CAPÍTULO 7 - LARA

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Toda vez que o amor disser 'vem comigo'

Vai sem medo de se arrepender.

(Chuva de Prata - Roupa Nova)

Guilherme dá a partida no carro e segue em direção ao centro da cidade. Não posso deixar de observar que ele dirige bem. Ele não é um daqueles caras que corre demais e freia em cima da hora. Na verdade, ele é tranquilo até demais. Isso me faz pensar que provavelmente esse acidente era para ter acontecido mesmo. Ao menos uma coisa proveitosa nisso tudo: conheci uma pessoa boa.

Enquanto estamos em silêncio, começo a pensar em como Guilherme entrou do nada em minha vida. Em tão pouco tempo, ele conquistou minha confiança e chego a sentir sua falta quando não está por perto. Ele parece ser um bom amigo.

― Vamos alimentar você e depois vou te levar em um lugar bem legal.

Acho graça da forma que ele fala. Me sinto um bichinho de estimação, mas Guilherme parece não ter percebido.

― Você não tem que trabalhar hoje? ― pergunto a ele.

― Está me chamando de à toa? ― ele brinca.

― Imagina!

― Viajei no domingo, voltei segunda e adiantei as coisas que tinha para fazer hoje. Então estou totalmente tranquilo.

Guilherme entra no drive thru de uma rede de fast-food e pede:

― Um sanduíche. O maior que você tiver aí. Batata frita, dois refrigerantes e dois milk-shakes de ... chocolate, Lara?

― Pode ser.

― Pode ser? Acho que não tem desse sabor. Tem chocolate, morango, banana...

― Chocolate está ótimo ― respondo rindo.

― Dois milk-shakes de chocolate.

― "O maior sanduíche que você tiver aí?" ― Pergunto.

― Sim. Você precisa se alimentar bem para se recuperar mais rápido.

― Às vezes, você parece aquela bruxa do conto João e Maria. Tenho a impressão de que você quer me engordar.

Guilherme sorri da piada enquanto balança a cabeça negativamente e passa a mão no cabelo. Já notei que é um gesto que ele costuma fazer, muito charmoso por sinal.

A atendente entrega a ele os pedidos e ele pede que eu segure.

― Agora vamos a um lugar no qual você possa ver gente e comer. ― Ele pisca e só consigo responder com um sorriso nervoso enquanto tento controlar o frio que sinto dentro do estômago. Acho que é inverno na minha barriga.

Guilherme continua dirigindo e logo percebo para onde estamos indo.

Há uma área verde no centro da cidade, um parque com grande lago rodeado de bancos e árvores. É um local muito bonito e, por estar localizado no centro, muitas pessoas vão até lá no horário de almoço recuperar as energias para a próxima parte do dia.

Aos fins de tarde, a pista ao redor do lago fica repleta de pessoas fazendo caminhada e é possível ver todo tipo de gente: idosos, crianças, jovens, casais namorando...

Logo que nos aproximamos, Guilherme procura estacionamento em uma área incomum para mim. Já vim aqui algumas vezes, mas sempre costumo me sentar nos mesmos lugares, nos bancos mais centralizados.

Dois PassosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora