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- Bem, parece que acabámos – verificou o Freddy.

Rita pousou os detergentes em cima da mesa da cozinha e concordou. A sala, a cozinha, os quartos e as casas de banho estavam limpos e arrumados.

- Obrigado pela ajuda, mana – Freddy abraçou a irmã pela cintura e deu-lhe um beijo na bochecha.

- De nada! E agora vamos fazer o jantar – disse ela, fazendo o Freddy olhá-la com um ar sombrio – O que é que se passa?

- Ahm... É que eu não tenho nada de especial cá em casa, acho que vamos ter de ir ao supermercado fazer umas compras.

Nem precisou de repetir. Rita tirou imediatamente o avental e as luvas e foi até à casa de banho para compor o cabelo.
Poucos minutos depois estavam os dois dentro do carro de Freddy, em direção ao supermercado mais próximo.
Cerca de uma hora depois estavam a arrumar as compras nos armários e no frigorífico.

- Finalmente esta casa está como deve ser – comentou o Freddy, observando o trabalho que tinha sido feito naquele fim de tarde – Se não fosses tu nada teria mudado.

- Eu sei que sou a melhor irmã do mundo – brincou.

- Oh, és a única que eu tenho – gozou ele, deitando-lhe a língua de fora.

Rita sorriu e sentou-se numa das cadeiras da cozinha. O irmão percebeu logo que ela não estava muito bem. Sentou-se na cadeira em frente e observou-a com atenção.

- O que é que se passa?

Rita suspirou, observando as suas mãos que brincavam com uma maçã.

- Discuti com o Alonso... - acabou por dizer – Disse-lhe coisas que não devia ter dito.

Freddy pegou nas mãos dela para lhe transmitir algum tipo de apoio.

- Tenho a certeza que vais conseguir resolver as coisas com ele – disse ele – Vocês já namoram há imenso tempo, gostam muito um do outro...

- Talvez eu já não goste assim tanto dele... - admitiu, sentindo-se péssima.

- Como assim? – perguntou ele, estupefacto.

Rita depressa lhe contou sobre o Jos, sobre os momentos estranhos entre os dois, sobre o seu presente de aniversário e sobre o facto de se andarem a evitar um ao outro.

- E a Filipa? Sabe disso?

- Não... - murmurou – Nem tenho coragem para lhe contar.

filipa

Liguei pela terceira vez ao Jos, mas ele não me atendia as chamadas.

- Talvez esteja ocupado – sugeriu o meu irmão.

- Talvez – concordei, pouco convencida disso.

- Bem, e se começássemos a fazer o jantar? – perguntou o Alonso, vendo que nenhum de nós se decidia a fazer alguma coisa.

- Sim, vamos – concordou o Bryan, levantando-se do sofá – Mana, sabes por que é que os pais não vêm jantar?

- Foram a um jantar de aniversário de um amigo do pai – expliquei, sem me levantar.

Bryan foi para a cozinha e ouvi-o a remexer nos armários.

- Vens? – chamou o Alonso, levantando-se também.

Não lhe respondi porque estava imersa nos meus pensamentos e nem o ouvi.
O Jos andava a fugir de mim há imenso tempo e eu não conseguia perceber porquê. Normalmente, quando havia algum problema entre nós, costumávamos falar sempre sobre o assunto, mas desta vez ele fechou-se em copas e preferiu optar por evitar-me. E isso começava a assustar-me.

- Estás a pensar no Jos?

Aquela pergunta arrancou-me dos pensamentos e olhei para o Alonso com um ar confuso.

- Já percebi que as coisas entre ti e o Jos não estão muito bem... Já nem vos vejo juntos.

- Pois – confirmei – Tenho a sensação de que ele anda a fugir de mim.

- A sério?

- Mais ou menos – pensei – Já não estamos muitas vezes juntos, e quando estamos juntos é por pouco tempo e é sempre longe daqui de casa ou longe dos nossos amigos. Sempre que lhe pergunto se quer vir aqui a casa, ele diz que não. Quando o nosso grupo de amigos combina sair, ele diz que não. Eu não consigo perceber estas atitudes dele.

Alonso observou-me, preocupado e compreensivo.

bryan

Este assunto estava definitivamente fora de controlo.
O Alonso e a Rita cada vez se afastavam mais. A Filipa e o Jos já nem pareciam namorados.
E isto estava a deixar a Filipa e o Alonso muito em baixo.
Durante o jantar nenhum dos dois falou, perdidos em pensamentos.
Percebi que estava a ser parvo. Eu devia falar com a minha irmã e contar-lhe o pouco que sabia. Podia não ser nada de especial mas também podia ser algo que explicasse o que andava a acontecer.
Mas não falaria com a minha irmã naquela noite, pois o Alonso estava cá em casa.

- Se não se importarem, vão andando para a biblioteca que eu fico aqui a lavar a loiça – disse-lhes quando acabámos de jantar.

- Tens a certeza? Não preferes vir ver o filme e deixares a loiça para amanhã? – perguntou a minha irmã, estranhando a minha atitude.

- Não, prefiro arrumar a cozinha hoje. Para além disso não me apetece ver filmes agora.

- Okay – acabou por concordar - E queres ajuda?

- Não, prefiro fazê-lo sozinho.

Assim que eles os dois saíram, abri a torneira do lava-loiça e enchi-o até ao cimo. Juntei detergente para a loiça e levantei a mesa.

destinos trocadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora