Capítulo 10 - Educação familiar

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Tadeu abriu a porta e passou os olhos com atenção por todos os cantos da casa. A sala era ampla e alta, com fortes paredes de corvônia. Havia à direita uma grande mesa retangular, em cujas cadeiras de prateados entalhes se encaixavam minérios de luz vermelhos. As duas compridas janelas do lado oposto à entrada eram de um vidro rugoso e vermelho, bem como aquelas à frente da casa, ladeando a porta que Tadeu fechava. Pendurados ao longo da parede esquerda estavam outros três minérios de iluminação, dois amarelos e um azul, intercalados. Acoplada à corvônia ficava uma escada com degraus claros, quase cintilantes, mas um corrimão de madeira escura.

Seus olhos escrutinaram o lugar, desconfiados da ausência do pai. Não sabia o que esperar da primeira aula de magia, ainda mais considerando que seria ministrada por ele; eles iriam para outro lugar? Mais pessoas estariam presentes?

Tadeu ouviu algo; descobriu serem as botas da mãe, que surgiu vagarosamente pela porta que levava à cozinha, trazendo as duas mãos dadas à frente do corpo.

--- Seu pai está esperando. --- Disse ela, encostando-se à moldura da porta.

--- Onde?

Eva acenou com a cabeça na direção de um corredor à esquerda, que começava antes da escada. Tadeu assentiu.

Quando Amanda entrou em casa, um empregado logo veio tirar-lhe a capa. Amanda agradeceu, e ele avisou que seu pai a esperava em uma sala no terceiro andar. Com um sorriso nervoso subiu as escadas, eventualmente pulando dois degraus de uma vez --- evitando certa feita o ranger de uma das tábuas. Chegou rápido à única sala de porta fechada do longo corredor escarlate. Bateu antes de entrar.

A sala, gigantesca e praticamente vazia, estava com as altas e finas janelas abertas para o lado de fora. Além das curvas colunas amarelas que surgiam da parede interna em direção a um teto inatingível, havia na sala uma coleção de almofadas lilases, um par de copos e uma jarra com água. O vento fresco de início de noite dava ao lugar um aspecto relaxante --- exatamente o tipo de coisa de que ela precisava.

--- Boa noite, filha. --- Disse Barnabás, deixando ver um sorriso amável ao voltar-se para Amanda. --- Está tudo bem?

--- Ótimo, pai. Vamos começar?

--- Se você estiver pronta... Por que não?

Ela levantou as mãos, dando um nervoso riso de indiferença.

--- Já que eu não sei o que é estar pronta...

O corredor levava a uma confortável sala que o pai, parado diante de uma lareira, usava para reuniões quando era inasi-u-sana. Era uma sala fria, ainda que ali não houvesse janelas, o que significava que o fogo precisava crepitar. As paredes, por mais uniformemente escuras que fossem --- como, aliás, eram em quase todos os ambientes daquele pequeno castelo --- eram muito bem iluminadas por minérios amarelos, dispostos simetricamente em duas das paredes. No centro do recinto dois confortáveis e luxuosos sofás, longos e com encostos de estofado vermelho, ficavam em cima de um tapete dourado e preto de motivos geométricos. A sala provocava uma sensação saborosa que Tadeu, por mais que não quisesse, achava insuportável.

--- Como tem estado? --- Perguntou Galvino, servindo-se de água. --- Quer um pouco?

--- Não, obrigado. Tenho estado bem.

--- O que tem feito? Por que estava fora?

--- Estava aprendendo cultivo. Plantas, flores... --- Amanda o ensinara algo sobre plantas medicinais. Ele também sabia reconhecer minérios de cura graças a essa conveniente mentira.

Galvino balançou a cabeça, como que aprovando a atividade, e se aproximou da lareira.

--- É um bom lazer, meu filho. A natureza é realmente algo que... Devemos admirar. Melhor ainda, é algo de que devemos tirar lições. --- Fez uma pausa para a água. --- ... Mas a vida dos homens, Tadeu, e especialmente de homens como nós, é mais importante.

A Aliança dos Castelos OcultosWhere stories live. Discover now