Capítulo 45 - Informação

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Eu matei o policial

Mande um salvo-conduto

Ou conto TUDO

Mande o documento para a segunda rua do parque

É a casa de tijolos vermelhos e três andares

Você tem dois dias

N

Elton dobrou a carta com vagaroso cuidado, sem olhar para ela. O grupo de policiais que a trouxera estava parado em frente à mesa do mago em seu amplo gabinete cinzento, esperando por instruções.

--- O chefe de polícia foi morto?

Os policiais concordaram, retraídos na presença do mago. Um deles, barbudo e roliço, parecia liderar a comitiva, indicando a representatividade com o queixo levemente acima da linha do horizonte.

--- Uma flechada, senhor. Na garganta.

Elton olhou para a mesa, terminando de organizar os pensamentos.

--- Certo, deem a ele o que ele quer. E mandem mais policiais para esse lugar.

***

Narion podia sentir-se quase em casa, como se ela ainda existisse em algum lugar fora da floresta Al-u-bu. Os pés mergulhados no lago não eram tão familiares aos sentidos porque os al-u-bu-u-na não tinham exatamente um lago; o riacho servia bem. Ainda assim, tendo ele se acostumado com a água fria até as canelas, a sensação era nada menos que boa. Atrás de si tinha apenas a estrada para Al-u-tengo, que comerciantes e trabalhadores tomavam --- nenhum dos dois, por motivos diversos, o tipo de viajante que se importaria com aquele homem tranquilo descansando o corpo no ócio. As barras da calça foram puxadas para cima, e ele vestia uma camisa qualquer de Ralf, transformada em colete. Era pouco menos que o ideal para o frio atenuado pelo sol ativo, mas Narion não se importava mais com isso.

O lago era imenso; não era possível ver o outro lado com clareza, embora uma linha fina de árvores altas fosse distinguível. Ou, talvez, fosse a imaginação de quem já sabia o que havia do outro lado.

O jovem comparsa de Narion se aproximou correndo, trazendo a tiracolo uma bolsa de goma escura. Ele vestia uma roupa toda amarela, usando também um chapéu por cima do gorro para esconder o rosto inteiro do sol --- prática costumeira entre os carteiros da cidade.

--- Veio alguma coisa? --- Perguntou Narion, saindo da água.

--- Não sei... Vamos ver! --- Respondeu ele, com um sorriso aventureiro.

Ralf pôs a bolsa no chão, e os dois puseram-se a tirar montes de papeis de dentro dela. Papeis pardos; alguns mais claros e pálidos, outros mais alaranjados. Alguns mais grossos, outros mais finos, meras cartas de pouca pompa.

Espalharam as correspondências por uma área grande no chão, e Ralf logo avistou um largo embrulho azul-claro com o desenho quadrado de um prédio.

--- É esse.

--- Tem certeza?

--- Sim! Quer abrir?

--- Não, pode abrir.

Ralf arrancou a tira de papel que fechava o envelope, e de dentro puxou um outro papel azul, desta vez dobrado e de superfície brilhosa.

--- Ah, isso é papel de aviso! --- Comentou Ralf, analisando-o sem desdo-brá-lo. --- São feitos com uma pequena porção de goma escura misturada a uma porção de bílis de ronco, e aí eles envernizam o papel depois que ele acaba de secar...

A Aliança dos Castelos OcultosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora