Capítulo 9

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- Meg, está na hora.

Abro os olhos e vejo Beatrice sentada à beira da cama com a mão suavemente depositada em meus ombros. Percebo que as cortinas foram abertas, pois os primeiros raios do sol penetram seus olhos verdes, os tornando semelhante ao mar.

Sento-me na cama e passo a mão pelo meu rosto frio, na inútil tentativa de espantar o resto do sono.

- Vá tomar seu banho querida. – Diz Beatrice insistente.

Levanto-me.

- Onde está o uniforme? - Ela ri.

- Meg, é um colégio publico. Não há uniformes.

Meu olhar se prendeu ao dela. Como assim colégio publico?  Ela percebeu meu espanto.

- É um ótimo colégio meu amor.

Cedi. Não havia o que ser feito. Abri o guarda-roupa, peguei uma calça jeans e uma blusa lisa azul.

Banhei-me e coloquei a roupa.

- Aqui está. - Me entregou uma mochila de cor azul escuro, feita de um pano grosso e sem nenhum enfeite. - Todo material que irá precisar está ai. O resto dos livros ficam no seu armário. Quando chegar lá é só ir direto a Diretoria e avisar que é a aluna transferida. Eles vão lhe apresentar o colégio.

Após o café Beatrice me levou até a escola em seu carro.

- Boa aula querida. - Foram as ultimas palavras que me disse ao me ver descer do veiculo.

Senti um impulso frio subir minha espinha ao perceber que estaria sozinha em um ambiente novo. Um ambiente semelhante ao que eu havia sido traída há dias atrás.

Mas todo recomeço precisa começar de alguma forma.

Após vê-lá partir, olhei em direção ao que me esperava e me deparei com um enorme campos. Havia um arco em sua entrada escrito 'Escola Hyster'. Fui pelo caminho que se estendia por baixo dele. O mesmo em que todos os alunos passavam. Ao entrar no prédio a frente avistei um imenso corredor repleto de portas vermelhas. Alguns alunos transitavam apressadamente para todos os lados, outros conversavam distraídos e provavelmente sem a mínima pressa.

Como num súbito, parei a próxima menina que passava por mim.

- Desculpa, pode me ajudar a encontrar a sala do diretor? - A chamei encostando levemente em seu braço. Ela me olhou como se me repreendesse por tê-la tocado. Seus olhos me analisavam cuidadosamente enquanto em me sentia cada vez menor.

- É a ultima porta no final do corredor.

Após a ultima palavra ela continuou seu caminho, sem nem ao menos olhar para trás.

Segui pelo corredor, passando pelos curiosos olhares em minha direção. Alguns burburinhos surgiam conforme eu caminhava. Tentei ignora-los e continuar minha marcha até a porta de madeira com uma placa de metal escrita "Diretor Juan Braga".

Na parte de cima da porta havia um vidro translucido que só permitia que eu visse uma sombra na parte de dentro da sala, mas sem conseguir identificar seu rosto. Bati duas vezes com o nó dos dedos na porta. A porta maciça tornou o som da minha batida quase inaudítivel. Pensei em bater novamente, mas uma voz rouca veio do outro lado da dela.

- Pode entrar.

Girei a maçaneta e entrei. A sala era diferente do que eu imaginara. O clima era leve. Quadros com lindas paisagens estavam pendurados nas paredes.

Um senhor sentado à mesa apontou para cadeira a sua frente num gesto para que eu também me sentasse. Ele analisava alguns papeis que estavam a sua frente.

Amarga MegOnde as histórias ganham vida. Descobre agora