#42

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(Christopher...)

- Você está bem cara? - William se aproxima com a feição preocupada.

Estou realmente exausto de responder está pergunta. Não eu não estou bem mas como explicar isso, talvez se eu dissesse: " ah cara meu pai me culpa pela morte da filha dele, ah é eu tinha uma irmã, Mas ela morreu pra me salvar..  Claro que estou bem por que não estaria? "

- Estou aqui, não estou? - Olho em volta do nosso pequeno estúdio, adiei os ensaios por duas semanas, inventei uma dor de cabeça só para não comparecer a um show mas estou aqui com uma guitarra entre minhas mãos e um microfone a centímetros de minha boca. O próximo show será em breve e este eu não posso cancelar, não posso ferrar com Jeff e will. Eles amam está banda e mesmo com o meu pouco tempo como integrante passei a ama-la também, por mais que eu não esteja bem não posso simplesmente sacrifica-la - Será que podemos continuar a ensaiar? 

- Claro - Jeff se apressa à dizer. Ele parece temer um conflito entre will e eu. Vamos dizer que sou ótimo para arranjar brigas e Jeff sabe disso.

Passamos as seguintes duas horas sem dizer nada um para o outro, a única voz que se ouvia era a minha, depois de semanas guardando este sentimento dentro de mim hoje pela música pude desbastar, nem Jeff e nem William sabiam mas cantar todas aquelas letras me fizeram muito bem. O repertório batia completamente com o que eu estava sentindo um misto de confusão e tristeza. Um combo de sentimentos ruins.

....

Já passam das onze da noite e eu me sinto literalmente acabado, não tenho forças nem para pedir uma pizza, o máximo que consegui fazer quando cheguei em casa foi me afundar em um longo banho quente. Depois disso me deitei e não sai da cama até agora, para ser sincero não pretendo sair tão cedo, eu poderia ir visitar Beatriz, neste momento ela é a única que consegue me acalmar, sua voz aveludada parece me envolver em um abraço. Ela pode não notar mas está sendo meu maior abrigo nos últimos dias. Só na sua companhia eu posso esquecer da fúria de Henry, da tristeza de minha mãe e.. Bom bea me faz esquecer por um segundo que tive uma irmã e que ela morreu para me salvar..

Me assusto com o toque de meu celular, vou até a sala e o pego de cima do sofá, uma foto minha e de Bea estampa o visor, ela está comendo macarrão e eu estou olhando-a com um sorriso divertido nos lábios, foi Liv quem tirou está foto e a sua naturalidade é o que há de mais bonito. Entre todas as fotos está é minha favorita.

- oi..  - sua voz é baixa.

- Oi..

Sinto meu coração se apertar em meu peito, sei que meu silêncio está machucando Beatriz, sei que está fazendo mal a ela, mas eu não tenho coragem de contar o que está acontecendo, e eu sinto que a qualquer momento ela pode se cansar e desistir de mim. Por isto quando sua voz aparenta qualquer indiferença eu sinto meu mundo prestes a cair.

- Você está bem?

Fico por um instante em silêncio e então respondo:

- Estou..

- Você está mentindo - diz com a voz ainda baixa.

- não, eu não estou.

Ela desliga o celular sem responder, sem ao menos dizer um "até logo" ..será que ela desistiu?  será que ela se cansou?  eu não posso perde-lá, Beatriz é a última coisa que me restou. Ela é a única pessoa capaz de transformar meu caos em um delicioso caos..

Saio pela porta da frente eufórico, não posso desistir de Beatriz! Aperto o botão do elevador que já está subindo para o meu andar e quando ele abre eu a vejo.. Vejo bea com os olhos aflitos como os meus, e por impulso eu a abraço, o abraço mas aperto que já dei em toda minha vida.

O Garoto Do Sexto andar ( Em Reforma)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora