espremendo os olhos. Na curva de seu braço, seu bíceps contraído se fez notar imediatamente.

Mais uma parte de seu corpo que precisaria ser mordida em breve. Sem falta.

- Está com medo de sentir algo parecido comigo?

- Estou com receio de sentir algo exatamente igual.

- Joe...

- Yaya. - pediu, de novo - Não acho que vai me chantagear. Mas você é uma profissional e eu sou um cliente. Não tenho ilusões a respeito da natureza de nosso relacionamento. E, tenho certeza, que nem você.

- Claro. - concordei, suave.

- Você vai embora, em algum momento. É inevitável.

- Não vou me apaixonar por você, Joe. - expliquei devagar. Não queria que as palavras soassem frias e afiadas.

- Não, sei que não vai. É comigo que estou preocupado.

Um longo silêncio seguiu-se a sua confissão.

Já tive clientes apaixonados.

Já tive clientes obcecados.

Mas nunca tive clientes que queriam debater o assunto antes mesmo do sentimento se fazer perceber.

- E eu não sei como vou reagir - ele continuou - porque nunca me envolvi com alguém como você. Alguém livre. E mais que isso... - ele se pôs de pé e toda a glória do seu corpo nu me atingiu de uma vez. Mesmo flácido... glorioso. - Alguém com quem eu posso ser livre. Então... vou precisar que cuide de mim.

- Joe... - busquei sua mão e ele aceitou o carinho - É para isso que estou aqui.

- Eu sei. - sorriu, quieto. Ele nunca tinha se permitido demonstrar vulnerabilidade antes. Era um tom que lhe caia bem. - Mas preciso que cuide de mim e preciso que não deixe... - ele esfregou os olhos - Não deixe eu me apaixonar por você, Yaya.

Eu me pus de pé e o abracei. Nossos corpos nus. Sua mão desceu até a curva da minha bunda e sua ereção estava exibindo sinais de existência. Mas eu permiti que o toque perdurasse. Permiti que explorasse aquele pequeno pedaço do meu corpo, que sempre lhe era negado.

- Não se preocupe. - suspirei. Agora era eu quem lhe fazia um cafuné despretensioso, roçando minhas unhas em sua nuca. - Não vou deixar.

Em meus braços, ele derreteu.


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- Aí está ela!

Benjamin ergueu os braços assim que me avistou na entrada do bar. Ele era barulhento, expansivo, inconveniente... Eu amava aquele filho da puta.

- Estava com saudades? - deixei que ele beijasse minha bochecha.

- Já não sabia mais o que fazer. - puxou a cadeira em uma gentileza.

- Olhe para Benjamin sendo um cavalheiro. - Katya usava cílios postiços exagerados que só lhe caíam bem porque ela os amava - Não consigo acreditar.

Ben sentou-se ao meu lado, rindo alto.

- "Cavalheiro"? O que é isso? É de foder?

- Estamos em público, Benjamin. Olhe o vocabulário. - Nestor resmungou. Ele era atlético, mas parecia miúdo perto do bloco de concreto humano que era nosso amigo Ben. "Eu sou largo e comprido como o meu pênis" era o que ele exclamava sempre que alguém se impressionava com seu tamanho. A blusa justa (não por intenção, mas porque o pobre homem raramente encontrava roupas que o servissem bem) de mangas que acabavam pouco abaixo dos ombros, exibindo as imensas tatuagens negras que ele tinha ao longo dos braços, até os pulsos. Sua pele bronze e os cabelos curtos e muito escuros. Escuros como o único brinco que ele trazia em uma das orelhas.

[Degustação] MalíciaOnde histórias criam vida. Descubra agora