Capítulo 12

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No caminho pra casa minha mãe me interroga.

- Então, sobre o que falaram? - ela pergunta.

- Nada de mais. - afirmo.

- Diga. - ela fala.

- Gosto da psicóloga, ela é bem simpática. - mudo de assunto.

- Espero que resolva seus problemas, estou pagando caro por ela. - minha mãe diz de cara emburrada.

- Está pagando por que quer, eu não te pedi nada. - digo.

- Olha o jeito que fala comigo.

Chegamos no apartamento e tem um homem a nossa espera. Fico curiosa pra saber o que ele quer.

Ele é alto e está vestindo um terno preto. Sua cara não é muito boa, o que me deixa ainda mais curiosa.

Ele olha pra minha mãe.

- Senhora, é muito ruim a notícia que tenho que dar. Seu marido morreu. - ele lamenta.

Meu mundo desaba com a notícia. As lágrimas caem dos meus olhos e não param mais. Sinto uma fraqueza nas pernas e uma vontade de gritar.

- Não pode ser. Não. - eu grito.

- Infelismente sim. Não sabemos ao certo a causa, mas achamos que tenha sido um infarto. - ele diz.

Minha mãe está séria, sem um pingo de lágrimas nos olhos, mas acho que ela só quer fingir que é forte, mas por dentro é tão frágil como estou.

Corro pro meu quarto e enfio minha cara no travesseiro desabando em lágrimas. Grito de raiva e de tristeza. Não consigo acreditar, no que acabei de ouvir.

Meu pai morreu.

Como se minha vida já não tivesse uma merda agora sim estou no fundo do poço.

A vontade que sinto é de me matar, mas sei que se estivesse vivo não ia gostar que eu pensasse assim.

Minha mãe bate na porta mas eu ignoro. Não quero falar com ela agora, talvez amanhã. Por hoje vou passar o resto do dia trancada aqui, sem comer e beber.

Acabo pegando no cochilo e acordo com o toque do meu celular. Mensagem de Lucy.

*Por que não foi pra escola?*

Ignoro a mensagem. Estou com fome e sei não ia comer nada,mas é mais forte do que eu.

Abro a porta e minha mãe está na cozinha.

- Resolveu sair do quarto. - ela diz.

- Sim. Estou com fome. - digo.

- Não fique pra baixo. A gente se vira sem ele. Também já passei por muito nessa vida e com o tempo você se acostuma.

- Não, mãe. Não vou me acostumar. Vai me dizer que não tá triste. - pergunto.

- Vai sim, com o tempo. - ela faz uma pausa - tem comida, é só botar no microondas. - ela muda de assunto.

- Tudo bem. - digo.

- O enterro é amanhã, bem cedo.  - ela diz e sai da cozinha.

Eu no sei como vou agir amanhã no enterro do meu pai. Muitas lágrimas vão cair e eu não estou preparada pra isso.

Minha mãe fica no sofá lendo um livro, com uma aparência calma. Fico encarando ela por uns minutos.

Vou pro meu quarto e encaro meu celular de novo. Vejo a mensagem de Lucy e decido responder.

*Meu pai morreu*

Espero alguns minutos e ela me responde.

*Poxa, Bia, que triste. Meu pêsames!*

*Ta tudo bem. O enterro vai ser amanhã.*

*Tudo bem mesmo?* ela pergunta.

*Não*

Uma lágrima escorre o meu rosto e eu não consigo evitar.

Logo o sono volta e eu fico contente de saber que vou conseguir dormir nesta noite.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde as histórias ganham vida. Descobre agora