Eu matei o policial
Mande um salvo-conduto
Ou conto TUDO
Mande o documento para a segunda rua do parque
É a casa de tijolos vermelhos e três andares
Você tem dois dias
N
Elton dobrou a carta com vagaroso cuidado, sem olhar para ela. O grupo de policiais que a trouxera estava parado em frente à mesa do mago em seu amplo gabinete cinzento, esperando por instruções.
--- O chefe de polícia foi morto?
Os policiais concordaram, retraídos na presença do mago. Um deles, barbudo e roliço, parecia liderar a comitiva, indicando a representatividade com o queixo levemente acima da linha do horizonte.
--- Uma flechada, senhor. Na garganta.
Elton olhou para a mesa, terminando de organizar os pensamentos.
--- Certo, deem a ele o que ele quer. E mandem mais policiais para esse lugar.
***
Narion podia sentir-se quase em casa, como se ela ainda existisse em algum lugar fora da floresta Al-u-bu. Os pés mergulhados no lago não eram tão familiares aos sentidos porque os al-u-bu-u-na não tinham exatamente um lago; o riacho servia bem. Ainda assim, tendo ele se acostumado com a água fria até as canelas, a sensação era nada menos que boa. Atrás de si tinha apenas a estrada para Al-u-tengo, que comerciantes e trabalhadores tomavam --- nenhum dos dois, por motivos diversos, o tipo de viajante que se importaria com aquele homem tranquilo descansando o corpo no ócio. As barras da calça foram puxadas para cima, e ele vestia uma camisa qualquer de Ralf, transformada em colete. Era pouco menos que o ideal para o frio atenuado pelo sol ativo, mas Narion não se importava mais com isso.
O lago era imenso; não era possível ver o outro lado com clareza, embora uma linha fina de árvores altas fosse distinguível. Ou, talvez, fosse a imaginação de quem já sabia o que havia do outro lado.
O jovem comparsa de Narion se aproximou correndo, trazendo a tiracolo uma bolsa de goma escura. Ele vestia uma roupa toda amarela, usando também um chapéu por cima do gorro para esconder o rosto inteiro do sol --- prática costumeira entre os carteiros da cidade.
--- Veio alguma coisa? --- Perguntou Narion, saindo da água.
--- Não sei... Vamos ver! --- Respondeu ele, com um sorriso aventureiro.
Ralf pôs a bolsa no chão, e os dois puseram-se a tirar montes de papeis de dentro dela. Papeis pardos; alguns mais claros e pálidos, outros mais alaranjados. Alguns mais grossos, outros mais finos, meras cartas de pouca pompa.
Espalharam as correspondências por uma área grande no chão, e Ralf logo avistou um largo embrulho azul-claro com o desenho quadrado de um prédio.
--- É esse.
--- Tem certeza?
--- Sim! Quer abrir?
--- Não, pode abrir.
Ralf arrancou a tira de papel que fechava o envelope, e de dentro puxou um outro papel azul, desta vez dobrado e de superfície brilhosa.
--- Ah, isso é papel de aviso! --- Comentou Ralf, analisando-o sem desdo-brá-lo. --- São feitos com uma pequena porção de goma escura misturada a uma porção de bílis de ronco, e aí eles envernizam o papel depois que ele acaba de secar...
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A Aliança dos Castelos Ocultos
FantasyNa série Controlados, a magia está em todo lugar. Os magos podem alterar os seus sentimentos, os seus pensamentos ou comandar as suas atitudes. Não se pode confiar em ninguém. No primeiro volume da série, A Aliança dos Castelos Ocultos, Heelum está...