capítulo 32

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- Quando eu me mudei pra cá pra Seattle, eu achei que minha vida ia melhorar. Ai, eu conheci o Drake. Nós éramos amigos mas ai começou a acontecer umas coisas comigo, eu digo, sobrenatural e eu achei que fosse pelo fato do Drake ser satanista. - ela diz.

- Então aquele pentagrama na casa da Kate, foi ele que fez? Esse Drake acabou com a sua vida. Ele era um idiota. - estou com raiva dele.

- Mas ai eu descobri que o Drake matou o pai com marteladas e eu via a figura do pai dele todo dia e a minha mãe tava achando que eu era doida. Eu amava o Drake e eu sei que ele me amava e o espírito do pai dele queria fazer ele sofrer me matando, por que ele sabia que se eu morresse o Drake ia se destruir de tristeza. - ela está chorando.

- Se não quiser continuar não tem problema. - ela diz.

- Não tudo bem. Continuando... O espírito do pai dele possuiu a minha mãe e ela jogou o Drake da janela do apartamento e aquilo me deixou com uma raiva mortal. Então, eu matei ela. - ela diz.

Eu também não consigo segurar o choro.

- Você o amava? - pergunto e ela concorda.

- Mas do que o papai? - pergunto.

- Claro que não. Ele é... O pai dos meus filhos. - ela diz.

- Mãe, eu tive um pesadelo. Um garotinho tinha matado o pai com marteladas. Era o Drake, né? - pergunto.

- Você não parava de dizer o nome dele quando te acordei. - ela diz.

- Por que to sonhando com ele? - pergunto.

- Eu... Não sei. Desde o que aconteceu eu tenho pesadelos. Quase toda noite. - ela soluça.

Eu me sinto no dever de acolher minha mãe. Isso é muito triste, minha mãe foi muito guerreira de passar por tudo isso. Dou um grande abraço nela, daqueles bem apertados.

- Eu venho tentando esquecer esse passado mas é impossível. Depois eu fui pro orfanato mas fiquei pouco tempo lá. Eu já tinha feito 18 anos quando conheci o seu pai e a partir daí a minha vida melhorou. - ela diz ainda me abraçando.

- Já tinha 18 anos quando conheceu meu pai? - pergunto e ela concorda.

- Você me falou que tinha engravidado com 17 anos. Essa conta não bate. - eu digo confusa.
- Ah, eu tinha acabado de fazer 18, na verdade eu me confundo muito com essas coisas de idade. - ela responde.

- Depois disso sua vida melhorou? - pergunto, curiosa.

- Claro, você nasceu. E sem contar que a Lucy me ajudou muito. Tanto que somos amigas até hoje.

- Espero que minha amizade com a Kate dure tanto quanto a de vocês. - eu digo e ela faz uma cara de reprovação.

- E o vovô? - mudo de assunto.

- Ele morreu depois que nos mudamos pra Seattle. Eu nunca soube o motivo da morte, só me disseram que foi acidente de trabalho. - ela diz.

- Eu queria conhecer o dono dos meus olhos azuis. - brinco e minha mãe da um sorriso fraco.

- Eu te amo filha! - ela diz.

Antes que eu possa retribuir esse gesto de carinho uma voz chama atenção.

- Eu juro que não fui eu que fiz esse desenho. - Noah grita.

- Isso aqui é algo doentio! - meu pai grita ainda mais alto.

- O que é que está havendo? - minha mãe pergunta no corredor.

- O seu filho desenhou isto! - meu pai mostra o desenho(mídia).

Minha mãe arregala os olhos de uma forma que eu nunca vi ela fazer.

- Você fez isso? - pergunto.

- Não. Eu juro, eu nunca faria isso. - ele diz e posso ver nos seus olhos que ele diz a verdade.

- Ele não fez isso. - eu digo. - Deve haver algum mal entendido mas ele não fez isso.

Não sou muito de defender o meu irmão mas dessa vez não posso ignorar.

Esse desenho apesar de ser simples, me assusta. É claro que ele não teria coragem de desenhar isso.

- Se não foi você então quem foi? - meu pai pergunta olhando nos olhos do Noah.

- Eu... Não... Sei. - ele diz pausadamente com raiva em seus olhos. - E não adianta dizer que acredita em mim, por quê eu sei que não acredita. - ele diz entrando no quarto e meu pai o segue antes dele fechar a porta.

- Ainda bem que sabe. - meu pai diz e sai do quarto.

Sigo ele pela casa mesmo sabendo que ele não quer conversar agora.

- Pai. Eu sei que não foi ele. Geralmente eu não o defendo mas agora, você está sendo injusto com ele. - eu digo calma.

- Injusto? - ele pergunta sarcasticamente.

- Sim. Não acredito que ele tenha feito isso e ele disse que não. Ele pode ser uma peste as vezes mas eu sei que mentiroso ele não é. - eu confesso.

- Se não foi ele então quem foi? - ele pergunta.

- Eu sinceramente não sei. Talvez foi algum coleguinha com uma brincadeira de mal gosto. - sugiro.

- E se foi realmente ele? - meu pai pergunta.

- Eu não sei. Acho que você tem que conversar com ele, com CALMA - dou ênfase na palavra - por que se foi ele que fez esse desenho, deve ter alguma explicação lógica. - eu digo.

- Tem razão, filha. - ele se levanta e se aproxima de mim. - Você é meu anjo da guarda. Não sei o que seria sem você. - ele me abraça.

Um barulho de vidro se partindo nos assusta. O espelho que tem pendurado na parede agora está no chão e estilhaços de vidro pelo chão.

- Mais que porra! - meu pai diz. Se eu não estivesse tão assustada, eu riria da forma que o palavrão sai da boca dele.

Nenhuma palavra sai da minha boca, apenas saio correndo o mais rápido possível. Encontro minha mãe na cozinha, preocupação clara em seus olhos.
- Mãe, o papai precisa de saber da história. - eu estou impaciente e ando de um lado pro outro.

- Esquece isso. Vamos deixar o passado no passado. - ela diz tensa.

- Isso seria se o passado realmente estivesse no passado. - eu digo. - Esse espírito ou seja o que ele for ainda está aqui nos assombrando. - eu grito.

- Não seja boba. - ela diz.

- Não me chame de boba. Eu joguei o Ouija e aquela porra disse o meu nome. - eu digo ignorando o palavrão que sai da minha boca.

- E mais... Estava indo pra escola de ônibus e ouvi alguém falar que eu ia morrer. E quando eu fui na casa da Kate, aquele apartamento que era seu, bateu a porta sozinho. Eu fiquei presa lá e suas fotos caíram no chão do nada. - eu grito.

- O quê? - meu pai diz entrando na cozinha.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Where stories live. Discover now