Capítulo 01 - Letícia

Start from the beginning
                                    

Assim que entro em minha sala, dou de cara com a minha secretária, que é também minha melhor amiga.

— Letícia, o senhor Cooper está te esperando há mais de uma hora.

— Lorena, o mundo não está cooperando comigo, hoje. Pelo menos você tem que me ajudar – jogo minha pasta e bolsa sobre a mesa e saio disparada em direção a sala do presidente.

Chegando ao destino, percebo que há uma nova secretária na presidência. Novamente? Qualquer dia desses tenho que perguntar para alguém o porquê dessa rotatividade de morenas tipo dançarinas de funk nessa presidência. Aproximo-me da nova menina:

— Bom dia. Acredito que o senhor Cooper esteja me esperando.

Ela sorri como uma boneca... plastificada. Estranha...

— Letícia?

A nova secretária mal termina de falar e Kevin sai de sua sala.

— Bom dia, Lê. Como está? – ele cumprimenta-me com um beijo no rosto.

Kevin e sua família são mais que amigos meus. Eles fazem questão de serem presentes em minha vida. E sou mais que grata quanto a isso.

— Já tive manhãs melhores – respondo.

— Mandei preparar um café da manhã especial na sala de reuniões, acompanhe-me.

Assim que entramos em sua sala de conferencia, olho com descrença a mesa posta com um café da manhã completo. Ter esses momentos aqui na empresa não é novidade. Mas essa é a tática que usamos quando temos negociações difíceis.

— É bom que esse café valha a pena, senhor presidente – falo enquanto sento em uma das cadeiras. A mais próxima aos croissants.

— Valerá, Lê – Kevin sorri.

Ele tem por volta de quarenta e cinco anos, pele clara, cabelos escuros, olhos verdes, um corpo esbelto para idade. Na verdade, Kevin tem uma aparência incrível para quem tem uma posição tão exigente quanto a dele. Está sempre impecavelmente vestido. Sua elegância natural e generosidade com que trata as pessoas, o torna muito mais bonito. Sua esposa, Evellyn, é uma graça. Tão elegante quanto seu marido e sempre calorosa. Ela ama tanto o Brasil, que há dias que passa a impressão de que nasceu aqui. Seus filhos não saíram diferente dos pais. Os três rapazes de dezessete, dezenove e vinte anos, são extremamente educados e muito galantes. Cópias de seu pai.

Enquanto sua secretária serve meu café, que por sinal é mais uma coisa estranha, admiro a opulência da sala de vidro transparente no meio do décimo segundo andar. É como uma bolha. Daqui, pode-se ver todos os outros ambientes que compõem o andar mais importante da Global. Kevin senta-se em frente a mim. E eu, faminta como sou, perco o foco com tantas maravilhas culinárias.

— Vai soltar a bomba agora no café ou vai esperar para o almoço? – pergunto impaciente. Há um pãozinho gritando meu nome.

— Preciso da sua ajuda com essa edição da Vitrine – ele foi direto.

Pego mais um pãozinho de queijo e saboreio enquanto ele continua com o seu discurso ensaiado.

— Quero que você seja a apresentadora dessa edição.

Sabia que tinha alguma coisa muito importante por trás desse café.

— Não acho que seja uma boa coisa, não sou a pessoa mais indicada para isso.

— Quando se trata de negociação, você é a melhor! E nós realmente precisamos da sua ajuda. O país passa por um momento difícil e esse evento pode trazer boas perspectivas para a economia fragilizada.

A Vitrine - 2ª Edição     (Degustação)Where stories live. Discover now