Capítulo 1

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            Escuto o burburinho dentro da minha sala, no fundo da loja. Olho o relógio do computador e me assusto com o horário, nem reparei que o tempo voou. Me levanto e vou em direção à porta. Essas conversas todas tem uma razão,alguns chamam de Luiz Lavorini, já eu, chamo de pai.

No momento em que eu saio para a parte da loja, sou atropelada por um abraço de urso que não consigo nem respirar de tão prensada que eu estou. Mas não faço questão nenhuma de me afastar dele. O cheiro, beijos e carinho me remetem a épocas nostálgicas tão boas, que eu fico com saudade, milésimos de segundos depois que eles acabam.

– Oi, pai! – Digo baixinho para ele que me abraça mais forte ainda.

Tenho vinte e quatro anos, moro sozinha desde os dezoito, mas nunca vou me cansar de abraçar o meu pai.

– Eu estava morrendo de saudades, filha.

Quem vê, diz que ainda temos o oceano nos dividindo e só nos vemos poucas vezes e não que todos os meses eu vou bater cartão lá em casa, sem contar quando eles veem para cá, como hoje.

– Eu também.

Meu pai me solta e me encara com um sorriso gigante no rosto. Nossos olhos, com a mesma tonalidade se fixam e eu não deixo de sorrir junto. É altamente clichê dizer que a felicidade dos outros nos faz feliz, mas nesse caso é a pura verdade.

Depois de anos, poder ver esse brilho nos olhos dele, é o que me recompensa todos os dias.

Como todo o bom emotivo, os olhos dele marejam e ele não faz questão nenhuma de esconder isso. Principalmente quando eu também faço isso. Recebo mais uns milhares de beijos e abraços até alguém limpar a garganta ao fundo.

– Bom saber que a minha presença foi ignorada com sucesso. – Sorrio ao sair de trás do meu véio e ver a Carla, a namorada de vinte e seis anos do meu pai.

Sim, apenas dois anos mais velha que eu. E cá entre nós, a única pessoa no mundo que consegue aguentar ele além de mim.

– Oi, Carla! – Me atiro em um abraço apertado nela e um certo ciumento não perde a oportunidade de se juntar a nós em um abraço coletivo.

– Meus dois amores juntos. – Meu pai beija a minha cabeça e depois a da Carla.

Não sei se em todos os casos os meios justificam os fins, mas nessa situação, com toda a certeza que justificou.

Puxo os dois para a minha sala, já que estamos fazendo uma pequena cena para os funcionários, mesmo eles já conhecendo o meu pai, e clientes que estão aqui.

– Pensei que vocês iam me esperar em casa. – Digo logo após fechar a porta.

Carla olha para mim e dá os ombros.

– Não conhece a figura, – ela aponta para o meu pai que sentou no sofá. – Não ia aguentar te esperar até não sei que horas. E o Diego não estava em casa.

– Era isso ou achar alguma coisa para fazer lá no teu apartamento. – Vejo o sorriso dele, a Carla revirar os olhos e a minha ânsia de vômito me subir.

Eu aguento os dois há quase dois anos juntos e nunca vou ficar normal quando escuto ele falando essas besteiras. Mesmo eu sabendo que é para me incomodar ao extremo. Ele nunca perde essa oportunidade, e ainda ri na minha cara, como agora.

Luiza DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora