Até já Portugal, Hi Toronto

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Acabei de chegar ao Canadá, mais propriamente a Toronto. É um ambiente estranho aqui. É uma sensação estranha. Acabada de chegar à América do Norte, e no entanto só penso em Portugal. Só penso em Lisboa, só penso no sol da capital, só penso na minha família, nos meus melhores amigos. Tenho saudades. Saudades de tudo isso. Saudades dos passeios pela linda cidade de Lisboa, dos ralhetes do meu pai, dos carinhos da minha mãe, dos atrofios com a Lara, o Francisco e a Teresa. Acho que até sinto falta da faculdade. Agora que sou formada, agora que tenho uma vida inteira pela frente, agora que pretendo traçar o meu futuro, decidi começar pelo Canadá.
Sou uma jovem adulta, licenciada em Turismo, habituada ao sol e às praias do Estoril, que decidiu partir para ares mais frios. Decidi arriscar. Arriscar num país que não conheço, totalmente diferente da minha terra natal. Apenas conheço a cultura, e sinceramente é um país que me atrai. Irei fazer um estágio em Toronto num hotel famoso da cidade, durante quase dois meses. Se quiser, poderei optar por continar na capital do Canadá, decisão que ainda não tomei, como é óbvio.
Acabei mesmo agora de sair do aeroporto, rumo ao hotel onde ficarei hospedada, pago pela universidade, por estar a fazer o estágio. Neste momento, só quero mesmo o repouso, o descanso, mais que merecido, e recuperar as energias no hotel, depois de uma longa e atribulada viagem, que me deixou, no mínimo, exausta.
Com muito esforço, só sai do meu quarto de hotel, na manhã seguinte. Dirigi-me a uma cafeteria ao fundo da rua. Era simples, modesta, frequentada por estudantes apaixonados ou pobres em ínicio de carreira. O empregado de mesa, um velhote com alguma idade mas desembaraçado e ágil, serve-me com sorrisos amarelos um café e um bolo. À saida, comprei um maço de tabaco, paguei tudo e saí. Saí ainda cansada do voo. Como a cafeteria se localizava também numa esquina, ao sair choquei com um rapaz que caminhava distraído. Era alto, muito branco, cara bonita. Cabelos castanhos, olhos castanhos. Fiquei à espera que pedisse desculpa pela sua distração. Contudo, surpreendentemente, afirmou, meio irritado:
- Ei ! Então !?! Vê por onde andas miúda !
Fiquei escarlate de raiva e de surpresa, mas o meu caractér não permitia que deixasse aquele mal-educado sem resposta. Assim, repliquei:
- É preciso ter muita lata ! Isso é o que eu te digo a ti !
O rapaz decidiu não continuar a discussão que não iria levar a lado nenhum, e continuou o seu caminho, andando rua abaixo. Eu ainda estava atónita com a situação, e pensei para comigo como estava a começar bem esta experiência. Refletindo assim, continuei a observar aquele rapaz. Tinha o andar pesado, como mal-humorado, e caminhava com pressa para o seu destino.

A Viagem Pelas Profundezas Da Minha AlmaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora