O resto da aula correu bem. Fui pra casa lembrando que tinha psicóloga hoje.
- Ei, espera. - ouço alguém dizer. É Drake.
- Oi. - digo desviando o olhar.
- Você sabe o que disse hoje. - ele diz e sei em que ele se refere.
- O que? - finjo não saber.
- Disse que eu era seu amigo. - ele confessa.
- Disse? Acho que não. - minto.
- Sim. Você disse "Vocês são os melhores amigos" no plural. - ele diz.
- Não foi o que eu quis dizer. - confesso.
- Quando você vai perceber que eu não causo mal pra você? Reparou que tenho me afastado de você, nem no enterro do seu pai eu fui e mesmo assim você quase morreu. - ele diz.
Fico sem palavras, no fundo ele tem razão.
- Eu tenho que ir! - digo e acelero os meus passos.
Chego em casa e tomo um banho rápido e troco de roupa. Minha mãe já está pronta. Preferia ir sozinha mas minha mãe não confia em mim pra isso.
Chegamos no consultório cedo demais e ficamos esperando um pouco de tempo.
A doutora Livia abre a porta e me chama. Levanto e minha mãe vem junto mas é parada pela doutora.
- Desculpe. Ela entra sozinha. - a doutora diz.
Entro no consultório que está meio gelado por causa do ar condicionado.
- Olá! - ela diz radiante.
- Olá. - contribuo.
- Onde foi que paramos? - ela pergunta.
- Estava dizendo sobre meus pesadelos, eu acho. - digo meio confusa.
- A sim. Bem, teve mais pesadelos? - ela interroga.
- Também sonhei com um garotinho que penso que seria o Drake. Ele dava marteladas no pai. E depois vi o rosto do pai do Drake algumas vezes.
- Já se afastou desse Drake? - ela pergunta.
- Sim. Mas mesmo assim acontece as coisas. Eu quase morri na banheira. - confesso.
- Sério? E sua mãe sabe disso? - ela pergunta assustada.
- Não. Ela simplesmente não acredita em nada que eu falo. Eu prefiro não falar com ela sobre isso. Na verdade, eu acho que ela precisa de uma psicóloga. - digo.
- Realmente, ela não acredita em você, depois de todas essas coisas. Isso é estranho. - ela confessa.
- Nem te contei. Meu pai morreu. - confesso triste.
- Meus pêsames, eu sinto muito - ela diz - quando? - ela pergunta.
- Descobri no dia que vim aqui. - eu digo.
- Que pena. - ela diz. - como está se sentindo? - ela pergunta.
- Agora estou me acostumando mas sempre vai doer. - confesso. - Ainda por cima vi um garotinho no enterro, mas ele não tava lá. - confesso.
- E quem era esse garotinho? - ela pergunta.
- O Drake. - afirmo.
- Ele falou algo com você? - ela interroga.
- Não. Só ficou assustado quando minha mãe se aproximou. Até agora penso sobre isso. Por que ele se assustou com a minha mãe. - afirmo.
- Acho que vou ter que conversar com sua mãe. Talvez ela precise da minha ajuda. - a doutora diz.
- Também acho que ela precise. - confesso.
- E também vou pesquisar mais sobre o caso do Drake. - ela diz. - Por hoje é só. - ela completa.
- Até semana que vem. - digo com um pequeno sorriso.
- Até! - ela diz e dá um aceno com a mão.
Abro a porta e minha mãe está inquieta na poltrona de espera. Ela me dá um olhar e logo se levanta.
- Vamos. Precisamos conversar. - ela diz e eu fico curiosa.
- Sobre o quê? - pergunto.
- Em casa te falo. - ela afirma e me deixa ainda mais curiosa.
Quanto mais curiosa eu fico mais o caminho até em casa demora. Estou impaciente. O que será que minha mãe quer conversar?
Não estou nervosa, só curiosa. Finalmente chegamos em casa, e fui direta com minha mãe.
- Então, sobre o que quer falar? - pergunto.
- Agora que seu pai morreu, precisamos de nos sustentar. Eu vou a Washington ver uma proposta de emprego, mas você vai ter que ficar. Vai ficar bem sozinha. - ela diz.
- Não mãe. Não posso. Eu... - digo nervosa.
- Já está bem grande. Pode se cuidar. Vou amanhã de manhã. - ela diz.
- Mãe. Por favor. Eu não posso ficar aqui sozinha. Não vou conseguir. - eu imploro.
- Tem que aprender a se virar sozinha. Não vai ser tão ruim. - ela diz.
Entro no quarto e me tranco. Eu não quero ficar sozinha com essas coisas que tão acontecendo comigo. Eu não vou ter nenhuma proteção.
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O Apartamento 202/ #Wattys2016
HorrorBia e sua família muda para um apartamento comum, mas coisas estranhas começam a acontecer depois que Bia começa uma amizade com seu vizinho do apartamento 202.