the only heaven i'll be sent to, is when i'm alone with you

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O vento inconstante que pairava sob a primavera inglesa trazia consigo flores das mais variadas tonalidades para a visão, uma fragrância suavemente adocicada ao olfato, serenidade ao entardecer de um dia com diversos tons pastéis pincelados no céu e bebidas açucaradas que aquecem seus órgãos internos. Talvez o perfume exclusivo da paz era essa singela combinação de elementos. Enquanto desfrutava do clima ameno de sua estação predileta do ano, Harry segurava entre seus dedos uma xícara na qual o líquido escuro exalava fumaça abstrata e um agradável cheiro de cafeína. E ao sentir a substância entrar em contato com seus vasos sanguíneos, podia sentir sua pele formigar e seu coração esquentar, como se estivesse sendo agasalhado. Nunca soube o exato motivo de sua apreciação por tal bebida, talvez fosse porque sua mãe lhe mimava desde que era pequenino com canecas de personagens apenas para o garoto tomar café, e receber assim, uma radiante criança com covinhas e olhos esverdeados verdadeiramente gratos, como se o vapor que exalava da xícara fosse o efeito de alguma poção mágica poderosa. Ria de si mesmo, pois afinal, nunca fora necessário bonecos de preço alto para sorrir verdadeiramente e saltitar exasperado, e sim, uma caneca com café.

Á sua frente estava posta também uma bíblia. A sua capa dura e cor de vinho lhe passava uma vaga sensação de autoridade. Ele folheava o livro sagrado desde que acordara, em busca de algum método de inspiração divina para o culto da noite, pois hoje era um dia de extrema importância para o garoto e o restante dos membros da igreja. O menino considerava o evento de grande importância, pois em sua crença o mesmo representava o sacrifício de Jesus realizado na cruz. O ritual não era complexo, os símbolos não iam além de nada mais que o pão e o vinho, mas remetia á quem participava o milagre que seu Deus realizara. Sendo assim, devido a sua religiosidade, o cacheado afastou muitos pensamentos para se concentrar em sua divindade e sua palavra. Pois, não é sempre que ocorre um evento de suma importância como a Santa Ceia. O único momento do dia em que não estava realizando sua pesquisa fora quando seu celular vibrou e uma notificação aparecera em seu telefone, as letras miúdas na tela do aparelho revelando uma mensagem de ninguém menos que Louis.

Um considerável período de tempo passou desde que ambos tiveram a pequena contenda, e após isso, tiveram uma aproximação genuína. Fora rápido, recíproco e surpreendente. Conclusivamente, Harry não era a definição de garoto sociável, então ele mesmo não acreditou quando se viu chamando alguém como Louis Tomlinson de amigo. Os gritos alarmantes e exagerados de Niall após o garoto contar-lhe sobre seu mais novo companheiro era um exemplo de como aquilo fugia de sua realidade monótona. Mas ao estar na presença do homem, sentia-se simplesmente leve. Tudo transmuda em sutileza, sua companhia continha a suavidade da brisa do campo, mas a intensidade de uma tempestade que atinge uma cidade grande. Desconsiderava ao máximo as borboletas inquietas que rodeavam desgovernadamente o seu estômago toda vez que um sorriso com dentes perfeitamente alinhados e olhos que espreita diversas sensações num tom azul como a cor do mar eram direcionados unicamente para si, mas não podia negar a forma como seu coração se expandia sempre que estava junto da presença do outro.

Quando encontravam-se, o cacheado evitava falar sobre alguns assuntos para evitar confrontos, incluindo a Igreja e a posição de Louis perante a mesma. Harry não sabia o que acontecera para o homem vê-la numa perspectiva tão duramente gélida, mas não gostaria que isso viesse á tona por enquanto, pois sabia que não teria um término positivo. As suas bochechas avermelhadas, sua risada contida sempre que o mais velho lançava alguma piada boba sobre seus cachos e seus olhos como duas esmeraldas que por vezes, observava cada mísero detalhe de Louis e se tornavam brilhantes e reluzentes... Já era mais do que o suficiente.

E após ler e responder a mensagem, não pôde evitar que a conversa se prolongasse, pois estranhamente, o mais velho fazia com que horas se transformassem em nanosegundos, como se o relógio voasse. Era estranho, mas as cócegas que isso causava nas entranhas de Harry eram extremamente agradáveis. Conversaram sobre muita coisa, incluindo a Santa Ceia. O cacheado não queria invadir o espaço do outro, mas as idas de Louis à igreja tornaram-se frequentes, fazendo com que até os líderes começassem a notar sua presença, dando breves cortesias ao mesmo. Portanto, Harry não tardou a questiona-lo. Seria um prazer ver o homem no evento da Igreja ao anoitecer.

This is Heaven ✞ [lwt & hes] Where stories live. Discover now