Capítulo 15

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O resto da aula correu bem. Fui pra casa lembrando que tinha psicóloga hoje.

- Ei, espera. - ouço alguém dizer. É Drake.

- Oi. - digo desviando o olhar.

- Você sabe o que disse hoje. - ele diz e sei em que ele se refere.

- O que? - finjo não saber.

- Disse que eu era seu amigo. - ele confessa.

- Disse? Acho que não. - minto.

- Sim. Você disse "Vocês são os melhores amigos" no plural. - ele diz.

- Não foi o que eu quis dizer. - confesso.

- Quando você vai perceber que eu não causo mal pra você? Reparou que tenho me afastado de você, nem no enterro do seu pai eu fui e mesmo assim você quase morreu. - ele diz.

Fico sem palavras, no fundo ele tem razão.

- Eu tenho que ir! - digo e acelero os meus passos.

Chego em casa e tomo um banho rápido e troco de roupa. Minha mãe já está pronta. Preferia ir sozinha mas minha mãe não confia em mim pra isso.

Chegamos no consultório cedo demais e ficamos esperando um pouco de tempo.

A doutora Livia abre a porta e me chama. Levanto e minha mãe vem junto mas é parada pela doutora.

- Desculpe. Ela entra sozinha. - a doutora diz.

Entro no consultório que está meio gelado por causa do ar condicionado.

- Olá! - ela diz radiante.

- Olá. - contribuo.

- Onde foi que paramos? - ela pergunta.

- Estava dizendo sobre meus pesadelos, eu acho. - digo meio confusa.

- A sim. Bem, teve mais pesadelos? - ela interroga.

- Também sonhei com um garotinho que penso que seria o Drake. Ele dava marteladas no pai. E depois vi o rosto do pai do Drake algumas vezes.

- Já se afastou desse Drake? - ela pergunta.

- Sim. Mas mesmo assim acontece as coisas. Eu quase morri na banheira. - confesso.

- Sério? E sua mãe sabe disso? - ela pergunta assustada.

- Não. Ela simplesmente não acredita em nada que eu falo. Eu prefiro não falar com ela sobre isso. Na verdade, eu acho que ela precisa de uma psicóloga. - digo.

- Realmente, ela não acredita em você, depois de todas essas coisas. Isso é estranho. - ela confessa.

- Nem te contei. Meu pai morreu. - confesso triste.

- Meus pêsames, eu sinto muito - ela diz - quando? - ela pergunta.

- Descobri no dia que vim aqui. - eu digo.

- Que pena. - ela diz. - como está se sentindo? - ela pergunta.

- Agora estou me acostumando mas sempre vai doer. - confesso. - Ainda por cima vi um garotinho no enterro, mas ele não tava lá. - confesso.

- E quem era esse garotinho? - ela pergunta.

- O Drake. - afirmo.

- Ele falou algo com você? - ela interroga.

- Não. Só ficou assustado quando minha mãe se aproximou. Até agora penso sobre isso. Por que ele se assustou com a minha mãe. - afirmo.

- Acho que vou ter que conversar com sua mãe. Talvez ela precise da minha ajuda. - a doutora diz.

- Também acho que ela precise. - confesso.

- E também vou pesquisar mais sobre o caso do Drake. - ela diz. - Por hoje é só. - ela completa.

- Até semana que vem. - digo com um pequeno sorriso.

- Até! - ela diz e dá um aceno com a mão.

Abro a porta e minha mãe está inquieta na poltrona de espera. Ela me dá um olhar e logo se levanta.

- Vamos. Precisamos conversar. - ela diz e eu fico curiosa.

- Sobre o quê? - pergunto.

- Em casa te falo. - ela afirma e me deixa ainda mais curiosa.

Quanto mais curiosa eu fico mais o caminho até em casa demora. Estou impaciente. O que será que minha mãe quer conversar?

Não estou nervosa, só curiosa. Finalmente chegamos em casa, e fui direta com minha mãe.

- Então, sobre o que quer falar? - pergunto.

- Agora que seu pai morreu, precisamos de nos sustentar. Eu vou a Washington ver uma proposta de emprego, mas você vai ter que ficar. Vai ficar bem sozinha. - ela diz.

- Não mãe. Não posso. Eu... - digo nervosa.

- Já está bem grande. Pode se cuidar. Vou amanhã de manhã. - ela diz.

- Mãe. Por favor. Eu não posso ficar aqui sozinha. Não vou conseguir. - eu imploro.

- Tem que aprender a se virar sozinha. Não vai ser tão ruim. - ela diz.

Entro no quarto e me tranco. Eu não quero ficar sozinha com essas coisas que tão acontecendo comigo. Eu não vou ter nenhuma proteção.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Where stories live. Discover now