Capítulo 39

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Não sei o que sentir diante disso. Acabo de descobrir que o sou filha do cara do passado tenebroso da minha mãe, e que o cara que sempre chamei de pai, na verdade não é.

Eu queria subir as escadas e gritar com a minha mãe, perguntar a ela o que ela estava pensando quando escolheu esconder isso de mim, mas não quero a deixar pior do que já está.

Não sei como nunca descobri isso antes. Eu e Drake somos parecidos, os mesmos olhos azul piscina e mesmo cabelo pteto, enquanto o Noah é idêntico ao Jefferson, loiro de olhos castanhos. 

Eu nunca vou deixar de amar o meu "pai", nem deixar de chama-lo de pai. Foi ele quem me criou, me amando e dando todo o apoio como uma figura paterna.

Ele precisa de saber de toda verdade e eu nem sei como vou contar a história, mas eu vou contar de algum jeito.

- Ele ia ficar tão feliz em te ver. Ver como está crescida e a cara dele. - tia Lucy diz pra quebrar o gelo da situação.

- Mas ele me vê. Eu sei que ele me vê. - digo.

Lucy parece meio assustada com as minhas palavras, pois ela dá um sorriso amarelo.

Minha mente está totalmente desligada do mundo. Peço licença a tia Lucy e vou pro meu quarto.

Deitada em minha cama, reflito sobre a revelação do dia e de alguma forma tudo faz mais sentido pra mim.

É óbvio! Drake este tempo todo estava querendo me ajudar de alguma forma. Lembro do pesadelo que tive com o garotinho que hoje eu sei que é o Drake, ele dizia que queria me ajudar de alguma forma e eu não tinha entendido bulhufas. E também teve a vez que eu joguei o Ouija ele o tabuleiro disse:
A J U D A R, quando perguntei o que ele queria.

Ouço dizer meu quarto a voz do meu pai(Jeff) e corro pra ver ele.

Dou um abraço bem apertado nele e o mesmo me abraça.

- Está acontecendo alguma coisa? - meu pai me pergunta.

- Eu... Preciso falar com você. - digo sem saber se ao certo é a melhor escolha.

- Pode falar, filha. - ele diz se sentando.

- Bem, eu pensei muito antes de te falar isso e acho que você merece saber. Mas antes de tudo, eu quero te falar que não vai mudar nada, meus sentimentos por você vão ser os mesmos. - explico.

- Diga logo, Carly. - meu pai insiste.

- Pai, você sabe de um namorado da minha mãe chamado Drake, né? - pergunto sabendo a resposta.

- Sim, mas sua mãe não gosta de falar sobre isso.

- Eu descobri que ele é o meu pai verdadeiro. - digo um tanto baixo.

Olho pro meu pai à minha frente e tento decifrar em em seu rosto alguma forma de sentimento, mas é indecifrável.

- Ah filha, - meu pai abaixa a cabeça mas logo levanta. - Eu já sabia disso. - ele confessa.

- Sabia? - pergunto surpresa.

- Sim, depois de alguns meses que nós nos conhecemos ela me contou, e não havíamos nem tido nada, sabe, nenhuma relação, é, mais íntima. - meu pai se atrapalha em meio as palavras e eu me seguro pra não rir.

- E por que continuou com ela? - pergunto.

- 1°. Eu a amava mais que tudo nessa vida, 2°. Ela estava sozinha e grávida, eu não ia deixar ela se virar por aí e 3°. Eu prometi a Bia que ia assumir a responsabilidade mesmo sendo tão novo, e quando a garotinha de olhos azuis nasceu, eu simplesmente me apaixonei por ela e percebi que independente de sangue, ela ia ser a minha filha. - meu pai diz e eu estou sem palavras.

Eu nunca tive dúvidas em relação ao amor dos meus pais, e agora então, eu tenho a certeza. Foi uma coisa tão linda o que ele fez, que é de dar inveja.

- Pai, eu amo tanto você. - digo o abraçando.

- Eu também, querida.

Eu nunca imaginei que o meu pai sabia que não era filha dele. Era pra mim estar com raiva dele, por ter escondido isso de mim durante 16 anos. Mas ao invés disso, eu tenho orgulho dele, orgulho de poder o chamar de pai.

Depois de minha conversa com meu pai, tomei um banho quente, coloquei meu pijama e fui dormir.

Como em todos os meus pesadelos, sempre estou no prédio em que minha mãe morou. Desta vez, estou no elevador, que tem o vidro quebrado, aparentemente por um martelo. O elevador para, me revelando um corredor escuro, com uma luz vindo de uma porta. Apesar do escuro, consigo ler na porta o número 202, isso quer dizer que é o antigo apartamento do Drake, atual da Kate. Em primeiro momento, entro no apartamento, mas logo me arrependo, ao ver o grande pentagrama desenhado no chão de madeira da sala. Em volta do desenho, há 5 velas acesas.
Um movimento me chama atenção e levanto o olhar pra ver minha mãe, escorada na porta.

"Demorou pra vir" ela diz.

A algo nela que está diferente, em suas mãos tem sangue, mas ela tem um sorriso medonho no rosto.

"Seu pai e seu irmão já foram, agora só falta você!" ela diz.

"Mãe, o que você quer dizer?" pergunto.

"Eles já se foram, eu os matei, cortei em pedacinhos pra ser exata, entendeu ou quer que desenhe?" ela explica e eu sinto nojo da cara dela.

"Por que você fez isso?" pergunto incrédula.

Sua face que antes estava sorridente, agora está triste e posso ver uma lágrima brotar em seus olhos.

"Ele me obrigou, filha me desculpe!" ela diz mas não sei se posso acreditar no que ela diz.

"Quem te obrigou?" pergunto em busca de uma resposta concreta.

"Seu vovozinho! Ele é uma pessoa tão má, sempre foi. O Drake fez bem em matar ele, pena que não foi suficiente pra manter ele longe." minha mãe diz, com diversão clara na voz.

Ao perceber a encrenca em que estou me metendo, mas quando me viro pra correr, uma face deformada e medonha me bloqueia, me fazendo cair. Ele me agarra pelos pés e logo minha mãe vem e me agarra pelos braços, me levando pro quarto. Eles me jogam lá e me trancam. Corro os olhos pelo local, analisando a quantidade de sangue na parede bege. Olho pro chão e vejo uma cena que me embrulha o estomago. Meu pai e meu irmão mortos, com cabeça e membros cortados.

Dou um grito e fecho os olhos, torcendo pra que tudo aquilo acabe.   

O Apartamento 202/ #Wattys2016Where stories live. Discover now